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quarta-feira, 17 de abril de 2013


PORTUGAL PERDEU OS PÉS 

Gravura (parcial) publicada pelo Jornal Riso Mundial de 29 de Julho de 1947
Como se vê, a gravura não representa um Zé Povinho qualquer, mas a imagem de alguém da classe média alta, de bengala, fraque e cartola, que na altura (Março de 1947) já tinha perdido os pés, num tempo em que uma das lutas se situava entre republicanos e monárquicos tendente à restauração da Monarquia, onde uma parte perdeu os pés e a outra parte, se os não perdeu, porque ganhou a luta, jamais soube caminhar de cabeça erguida.
Hoje, essa luta - que ninguém duvide - não acabou, porque a República ao criar o Chefe do Estado, fez que este se comporte como os velhos Reis, sobretudo os que lideraram do ponto de vista do Estado a vida nacional no século XIX, em que o Romantismo pediu meças ao Iluminismo para distorcer a moral e os costumes que foram capazes de criar homens bons, que de modo algum mereceram ter perdido os pés.
Mas, não é por isso - ou só por causa disso -  que Portugal está como o vemos.
O que acontece é que, por causa de não termos sabido cuidar das Instituições e de as fazer respeitar na libertinagem em que deixámos transformar a grande riqueza da Liberdade, não há, hoje, respeito por nada e ninguém, um facto que começa na Escola onde se aboliu a Moral - que tal como era dada era obsoleta, convenhamos - mas sem a termos substituído pela Ética e pelo Civismo que devia ser, e não é, o fautor mais válido de um republicanismo que matou o Rei, e um Chefe de Estado - como Sidónio Pais - sem, contudo, ter encontrado caminhos em que, o povo mais simples e o mais letrado pudessem andar de pés no chão, e não como agora acontece, em que Portugal perdeu os pés, sem saber ao certo quando lhe vai ser possível caminhar de costas direitas.
É aqui que bate o ponto, mas tão de leve, que os actores - que somos todos nós - não  conseguimos ouvir as vozes mais concertadas pela barafunda que vai acesa, como acontece na Casa da Democracia como alguns chamam ao Parlamento, onde as vozes dos antigos tribunos há muito se deixaram de ouvir e os novos, porque soam a falso, há muito perderam os modos de pôr Portugal a caminhar com os pés em cima de um caminho que vai faltando, mesmo àqueles que, como representa a gravura, pertencem à classe mais alta de uma sociedade aturdida por aquilo que lhe está a acontecer.
Que não restem dúvidas: Portugal, mais uma vez, perdeu os pés.
Até quando?

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