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quarta-feira, 24 de abril de 2013


UM NOVO DIA 25 DE ABRIL


Foi bonito de ver!
O povo misturou-se com os soldados da Revolução cantando com eles  a "Grândola Vila Morena" - a autêntica, imortalizada por Zeca Afonso - e não aquela que tem aparecido recentemente, maltratando o grito de liberdade que então se viveu, vaiando com essa letra e música de eleição governantes que têm o "defeito" de não contentar os que  vêem de soslaio o que tem de ser visto de frente, tendo em conta as dificuldades económicas que atravessamos.
Mas, uma coisa fica de pé:  o que aconteceu no dia 25 de Abril de 1974, foi um momento único e quem o viveu jamais o esquecerá.
Portugal vivia, então, às arrecuas do tempo e dos gritos de independência que grassavam a coberto do direito internacional nas colónias do seu vasto Império, mas tinha uma certeza: logo que abrisse mão em manter intactas as possessões ultramarinas os povos autóctones iriam ser subjugados pelos totalitarismos que cobiçavam a situação estratégica e as riquezas das suas colónias, como acontecia com Angola.
Foi o que sucedeu.
Uma esquerda aguerrida substituiu a dominação portuguesa com o beneplácito do povo anónimo e de responsáveis civis e militares.
A Metrópole escapou à onda totalitária que atravessou o tempo entre Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975, porque o Partido Comunista Português - uma mão longa que se estendia desde a Rússia - e outras forças políticas do mesmo cariz foram contidas de imporem uma nova ditadura.
Esta é a verdade histórica.
Lembrar isto no tempo que vai assinalar um marco recente da História Nacional serve para refrescar a memória e lembrar que em 26 de Novembro de 1975 - em complemento do que fora feito no dia anterior - uma força dos Comandos da Amadora ligada aos moderados atacou o Regimento da Polícia Militar, na Ajuda, uma unidade militar próxima das forças da esquerda revolucionária, de que resultou, após a rendição, 3 mortos, uma prova que a "Revolução dos Cravos" como lhe chamam alguns, candidamente, teve as suas vítimas e não foi tudo um mar de rosas.
Neste período - de Abri 74 a Novembro 75 - convém lembrar homens como: no plano militar o general Ramalho Eanes e o coronel Jaime Neves e no civil o Dr. Mário Soares, cujas acções foram definitivas para a defesa da Liberdade. É, por isso, lamentável que no festejo da data se vá notar a ausência desta última personagem que foi uma importante figura da liberdade conquistada, repetindo com o gesto a falta do ano passado.
Terá as suas razões, mas a falta tem, certamente, a leitura de não estar de acordo com o actual Governo e a situação criada, onde também lhe cabem culpas, pelo que não deixa de ser difícil de entender a sua falta, porquanto, em 1977 e 1983, pela sua mão o FMI aterrou em Portugal no tempo que era Primeiro-Ministro.
O governo actual está a cumprir um mandato democrático e não um qualquer totalitarismo, daqueles que o Dr. Mário Soares combateu e contra o qual ganhou uma batalha que não está completamente ganha, porque se ganhamos a liberdade não soubemos ganhar a independência económica, algo que no seu tempo, também aconteceu.
Lembrar isto é um dever de cidadania.
Como é, dar o benefício da dúvida aos actuais governantes e declarar que se a data do 25 de Abril está hoje nublada, as culpas - a havê-las - não lhes cabem de todo porque eram jovens em 74, devendo estas procurar-se nos mais velhos que foram incapazes de criar um Portugal diferente do que temos no tempo que passa.
Digo, portanto, que reprovo a atitude do Dr. Mário Soares por quem não nutro, hoje, a simpatia de outrora.
Mas não posso, nem devo esquecer o seu passado.

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