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domingo, 30 de junho de 2013

14º Domingo do Tempo Comum - Ano "C" 7 de Julho de 2013


Depois disso, designou o Senhor ainda setenta e dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante de si, por todas as cidades e lugares para onde ele tinha de ir.  Disse-lhes: Grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe. Ide; eis que vos envio como cordeiros entre lobos. Não leveis bolsa nem mochila, nem calçado e a ninguém saudeis pelo caminho.  Em toda casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa! Se ali houver algum homem pacífico, repousará sobre ele a vossa paz; mas, se não houver, ela tornará para vós. Permanecei na mesma casa, comei e bebei do que eles tiverem, pois o operário é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que se vos servir. Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo. (Lc 10, 1-9)

  
Senhor Jesus: 
aqueles que enviaste
não eram apóstolos
Eram, simplesmente, operários
sem grande entendimento
mas dignos para poderem ceifar
na Tua messe.
E, assim,
desde aquele dia, pela Tua mão,
os leigos entraram no Campo de Deus
e a missão do Reino que anunciaste
passou, também, a ser deles.

Obrigado, Senhor, por me teres escolhido.
Que eu seja o ceifeiro prudente
por entre os lobos da messe
e, com esse propósito manda outros mais
que o campo é grande
e são poucos os operários.

Por mim, Senhor, já sabes:
tomei o cajado de peregrino
e aceitei o desafio.
Vou como posso e sei
onde me parece que há ceifa por fazer.
Não Te peço outro salário
que não seja o do pão que me dás
todos os dias e me parece justo,
como disseste.

 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Nem semprte a união faz a força!




Gravura publicada pelo jornal "A Chama" de 6 de Janeiro de 1962

Claro que esta gravura é antiquada e cheira a Estado Novo.
Efectivamente, sem sombra de qualquer dúvida é aquele tempo que ela exalta, mostrando à evidência o ideário do regime vigente, que apesar de ditatorial tinha da Pátria uma ideia que se perdeu, pese embora o colete de forças que se vivia e em que a "União" em volta de um chefe se tinha algo de errado, politicamente, tinha a virtude de erguer bem alto o amor à Pátria antiga, nascida para a História dos povos nos velhos campos de Ourique.
Não nego, que o emblema "A União Faz a Força" era um modo baixo de à força, de qualquer jeito, se querer uma "União" que nunca existiu, nem podia, porque nem sempre a união faz a força.
Isto serve de prólogo à "greve geral" do passado dia 27 de Junho.
Manda a verdade dizer que os  "piquetes de greve" que tentaram - e conseguiram aqui e ali - não deixar trabalhar quem o queria fazer,  imitaram perfeitamente o lema inscrito no dístico do Estado Novo: "A União Faz a Força", de que "o povo unido nunca mais será vencido" é uma cópia mal feita, ou seja, que um tema emblemático que foi beber nas teorias de  Mussolini deu aso a que, um outro - bem parecido nos fins a atingir - se tivesse inspirado nas teorias de Lenine.
Mistérios que a História tece... ou talvez, não!
Resultou daqui, e foi lamentável, que se tenha querido proibir trabalhar quem o queria fazer no vão intento de conseguirem uma "greve geral" - que nunca existiu nem existirá - mas foi com esse fim que foi possível a tentação - forçada e ditatorial -  de arredar do trabalho os que o queriam ter feito ao sentarem-se unidos e estabelecendo uma força defronte dos autocarros cujos motoristas queriam servir o povo, algo que os "comandantes" grevistas da CGTP e UGT, pensando que o servem, no estado em que estamos, em cada greve afundam mais o País.
Nem sempre, porém,  a "A União Faz a Força" e os "comandantes" grevistas ao quererem copiar o Estado Novo tentaram cumprir a lei da força que o Estado de então queria ver  e não viu  instaurada em todos os portugueses, tal como os grevistas - ou os seus Partidos se um dia forem governo, ainda que unidos, nunca hão-de ver -  por mais que gritem, pois nunca terão a união de todos, razão que nos leva a dizer que a liberdade de que enchem a boca morreu sem honra nem glória  junto aos "piquetes de greve" pelo facto de se ter visto - mais uma vez -  que a "liberdade" deles devia acabar, e não acabou, quando havia outros que não queriam seguir a "cartilha deles".
Mas, pelos vistos, "A União Faz a Força" - como quis o Estado Novo -  teria imperado se a autoridade não tivesse cortado a força deles, o que se aplaude, mas se lamenta que tais factos tivessem acontecido, porquanto, os que se sentaram para boicotar a saída dos motoristas que queriam trabalhar, não se aperceberam, ainda, que alguns dos sindicalistas  que temos, defendem menos os trabalhadores e, mais, algumas corporações profissionais de que os professores são um mau exemplo.
Foi lastimável, por este motivo, que a UGT se tenha aliado à CGPT.

sábado, 22 de junho de 2013

Os "abortos" políticos



Gravura publicada na revista "A Paródia de 14 de Maio de 1902
Em 25 de Março de 1902 o empresário lisboeta António Maria Pereira Carrilho conseguiu com o seu peso económico negociar em Paris um acordo com os credores com quem estávamos endividados, enquanto no Parlamento não cessavam as tricas políticas com os progressistas de José Dias Ferreira a atacar o então governo regenerador de Hintze Ribeiro, a propósito de nomeações ilegais, com este a replicar com idênticas nomeações feitas no anterior governo, e a par de tudo isto, fervilhavam boatos insistentes sobre a corrupção, intercalados com manifestações e acções semelhantes, enquanto a Nação endividada se prefigurava "NO PAIS DOS ABORTOS" no dizer do sagaz e contundente caricaturista.
 Era, com efeito, uma Nação grávida de maus tratos políticos como se diz no rodapé da gravura, e sem esperança de assistir ao nascimento de um "filho" valoroso" olhava com alguma tristeza para o seu "estado interessante"... mas dele... infelizmente,  "esperava por um novo aborto".

E agora?
Não me atrevo a chamar Portugal como se estivéssemos "NO PAÍS DOS ABORTOS", politicamente falando,  mas que "ABORTOS" desses - de vez em quando - não têm faltado nos últimos tempos, é uma verdade.
Enquanto uns, os que estão no actual governo imitam como podem - e sabem - o antigo e rico comerciante Carrilho na senda internacional negociando com os credores o melhor que lhes é permitido fazer a monumental dívida que nos afoga, no Parlamento o que vemos são escaramuças sem sentido - como se Portugal atravessasse um tempo normal - com uns (BE e PCP) a não querer pagar a dívida como foi contratada ou renegociá-la como se isso fosse permitido a quem não cumpre como eles desejam e outros, neste caso, o PS - cheio de culpas por seis anos de descalabro -  a fazer uma política ambivalente de duas caras fingidas que faz pena ver, por configurar o velho axioma: não ser carne nem peixe... porquanto, uma é para consumo interno fincada no "bota abaixo" a pedir um novo governo  e a outra para consumo externo, mais apaziguadora e compreensivelmente, mais consentânea com a triste realidade que nos cerca e que o PS bem conhece, por ter ajudado a ser origem e causa.
Entretanto, o País está "grávido",  isto é, de barriga cheia de  greves, manifestações com cartazes de mau gosto e malcriados, representações de reivindicações impossíveis de cumprir por um País  á beira da falência técnica e mensagens em jornais e na TV - como se vivêssemos num período normal de fartura económica e não num estado em que,  o que virá a seguir neste "parto" difícil a que vamos esta sujeitos, se receia vir a ser, possivelmente, o nascimento de um novo "ABORTO", com a pressa que se quer chegar ao poder, podendo por isso, e com muitas probabilidades de inêxito, o "parto" político não resultar para bem da grei.
Paremos para pensar.
Sobretudo, os que ainda pensam em Portugal que não pode ser um qualquer cartaz para emoldurar  um comício, mas um território onde vive gente que ama a torrão onde nasceu e, agora, tomou consciência que vai ter um "parto" difícil.
Por isso, já chega de jogadas sujas e, em seu lugar há que jogar limpo e pôr de lado - sem os excluir - todos os que não querem entrar no jogo de verdade social e económica que nos cumpre fazer, de tal forma que o "filho" que vai nascer desta "gravidez" seja, finalmente, o que merecemos e andamos à procura há tanto tempo, porque estamos fartos de "ABORTOS" políticos... que, pelos vistos, já nascem há séculos neste velho País.
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Nota: Os dados históricos constam do "site" do Prof. Dr. José Adelino Maltês, a quem muito agradecemos.


quinta-feira, 20 de junho de 2013

13º Domingo do Tempo Comum - Ano "C" 30 de Junho de 2013

Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem. Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?». Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os. E seguiram para outra povoação. Pelo caminho, alguém disse a Jesus: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm as suas tocas, e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça». Depois disse a outro: «Segue-Me». Ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». Disse-lhe Jesus: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus». Disse-Lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família». Jesus respondeu-lhe:«Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus».(Lc 9 51-62)

Senhor,
estás sempre a Caminho de algo
ou de alguma coisa.
Naquele tempo mandaste mensageiros
e, eles, solícitos,
entraram numa terra inóspita, adversa
à Tua Mensagem...
e fecharam-se todas as portas
em terras da Samaria,
prefigurando aquela atitude
a oposição do Mundo futuro,
porque,
apesar de se terem mudado os tempos,
vê, Senhor, como tantas portas
continuam a fechar-se aos que envias!

Senhor, apesar de tudo,
como aquele "alguém"
de nos fala a Tua Palavra,
quero seguir-Te... mas, o problema...
o grande problema, é que antes,
tenho tanto que fazer!

Peço-Te, Senhor,
um pouco mais de paciência...
mas crê, ando à procura
a ver se encontro o modo de pôr os meus pés
na peugada dos Teus.
E, depois, ir Contigo sem olhar para trás...
- nunca mais!


A moral das coisas



Os costumes, cuja excelência torna o governo quase inútil e cuja corrupção o torna quase impossível 
Tocqueville , Charles    

Se os teus princípios morais te deixam triste, podes estar certo de que estão errados
Fonte: "Across the Plains"
Stevenson , Robert     


A moral cívica é o conjunto de preceitos e normas que a generalidade dos indivíduos de uma comunidade aceitam como adequados ou válidos. Este é o conceito normalmente inserto nos manuais de Filosofia.
O óbice está na definição correcta dos preceitos e das normas.

Os preceitos sugerem os deveres e as atribuições que lhe são próprias e as normas a directriz e os métodos a que esta deve obedecer, mas é aqui, no estabelecimento harmoniosos destas balizas motoras das sociedades adultas que está a moral das coisas.
Vejamos: partindo de um tempo antigo e numa procura de moralizar a vida e a política, vemos  Aristóteles ao lado de Alexandre, e Séneca ao pé de Nero, acontecendo, até, que em séculos mas próximos, nunca deixou de haver preceptores eméritos ao lado dos que tinham a herdar o ceptro e a coroa.
Sabe-se, contudo, que aqueles antigos moralistas nem sempre foram bem sucedidos, quer na área religiosa, quer na área civil.
Vieram, depois, os tempos modernos.

Cada homem foi levantado a cidadão; cada cidadão teve a sua parte na governação do Estado. E daí resultou que todo o homem, além da sua moral como indivíduo, como membro de urna família e como fiel de uma comunhão religiosa, precisou da moral própria da sua nova situação, da moral política, que é melindrosíssima e de uma dificuldade enorme.

Onde resolver isto? Nasceu aqui o dilema.

O cristianismo não tinha, não podia ter, normas prefixas para a existência militante, activíssima, que é a própria essência da liberdade, embora tenha dado um contributo inestimável na concertação da sociedade, porque em grande parte é ele que formam e movem o amor, a fé, a abnegação, o entusiasmo pelo bem, a dedicação tenaz, a lealdade completa, todos os brandos sentimentos que constituem a nobreza da nossa espécie, e nunca foi possível apertar e conter nas fórmulas estreitas do egoísmo animal.

O cristianismo puro, enquanto doutrina moral e cívica foi, por isso  – e devia ser no tempo de hoje -  o cimento agregador da liberdade individual do homem, se levarmos em linha de conta que um dos mais belos períodos da história humana foi aquele em que se inaugurou a transição dramática do antigo sistema para o actual regime da liberdade. É ainda recente. Os nossos pais foram agentes ou testemunhas dessa transição. O que fascinou, encantou os povos foi a ilusão imensa – formosíssima ilusão! - que fez crer que a felicidade social podia resultar, imediata e perfeita, da simples acção das leis! Certas palavras tiveram então o maior prestígio que pode haver nos sons articulados da nossa língua. A poesia lírica, esta adorável faculdade que conserva sempre no género humano, ainda nas velhas idades, a sua antiga alma infantil e moça; a poesia lírica tomou para si, como assunto, a emancipação da liberdade humana, e cantou-a fervorosamente.

 Mas não foi somente no coração popular, naturalmente ingénuo, que o entusiasmo pela aparência das coisas chegou ao sublime desvairamento em que é possível a germinação conjunta da poesia e do heroísmo. Os primeiros efeitos da mutação política perturbaram e iludiram até os melhores espíritos. Pensou-se, escreveu-se que a liberdade era escola de si própria e um curso permanente de moral política.

Erro profundo foi este, pois, não tardou que a esperança caísse, desfeita... A alma dos povos, como a alma dos indivíduos, agitada e sacudida por uma comoção violenta; transfigura-se, ilumina-se, sente em si um deus interior, vê intuitivamente mil coisas que eram obscuras... Depois a vibração acaba, o entusiasmo arrefece, as coisas entram no seu curso normal, irregular e lento... e vê-se então que em matéria de costumes não se edifica levemente, não se edifica depressa.

Este tem sido outro erro provindo de um regime totalitário anterior ao Liberalismo e, mesmo, no decorrer deste - embora já muito atenuado – a multidão que compunha a sociedade, obedecendo no primeiro dos casos a um só senhor e no segundo a vários mas já menos prepotentes, tem vindo a sofrer de um mal social que não tem sabido erguer os costumes morais numa escala bem alta, não tendo deles apenas uma visão egoísta – como acontece – mas fazer deles a grande alavanca da harmonia colectiva.

Desse modo, por muitos que nos custe, diremos que os povos modernos não têm sabido  como reformar o Estado e que muito embora resulte de leis imanentes de agrupamentos sociais se estes na génese esquecem a moral do cristianismo original – e essa é a pedra angular  - o Estado em vez de ser um acidente no destino humano, de muito secundária importância, ele é esta instituição orgânica, complexa, multiforme, quase omnipotente, que nos envolve por todos os lados, que toma conta de nós antes de nascermos e nem à beira da sepultura nos deixa, que influi na nossa liberdade, que actua na nossa consciência, que tem a seu cargo defender-nos a propriedade e a vida, que, como um grande navio no imenso mar do tempo, nos leva inteiramente para o futuro, com boa ou má fortuna.
Se isto fosse entendido assim, os interesses do Estado andariam, como andam, pospostos na consciência pública, com infinita distância, aos interesses individuais e aos interesses familiares?!

O Corão que vai beber muitas vezes à pureza do cristianismo, tem num dado versículo esta máxima importante: O governo que nomeia um homem para um emprego, havendo nos seus estados outro homem melhor, peca contra o Estado e contra Deus. Quem se impressiona já, neste nosso mundo de Cristo, com a exaltação, predisposta ou improvisada, de tantos que têm apenas, na sede do talento, a habilidade da intriga, e no lugar do coração... um espaço vazio?!
Não há nada mais melindroso do que a reputação do homem de Estado. E com toda a razão. Eu sei que não pode provar-se uma acusação de improbidade pessoal contra qualquer dos homens eminentes, que superintendem nas coisas públicas (...) mas tenho pensado muitas vezes com tristeza que sendo honrados, como quero acreditar, nem sempre se preocupam muito de o parecer!

Palavras sábias, que nos deixam a pensar na moral das coisas… Palavras actuais. Mas é de referir que todo o texto em itálico pertence a António Cândido (1) tendo feito parte de um discurso, em 29 de Agosto de 1887 no Ateneu Comercial do Porto, tendo como pano de fundo a Moral Política.
Faz parte do programa “Vida Nova” apresentado por ele mesmo na Câmara dos Deputados em 17 de Fevereiro de 1880 e que viria a ser desenvolvido por António Pedro Oliveira Martins, em 1884, dentro das linhas orientadoras do Partido Progressista.
Já naquela altura, António Cândido afirmara que a situação política – tal como estava – preparava-se para ir ao fundo na primeira borrasca, declarando:
É preciso refazer o homem interior, desmoralizado pela lição contraditória dos livros e dos factos, pela desastrosa influição da doutrina quase sempre falsa e dos exemplos terrivelmente contagiosos; é urgente restabelecer a justiça, a eterna justiça simples e eficaz, nos sentimentos da opinião e nos factos do poder. Sem isto a teoria é vã e a prática é mortal.
Tem de ser por aqui, refazendo o homem interior, que temos de nos erguer, não nos venha a acontecer o que ele mesmo relatou no final da sua conferência, com esta história, que é um velho apólogo de Platão:

Navegava uma barca pelo mar. Os marinheiros mataram o capitão, e deitaram-no às ondas; depois guerrearam entre si, desesperadamente, disputando o leme.
Os passageiros, que eram pessoas gradas e ricas, sentados comodamente, riam daquela fúria insana, e contemplavam com imenso gosto a sua própria sabedoria... Ninguém notara ainda o, estado do Céu.

De repente, levanta-se o vento, encrespa-se o mar, desencadeia-se uma temerosa tempestade, e a barca, com todos que estavam dentro, vai para o fundo...
Estes passageiros – não importa serem pessoas gradas e ricas, mas pessoas responsáveis – somos todos nós. Não podemos ficar indiferentes às lutas nem sempre exemplares que se passam ao nosso lado e que têm uma profunda influência no nosso destino colectivo.
Cumpre-nos o dever de intervir na sociedade onde quer que nos movamos, dando exemplo de conduta moral e cívica e  desmascarando todos aqueles marinheiros que querem matar o capitão, sendo que aqui, o capitão é o País que temos.
Cumpre-nos o dever de cada um de per si moralizar os costumes, em nome da Liberdade!
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(1) - António Cândido Ribeiro da Costa (Amarante, Candemil, 29 de Março de 1850 - 9 de Novembro de 1922) foi um clérigo, orador e político português; ganhou fama de extraordinário orador, ficando conhecido por A Águia do Marão.(in, Wikipédia)

12º Domingo do Tempo Comum - Ano C - 23 de Junho de 2013



Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns, dizem que és João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á» (Lc 9 18-24)


Senhor Jesus:
com humildade, reconheço,
que, se me perguntassem:  "Quem és?"
havia de ficar incomodado
com a resposta a dar e não teria, certamente,
a sabedoria de Pedro.
E, no entanto, em cada Domingo
repetes a mesma pergunta
à minha consciência cristã
e a um mundo que prefere ídolos
e promessa de enganos.

Senhor Jesus:
Que eu Te aceite, definitivamente, no todo que representas.

E não me ponha a conjecturar: "Quem és?"
Mas tenha pronta nos lábios
a resposta daquele homem rude
que pescaste nas margens do mar da Galileia,

porque sabias, que havia  nele, a grandeza de saber
que em Ti se cumpria a resposta prometida
pelo Pai desde o Princípio dos tempos.


Senhor Jesus:
deixa-me, pois, seguir-Te
e tomar sobre a fraqueza dos meus ombros
a cruz que me cabe e, com ela,
dizer bem alto a um mundo por demais ausente de Ti,
que não foste um filósofo

nem um profeta antigo redivivo, como alguns disseram,
mas um Mestre da Palavra viva,
daquela Palavra que rompe caminhos
e, que, por entre a noite mais funda
e se abre em cantochões de Luz
em cada madrugada.


quarta-feira, 19 de junho de 2013

I Estação da Via Sacra - Jesus é codenado à morte



Disseste, Senhor, verdades duras de ouvir, como daquela vez, em Jerusalém
onde viviam ao arrepio das coisas novas que trazias,
os sacerdotes, os fariseus, os saduceus, os escribas e os levitas,
todos atentos a tudo quanto dizias e ao modo como Te comportavas:

- Não é dos homens que recebo a glória,
mas conheço-vos e sei que o amor de Deus não existe em vós.(1)

Foi um reboliço, Senhor!
Não falaste demais. Disseste, apenas, coisas certas... coisas que sentias.
E, impertinentemente, continuaste a Tua saga num certo dia de madrugada.
Aconteceu no Templo. Os escribas e os fariseus apostados em Te perder,
trouxeram uma mulher adúltera e fizeram questão de Te lembrar a Lei de Moisés.

- E tu, que dizes? (2) -  perguntaram-Te.

Serenamente, deixaste a escrita que fazias sobre o pó do chão e respondeste-lhes:

- Quem de vós estiver sem pecado seja o primeiro a lançar-lhe uma pedra! (3)

E recomeçaste, ignorando-os, a escrita interrompida, enquanto eles envergonhados
se afastavam escondendo-se das setas das Tuas palavras!...
Feriste, Senhor, o seu orgulho de zelosos aplicadores da Lei, e continuaste assim
contra as práticas corruptas dos fiéis servidores dos Césares da Roma Imperial
que dominavam a Judeia, até que um deles - um fariseu, mais uma vez! -
te mandou os seus discípulos na companhia de alguns dos esbirros de Herodes
para Te fazerem a pergunta cheia de ódio e de malícia:

- É ou não lícito pagar o tributo a César? (4)

E logo, Tu - mostrando-lhes um dinheiro - a responder com outra pergunta:

- De quem é esta imagem e esta inscrição? (5)
- De César - responderam.
Então -  dai, pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. (6)

Foi demais, para eles. A Tua sabedoria era uma incontornável barreira
e, ainda não foi daquela vez que Te apanharam!
E acirraste-os mais, como, naquele dia, quando entraste em festa em Jerusalém
e o povo que Te amava estendeu as suas capas e atapetou de ramos de árvores
todas as ruas por onde passaste, rompendo em altos brados de louvor:

Hosana ao Filho de David! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor! (7)

Depois - o grande escândalo! - chamaste para a Tua mesa os pobres e  pecadores
e até dormiste em casa de Zaqueu, o conhecido chefe dos gabeleiros...
e eras conhecido por ensinares aos teus amigos normas subversivas como esta:
Não julgueis para não serdes julgados... (8)
De facto, Senhor, pisaste o risco. Não só fazias como ensinavas coisas estranhas!
Sobretudo, coisas muito ao contrário de uma sociedade orgulhosamente instalada
em rituais sem alma.

Puseste-Te contra todos os grandes senhores de Jerusalém
e nem sequer poupaste os doutores da Lei que só impunham deveres!
Estes, sobretudo, não te perdoaram. Tinham jurado que Te haviam de prender
e para tanto traçaram um plano, urdido como costumam fazer os algozes:
Começaram por minar por dentro o Teu grupo,
- um facto que fez escola e se tem repetido ao longo da história dos homens -
Fazendo valer uma razão que não tinham,
mas, apenas, o ódio vesgo contra tudo o que fazias e, sobretudo, contra tudo
o que dizias deles: ai de vós escribas e fariseus hipócritas... (9)
conseguiram que o seu plano se cumprisse, usando um dos Teus amigos
Aconteceu isto na noite da Tua Última Ceia.

Judas, por não poder olhar-Te por mais tempo de olhos nos olhos
abandonou-Te, ainda com o bocado de pão molhado que lhe havias dado
e saiu a correr ao encontro do grupo dos fariseus e dos guardas dos sacerdotes
que Te deitaram a mão por entre as oliveiras do horto onde costumavas ir.
Prenderam-te, julgando que calariam a voz incómoda que lhes havia chamado
sepulcros branqueados, (10) não sabendo que o Teu Espírito já dera frutos eternos
e a Tua morte, que o pretor Pilatos sancionou, após o julgamento sumário
de Anás e Caifás, não foi - como eles supunham - o Teu fim e o dos Teus amigos...
foi, antes, o princípio de tudo.
Tu, Senhor, estás vivo e liberto até à consumação dos séculos.
Com a Tua morte libertaste todos os homens!





Senhor:
Rolaram já muitos séculos desde aquela noite no vale verdejante do Cédron
e eu aceito - e sinto - que tudo quanto disseste dos poderosos de Jerusalém
está vivo.

Sem ter a força das Tuas, eu podia usar as mesmas palavras...
sinto, porém, que me falta a Tua frontalidade, o teu desassombro, a Tua sabedoria!
Mesmo assim, Senhor, faz que eu me redima
e não tenha medo.

Ajuda-me a ser mais firme.
Eu sei que é do Teu lado que está a Verdade.
Fica comigo, Senhor! Ajuda-me a lutar e, sobretudo,
ajuda-me a chamar todas as coisas pelo seu nome!
sem medos,
sem tibiezas,
sem abandonos...
aconteça o que acontecer!


(1) - Jo. 5, 41-42
(2) - Jo. 8, 5
(3) - Jo. 8, 7
(4) - Mt. 22,17
(5) - Mt. 22, 20
(6) - Mt. 22, 21
(7)  - Mt. 21,9
(8)  - Mt. 7, 2
(9)  - Mt. 23, 13
(10)  - Mt. 23, 27

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Um pouco de rega todos os dias




Gravura publicada pelo jornal "O António Maria" de 7 de Setembro de 1882
O jardineiro da velha gravura do século XIX, com o seu ar de sonso, esconde as manhas dos falaciosos do tempo actual em que de regador na mão  - e enxada só para inglês ver - se atarefam a pôr na planta que se chama Estado, um pouco de rega todos os dias, na esperança que esta lhe venha  a dar frutos, tão cedo quanto possível.
O jardineiro com o seu ar de sonso, não o é.
Por detrás da sua figura, como no tempo coevo, acoitam-se contra o tripé formando pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros,  Paulo Portas, Primeiro-Ministro, Passos Coelho e Presidente da República, Cavaco Silva uma plêiade de "jardineiros" - que de sonsos não têm nada - como: Mário Soares, Jorge Sampaio, José Sócrates - que parece esquecido dos erros cometidos, o que não admira - Vieira da Silva, Pacheco Pereira, Ana Gomes, Santos Silva, RTP, TVI, Bloco de Esquerda, PCP, CGPT, UGT, PS radical, e outros mais, com a disposição acabada de regar a planta do Estado, de tal modo, que ela lhe venha a cair nas mãos.
E vai cair, tenho a certeza.
Vai cair porque o Governo está cheio de calculistas e de medrosos, e se torna presa fácil de uma esquerda esquizofrénica que ao regar a planta todos os dias  vai apertando o terreno formando um anel compressor que já se tornou um pronunciamento contra o Governo em 30 de Maio de 2013, na Aula Magna da cidade de Lisboa, sendo que o ataque não foi puramente político, mas uma jogada a mais no campo pelado em que se tornou o País, mas onde a esquerda espera vir a semear relva com fartura.
Mas... para quem?
Manda a verdade dizer que de então parta cá a rega tem-se acentuado, a ponto da árvore estar a dar sinais de água a mais, mas esta - a que mais mal faz - não é a água dos outros.
É a sua própria água onde faltam os fertilizantes que eles não têm sido capazes de encontrar, razão, porque, não vai tardar a sua queda abrupta para gáudio dos "jardineiros" que regam e vão cantando, enquanto o povo espera dias melhores, que vão tardar dado o apodrecimento da planta... por culpa dos "jardineiros"  que agora a regam todos os dias, quando tiveram oportunidade de o fazer e a deixaram secar.


A Revelação



Conhecimento de Deus

Ora, por meio da Revelação, o homem alcança a plenitude do ser e dos valores, da verdade e santidade divinas. As suas próprias forças nunca lhe permitiriam alcançar essa plenitude, mas a Revelação dá-lha como conteúdo da vida. Essa verdade e santidade são acolhidas pelo homem através dos actos primordiais do cristão que Paulo consigna no capítulo 13 da 1ª Epístola aos Coríntios “ a fé, a esperança e a caridade”. Delas falam todos os textos que se referem à participação na vida divina: a mensagem do reino de Deus, do homem novo e do mundo novo, da vida eterna, do banquete celestial e do hino eterno, do amor que não acaba, etc….
Romano Guardini (1)
in, Liberdade, Graça, Destino.


Deus ao chamar os homens à existência passou a olhar benevolentemente para eles, como testemunha a revelação que fez de Si mesmo através de Abraão, dos Patriarcas, de Moisés e dos profetas do Antigo Testamento, até ao tempo em que falou pelo Filho, Jesus, segundo as Palavras que O revelaram quanto aos seus desígnios e vontades, tendo confiado, depois, a continuação da Revelação aos apóstolos e à Igreja, onde passou a brilhar a Luz perene do Espírito Santo.
A Revelação é, pois, um conhecimento actuante de Deus que deu ao homem com o advento da Boa Nova a graça de ultrapassar o que estava “velho”, dando-lhe a novidade de um tempo mais propício ao entendimento de se poder alcançar a plenitude do ser e dos valores, em ordem a ser atingida a verdade e santidade divinas.
A Revelação divina quer dizer, que ao vir dos céus, tem como particularidade peculiar o facto de ser perpétua e imutável, o que lhe confere o direito de jamais ficar ultrapassada e de nunca poder vir a ser alterada pelo homem, donde se infere que toda a transmissão de Deus que se encontra na Bíblia Sagrada, é a sua Palavra fiel, tal como foi revelada desde o princípio até à plenitude dos tempos, segundo os seus altos desígnios.
Temos assim, que a Revelação ao apontar para o tripé fundamental da acção do homem centrada com a vontade de Deus, através da fé, esperança e caridade, sendo um plano de vida terrena mas imbricado no poder da graça que a torna existente para além da sua finitude temporal, leva-nos a concluir que o “homem velho” ao ceder ao chamamento de um mundo novo, deixa que se renove em si toda a concepção de novos ideais que o lançam definitivamente na aventura de viver com uma nova liberdade à conquista do banquete celestial e do hino eterno, onde os acordes da divindade passaram a ganhar melodias com sentido.
Tudo assim está plasmado no Novo Testamento, onde o chamamento ao homem renovado pelo poder da Graça é a grande atitude de Deus imbricada na Mensagem de Jesus, que não veio abrogar a Palavra inicial do Pai, mas completá-la através da Revelação completa e final da sua vontade para todos os homens, pelo testemunho dos Apóstolos guiados pelo Espírito Santo para lhes transmitir toda a verdade e, assim, transparecesse, claramente, como eles confiadamente disseram, que aquele poder extraordinário provinha de Deus e não de nós. (2Cor 4,7), deixando, bem claro, que a Mensagem tinha como destinatário, a procura do homem novo.
Eis, porque o teólogo, não deixa, a propósito de citar a velha frase de Santo Agostinho: Fizeste-nos pata ti, ó Deus, e o nosso coração está inquieto enquanto em ti não descansar.
É o “homem novo” que enfim, despertou, um dia, naquele homem singular que viria a ser um Santo e Doutor da Igreja, deixando-nos a extraordinária certeza que pela Graça da Revelação o conhecimento de Deus torna-se possível ao ser humano.
A divindade, com efeito, desde sempre procurou acercar-se do homem.
E assim, mais perto, Deus quer ser um companheiro do caminho.
Um confidente a quem se passou a dizer as alegrias, as angústias e as interrogações, pelo simples motivo do homem ter conquistado uma maior amplidão angular, entendendo-se isto numa conduta espiritual, que o leva a ter uma mais nítida percepção das coisas, pelo facto de ter passado a haver, por vontade divina uma  transcendência até então desconhecida e onde Deus e a criatura passaram a formar um conjunto que é desde sempre e assim será eternamente, o objectivo da divindade para o bem da Humanidade.
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(1) - Romano Guardini (Verona, 17 de fevereiro de 1885 – Munique, 1 de outubro de 1968) foi um sacerdote, escritor e teólogo católico-romano. Guardini iniciou sua docência, em 1923, na Universidade de Berlim, permanecendo lá até o ano de 1939 (quando teve seu curso suprimido por autoridades nazistas1 ). Foi professor, mais tarde, em Tübingen (1945-1948) e em Munique (1948-1962). Sua influência na teologia católico-romana do século XX foi grande. (in, Wikipédia)

A relaxação das virtudes sadias


Em tempos passados, os homens falavam menos em “viver a sua vida” e mais em salvar a sua alma. Não ligavam tanta importância como nós a assuntos políticos e económicos, mas tinham muito maior interesse pelas coisas morais e religiosas. Agora, já que a atracção do Céu se relaxou para muitos homens, o seu apego à terra tornou-se mais intenso. À procura de Deus sucedeu a procura da riqueza e do poder. Não é o santo o ídolo do nosso século, mas o homem que atingiu o vértice da escala social.
Fulton J. Sheen
in, Rumo à Felicidade

Autor de cerca de 90 livros de inspiração cristã, a leitura deste antigo Bispo de Nova York  (1951-1965), é sempre rica, quer pela profundidade da análise, quer pela exegese direccionada a um alerta constante à moralidade humana, centrada na Mensagem de Deus.
Contemporâneo de um tempo que ficou conhecido pela era do individualismo, que enxergou a eclosão de movimentos musicais, como o rock and roll, a profusão das discotecas, o surgimento da dance music e do movimento punk, estes factos perturbadores de uma sociedade já de si abalada por uma economia em recessão a nível mundial, mas com incidência maior nos Estados Unidos após a crise do petróleo de 1973, tiveram de imediato, repercussões inquietantes, numa sociedade ávida de “viver a sua vida”.
Fulton Sheen, profundo conhecedor deste abalo social, escreve, então, páginas sobre páginas de compêndios morais, donde saiu o precioso livro: Rumo à Felicidade.
O autor não tem qualquer dúvida em classificar os ambiciosos da vida – a qualquer preço – como pertencendo aos relaxados das coisas do Céu, estando mais apegados à procura da riqueza e do poder, como se aqui residissem os maiores bens da vida, sendo, embora, se bem geridos, aspirações legítimas se não lhes faltar a ajuda da moral humana.
Esta é, efectivamente, a regra que não pode ser violada, pois, não é lícito ao homem aspirar a ser rico se não aprender a defender-se dos perigos que comporta uma riqueza mal gerida e, da mesma sorte, só é lícita a aspiração do poder, se antes, pelo exercício da humildade o homem tiver aprendido a obedecer.
Estas são as condições imperativas da consciência. Se esta tiver aprendido a lição e a puser em prática no dia a dia não vem qualquer mal ao mundo, quer pela riqueza ou pelo poder que se tem.
Eis, porque, não podemos zurzir no homem rico, sem antes nos termos inteirado que ele não é um escravo da paixão de possuir quando se lhe notam sinais de não desprezar o pobre e, bem assim, daquele que detém o poder se faz dele um uso social adequado, em ordem ao respeito que lhe devem merecer os mais fracos.
O grande problema – hoje, como no tempo de Fulton Sheen – é que há, por demais, sinais inquietantes de riquezas extremas e de poderes excessivos, mesmo em regimes parlamentares, donde nos assiste o dever de pronunciar que a atracção do Céu se relaxou para muitos homens, tendo-se tornado o seu apego à terra como um alvo a atingir, mesmo que se percam equilíbrios humanos, o que equivale dizer que a Humanidade anda esquecida de Deus, elegendo as riquezas e o poder como bens perduráveis, que o não são, de todo.
Tendo eleito a procura da riqueza e do poder, embriagados, talvez, pelos sons das novas melodias que desarmonizaram a vida, o homem, em largas camadas, esqueceu o santidade – ou seja, a pureza de ideais – como metas a seguir e passou a eleger para o seu lugar, aquelas que lhe podem dar riqueza ou poder e se tornaram ídolos, mas falsos, pois podem tombar num dos primeiros vendavais humanos que acontecem, quando falta o suporte moral que faz de todo o homem um caminheiro do Céu.