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sábado, 27 de abril de 2013

A DÍVIDA EXTERNA

Gravura (parcial) publicada pelo Jornal "A Comédia Portuguesa" de 2 de Junho de 1902 

É breve e ficcional explicação da gravura.
Em 1902, dez anos após a bancarrota a dívida externa de Portugal prefigurada na matrona bolachuda, entrou pela porta de Portugal, bem estreita como se pode ver e exigiu à Política portuguesa - bem magrinha e de barrete enfiado - o pagamento da dívida, enquanto atrás, dois figurões que personificam todo o rol de desleixados que permitiram o vexame de 1892, erguem candidamente as mãos, parecendo dizer: nós não temos nada com isso!
Mas, como sempre acontece, há homens de vergonha na cara que tomam para si as dores que outros causaram, como aconteceu com o empresário António Maria Pereira Carrilho que conseguiu negociar em Paris em 25 de Março de 1902 um acordo com os credores estrangeiros quanto ao pagamento da dívida externa portuguesa.
O que está a acontecer, hoje?
A mesma dívida, quanto à forma mas diferente no conteúdo e a dilatação do prazo, dada a mesma fragilidade económica.
A Troika - a matrona da gravura - vem, agora, de três em três meses verificar o estado em que o Governo está a cumprir o empréstimo de 2011 e entra - portas adentro - com o mesmo à vontade com que entrou em 1902, com a arrogância que costumam ter os donos do dinheiro, exigindo à Política magrinha que temos e que no momento é sustentada pelo acordo PSD-CDS, o cumprimento do acordo que temos negociado pelo PS,  que na gravura - pelos modos que se têm visto -  pode ser representado pelos dois figurões colocados atrás, porque, a pouco e pouco, apresentando as suas razões se tem afastado do acordo, parecendo até, não dizer, mas balbuciar  o mesmo estribilho: nós não temos nada com isso... - já não é o nosso acordo - quando, na realidade, têm culpas, porque foi durante o seu governo que chegámos à pré-bancarrota.
Ou, as palavras do então Ministro das Finanças já foram esquecidas?
Bem sei que deveriam ter tido outro tratamento... mas, às vezes é tão culpado o quezilento como o quezilado, mas colocar-se, agora, atrás das sua responsabilidades num momento em que as dificuldades e, até, alguma fome que se sente em Portugal  - o põem à frente nas eleições de voto do povo, o que é natural - é um modo obcuro de fazer política... mas esse, infelizmente é um mal atávico que tem existido em Portuga, como se fosse um fruto sazonado mas azedo pela falta de cultura ética e moral que urge - só não se sabe quando - pôr a render para bem do velho povo que somos.


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