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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Portugal envelhecido: uma crise a mais!



Os dados do INE relativos a 2012 agora publicados denotam à evidência como Portugal  a partir do ano 2010 começo a não ter indicadores válidos de filhos/mulher que posam garantir com eficácia a renovação intergeracional.
No tempo da ditadura - anos de 1960-1962 a taxa de fecundidade era em média 3,10 filhos por mulher, tendo diminuído em 1970 para 2,76 e continuou a baixar sempre.
Em 1979 - já com a Revolução em marcha - atingiu 2,11 - um valor que é considerado o mínimo para o renovar das gerações - caindo abruptamente em 1991 para 1,42, até atingir o valor de 1,38, cerca do ano 2000 e em 2007, conforme o gráfico, 1,35.
A curva de valores é perfeitamente explicita .
Basta olhar e constatarmos que a "Revolução dos cravos", como enfaticamente é chamada por alguns, está a afundar Portugal, envelhecendo-o.
Uma crise em cima da crise, porquanto os casamentos fazem-se mais tarde, simplesmente por questões económicas, donde a tão propalada era de crescimento e bem-estar foi um "canto de sereia" cantado aos nossos ouvidos.
Somos, efectivamente, um País envelhecido que não sabe como, nem quando há-de voltar  a dar aos seus filhos a alegria de viver e de, pela sua postura responsável garantir o renovar das gerações.
 

domingo, 27 de outubro de 2013

Falta-nos ver como as crianças!




Crescemos demais!
Eis o erro de muitos de nós, adultos, quando, se fôssemos sábios - como tantos de nós dizemos que somos - devíamos ter a inteligência de não termos deixado morrer a criança que fomos, um dia.
Devíamos ser julgados por esse "crime" e sê-lo severamente, porque todo o adulto que se esqueceu de ter sido criança, de ter corrido sem ir à procura de nada - mas só pelo gosto de querer chegar mais além, olhar para trás e admirar-se do espaço percorrido - de ter jogado "ao lenço"; "á cabra cega"; "ao eixo"; "às esconidas"; à bola jogada contra a parede quando faltou o companheiro, etc., isto é, todo aquele que se esqueceu que um dia foi "rei" ou "rainha" e teve o séquito dos pais e avós, é forçoso deixar de lado as leituras imbecis dos jornais que não falam das crianças, dedicando-lhe um espaço, e deitem os olhos sobre este pedaço de prosa que o Poeta Eugénio de Andrade intitulou: Em Louvor das Crianças,  no sentido de se tentar mudar este mundo, e tentar vê-lo com os olhitos arregalados e encantados das crianças que fomos:

 
Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância. A esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes, poesia. Essa espécie de terra mítica é habitada por seres de uma tão grande formosura que os anjos tiveram neles o seu modelo, e foi às crianças, como todos sabem pelos evangelhos, que foi prometido o Paraíso.

 A sedução das crianças provém, antes de mais, da sua proximidade com os animais — a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer. Elas não conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade. Estas frágeis criaturas, as únicas desde a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue.

 
 O sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos espíritos. O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus.
 
in, "Rosto Precário"

 
Meditemos neste texto.
Sobretudo nas seguintes palavras, quando o Poeta nos diz - pondo a criança no centro - que a sua relação com o mundo não é o da utilidade, mas a do prazer, e, depois, pensemos no inverso da atitude que temos com o mundo que a nossa inteligência e a nossa vaidade criou, onde antes de tudo o mais, o jogo que fazemos com esse mundo, é  o da sua utilidade, mas em primeiro lugar - o da sua utilidade para nós mesmos - pois só com esse desiderato conseguido é que encontramos prazer.
Falta-nos, por isso mesmo, ver como as crianças...
E é, desta falta de visão que nascem todas as guerras, todos os conflitos, todas as amarguras e todos os delitos, porque deixámos morrer a criança que fomos.

sábado, 26 de outubro de 2013

Uma lição da Natureza

 
 
 
 
Foi-se a seiva.
Foi-se o verde da folhagem.
Foi-se o chilrear dos pardais que antigamente se acolhiam debaixo da sua folhagem.
Mas os dois troncos que haviam formado uma só árvore que deu frutos nos ramos agora secos e sombra aos caminhantes não perderam o abraço que os uniu.
A imagem vegetal desta figura é uma alegoria, enquanto é, pela sua postura, agora decadente, um exemplo pela lição profunda que uma Natureza inanimada do reino vegetal dá a muitos casais humanos desunidos à primeira borrasca, não deixando ser - com profundo e belo sentido - um exemplo e homenagem a todos os que, passado o vigor da mocidade que os uniu, assim continuam, já depois de terem perdido o fulgor vital, como se dissessem um para o outro o título do poema de Saúl Dias:
 
 
Nunca Envelhecerás
 
 A tua cabeleira
 é já grisalha ou mesmo branca?
 Para mim é toda loira
 e circundada de estrelas.
 Sobre ela
 o tempo não poisou
 o inverno dos anos
 que se escoam maldosos
 insinuando rugas, fios brancos...
...................................................
 
 Pétalas esguias
 emolduram-te os dedos...
 E revoadas de aves
 traçam ao teu redor
 volutas de primavera.
 Nunca envelhecerás na minha lembrança!...
 
 in "Sangue"
 

30º Domingo do Tempo Comum - Ano "C" - 27 de Outubro de 2013


Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». (Lc 18, 9-14)

Senhor:
Aqueles dois homens
que subiram ao Templo
apenas tiveram em comum
os passos que deram
para chegar à Tua morada.
No resto, como afirmas
 - do alto da Tua Sabedoria -
foram diferentes.

Um, soberbo da sua importância
falou de pé e do alto de si mesmo,
de dedo apontado,mostrou como era diferente...
mas tornou tão rasteira a sua oração
que ela não se elevou do chão
do Templo,
enquanto a do humilde, ajoelhado
e sem Te olhar, contrafeito
por ser cobrador de impostos
e, como tal, exercendo um cargo
ao serviço do jugo romano,
- algo que o povo desconsiderava -
chegou ao cume da Tua Glória
no momento em que elevou, bem alto,
o perdão que pedia e lhe concedeste,
justificando-o!

Senhor Jesus:
que eu guarde para sempre 
a atitude do publicano.
E na simplicidade da postura,
ainda que não olhe para Ti,
mas tendo-Te no coração,
te diga sempre, sem apontar o outro,
as palavras exactas!

Não mais a "tortura" de José Sócrates



Gravura publicada pela Revista "A Paródia" de 12 de Março de 1902
 
 
Diz um velho adágio popular "que a mesma água não corre duas vezes do mesmo modo debaixo da mesma ponte" ou fora dela, dizemos nós.
José Sócrates quer contrariar o adágio e, por isso, depois de ter concluído o mestrado em Ciência Política no Institut d'Etudes Politiques de Paris, em 2013, regressou a Portugal e, embora pensativo - imitando a gravura - sentou-se num sítio propício, no caso, na RTP e, como está na moda, fez-se comentador da politica nacional.
Viu, porém, que a água que no seu tempo corria mansa é, agora, uma cascata raivosa e viu que jamais seria possível fazê-la correr, outra vez, do mesmo jeito.
Mas não desistiu de contrariar o velho e sábio adágio...
Vai daí, chamou os amigos - os que como ele viram correr mansa e fagueira a água de uma corrente abundante - e chamou-os para a apresentação do seu livro "A Confiança no Mundo: sobre a tortura em democracia", no passado dia 23 de Outubro, com prefácio do ex-Presidente do Brasil, Lula da Silva.
Não merece um grande destaque este livro, porque ele é um agente calculista do seu cérebro inquieto que não se quer esquecer de ajustar contas com o passado que o expulsou do poder e assim, pé ante pé - como quem não quer a coisa - junta aqui e ali, pisca o olho para este e par o outro lado, devagar, devagarinho - questionando  se a tortura é compatível com a democracia.- vai levando a água ao moinho.
No momento, isto é a sua própria tortura, porque a água que ele quer levar ao moinho, tem dois contratempos: não é a mesma água e nem o moinho é o mesmo, porque, como é evidente a tortura não é compatível com a democracia, mas o que é verdade - e o povo não vai esquecer o governante que levou Portugal à beira da bancarrota, torturando-o, na parte final, quando a água deixou de correr mansa e serena, com cortes e suspensões, entre outros, de abonos de família.
Esta é a sua própria tortura.
Mas será que desistiu de contrariar o velho adágio popular?
Não creio, porque apesar de saber que  "a água não corre duas vezes do mesmo modo debaixo da mesma ponte", José Sócrates comentador ou escritor - apesar do gáudio de ter arregimentado os seus amigos do peito no lançamento do seu livro, onde não faltaram Mário  Soares, Pinto Monteiro, Noronha do Nascimento, continua a olhar com desconfiança a paisagem política.
A imagem que devia inquietar a sua consciência devia ser igual à que reproduzimos, quanto à postura dos elementos naturais, humano e vegetal.
O natural prefigurado na água é uma vaga que se escoa em queda; o humano está preocupado - o que não admira porque é inteligente - e o vegetal mostra da árvore que foi um tronco velho e morto para sempre.
Não é isso que se deseja ao elemento humano, mas tão só, que volte para Paris e junte ao mestrado o doutoramento.
O que fez de mal em Portugal foi muito.
Chega e basta.
Não mais a "tortura" de José Sócrates!
Ou ter-se-á esquecido dos seus debates quinzenais na AR em que não respondia às perguntas da oposição - e até se ria delas - gastando o tempo regimental em que devia responder aos opositores em divagações, ou como diz o povo a "encher chouriços"?
Isto não foi uma tortura em democracia?
Ou para José Sócrates a tortura é, apenas, um acto físico?
Mas ele tem razão. Afirmou que o seu livro não é de filosofia..
 


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

29º Domingo do Tempo Comum - Ano "C" - 20 de Outubro de 2013


    Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar: «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’. Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens; mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’». 
     E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!... E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra? (Lc 18, 1-8)
Senhor Deus:
neste Domingo, mais uma vez,
através de Teu Filho
vieste fazer-me um convite
à oração interpessoal
entre o ser ínfimo que sou
e Tu, Senhor Deus,
que tudo dispões e ordenas.

Assim, se Jesus apresenta
aquele soberbo juiz
que não tinha respeito por Ti
nem pelos homens
e, só depois,
de muito instado pela pobre viúva
é que se dispôs a fazer justiça,
sendo, como és,
cheio de misericórdia,
jamais deixarás de atender

- a todo o momento -
a minha oração.

Senhor Jesus:
faz-me a justiça de creres
que não há-de ser por mim,
que na tua vinda, um dia,
deixarás de encontrar a fé
a conduzir o mundo.

A verdade e o seu oposto na política que temos!


 
 
 
O povo que é sábio costuma dizer: "Há imagens que valem por mil palavras"... e, há, todos sabemos, o que, quanto à imagem que se reproduz - embora sendo espectacular pelo que encerra da obra do homem e da Natureza - se, ao utilizá-la para o fim que pretendemos, mas servindo-nos de uma outra imagem construída pelo nosso imaginário  - colocarmos Portugal no momento que passa, a subir a estrada a caminho da curva apertada que é necessário vencer pelo perigo potencial que as águas represadas deixam adivinhar no muro do dique,, bem visível, podemos concluir pela necessidade política de nos unirmos todos e, assim, depois de vencer a curva apertada que temos à frente, continuarmos a subida até encontrarmos a estrada da salvação que se vê na gravura, com a particularidade desta estar bem acima da cota das águas perigosas do dique, que ao abrir uma fissura nos podem afogar, se persistirmos, na actual desunião.
Eis, porque, as recentes palavras de António José Seguro, se transmitirem pela mudança do discurso, uma atitude conciliatória devem ser meditadas.
Noticia o jornal “Publico” na sua edição de 23 de Outubro de 2013, que ontem, este político que até aqui usou uma linguagem cinzenta - por lhe ter dado sempre a roupagem da demagogia - ao falar na I Conferência Antena 1/Económico, subordinada ao tema O Estado e a Economia - Um Orçamento Pós-Troika, António José Seguro defendeu que “todas as opções políticas devem passar pelo crivo da sustentabilidade, seja na Saúde, na Educação, na Segurança Social ou nos investimentos”, acentuando que seria proveitos um compromisso de políticas públicas com a definição de um limite para a despesa corrente primária e que,  Portugal não pode regressar ao passado de há dez anos, 20 ou 30 anos.
 
E, depois, foi um regalo ouvir dizer o seguinte:
“Precisamos de um compromisso entre gerações e entre políticas públicas. Os direitos são fundamentais numa democracia, mas esses direitos têm de corresponder a uma sustentabilidade das políticas públicas. Não podemos pôr de lado o rigor e a disciplina a que deve obedecer a gestão dos dinheiros públicos. Propomos um limite para a despesa corrente primária, porque é fundamental, sobretudo no período de ajustamento”
Referiu, depois: a prioridade deve ser a receita do Estado - caso contrário, nunca se conseguirá reduzir o défice, tendo defendido a implementação de projectos estruturantes que levem a diminuir as importações e que os fundos comunitários que vamos receber  até 2020 sejam dirigidos ao objectivo da competitividade, sem subsídios, mas antes com verbas reembolsáveis, com a criação do já propalado Banco de Fomento, dizendo: não se trata de uma inovação, os franceses e os alemães têm bancos de fomento desde o fim da II Guerra Mundial e orientam os fundos comunitários para a competitividade, finalizando por dizer que na aplicação de fundos comunitários, Portugal deve beneficiar das mesmas condições que a Itália e não contabilizar no seu défice a componente nacional destinada ao investimento, acabando por defende a sua visão federalista da Europa, quanto ao desenvolvimento de  políticas orçamentais comuns, desejando para Portugal  um governo  com grande apoio popular em termos de legitimidade democrática, algo que só as eleições podem dar.
 
Tem de ser assim, porque, só um governo liderado por ele ou por outro dirigente do PS, ou então, por um governo bipartido ou tripartido com o PSD E CDS, com os actuais ou outros líderes, é a única possibilidade que Portugal tem de vencer a curva apertada da estrada que temos - e a gravura representa - e podermos chegar à estrada da salvação económica.
será que António José Seguro acordou?
Ou teve um sonho e a "sonhar" disse verdades?
Verdades, que afinal, se transformaram no seu oposto, tendo em conta o que se passou, na tarde do dia 23 de Outubro no decorrer do debate quinzenal na AR, dadas as picardias que trocou com Passos Coelho - e este com ele - pelo que, com estes dois senhores Portugal arrisca-se a não dobrar a curva da estrada.
 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Constituição da República Portuguesa é um novo boi Ápis?


 
Gravura publicada pelo Jornal "O António Maria" de 6 de Janeiro de 1881 
 
 
Mais uma vez me sirvo desta velha gravura pela sua infeliz actualidade.
Ora, vejamos. Comecemos por a situar pelo no motivo que a levou a ser criada, fixando-nos no devido tempo histórico.
Estes homens compenetrados da sua função guardadora e respeitadora da Constituição em vigor na época em que Rafael Bordalo Pinheiro criou esta famosa gravura, prefiguraram no século XIX, os velhos egípcios que adoravam o boi Àpis - considerado um deus - um motivo que levou o famoso caricaturista a prefigurar a Constituição da época como se ela fosse um novo "boi Ápis".
Diz a História que no velho Egipto este famoso boi foi morto por Cambises, tendo acabado com a adoração a este falso deus, bem ao contrário do que acontece, hoje, entre nós - com a diferença de ninguém quer ferir de morte a Constituição da República.- mas dar-lhes os retoques necessários para a adaptar aos tempo novo que vivemos.
Na gravura que reproduzimos o povo, de joelhos implora a revisão da Constituição mas esta, altaneira, com o seu defensor a ser levado em ombros, não se comoveu.
Hoje acontece o mesmo.
Há defensores iguais, com a diferença que não são levados em ombros mas levam ao ombros a Constituição, defendendo-a com "unhas e dentes", como faz o PS e os outros que se sentam à sua esquerda.
 
 
Passos Coelho pode ter todos os defeitos políticos, mas desde a sua tomada de posse de Primeiro Ministro do XIX Governo Constitucional em 21 de Junho de 2011, que defendeu - defende, penso -  a revisão da Constituição, tornando-se assim, por ver longe, um homem com visão de Estado, ao contrários dos "pigmeus" arregimentados e colados à defesa do "boi Ápis", que como se tem visto é um estorvo ao desenvolvimento de Portugal, pelo seu pendor marxista.
O apego de Passos Coelho à necessidade de rever a Constituição aconteceu materializado no dia 13 de Setembro de 2010 ao receber a entrega simbólica da revisão que havia encomendado a uma equipa da sua responsabilidade para a submeter aos órgãos dos seu Partido para aprovação (Comissão Permanente e Comissão Política Nacional), para em consequência a entregar ao respectivo grupo parlamentar e comunicação social.
Era e ficou um ante-projecto.
Logo se percebeu que os palafreneiros - porque queriam levar aos ombros o "boi Ápis" -  ergueram o andor e mostraram que aquilo era matéria "sagrada".
Nem mesmo, como noticiou a "Lusa" em Dezembro de 2011, ao advogar a intromissão da chamada "regra de ouro" sobre o limite ao défice, foi ouvido pelo PS, onde a teimosia de António José Seguro, fez "lei", porque isso obrigava a mexer no "boi Ápis" e não podia ser!
Mesmo assim, ainda disse: "Eu penso que historicamente temos a obrigação de chegar a um entendimento sobre isto".
Não vai, não, antes que caia "o Carmo e a Trindade"!
E não vai conseguir porque o "boi Ápis" é "sagrado" para os "socialistas" o que não admira, porque são adeptos "laicistas" desse estranho e infecundo poder.
Não desarmou, porém, Passos Coelho.
Em 30 de Outubro de 2012, de acordo com a "Lusa/Sol" afirmou - a contemporizar - que a revisão não era uma pré condição para a reforma do Estado.

«Não quero estar nesta altura a chegar às conclusões, antes de ter feito a discussão com o PS. Não é impossível que tenhamos de rever alguns aspectos da Constituição para esse efeito, mas não é uma pré-condição»

«Se chegarmos, em conjunto, à conclusão de que há um ou outro aspecto da Constituição que mereça ser revisto para garantir que este compromisso - que, no fundo, foi o compromisso fundador do nosso memorando -, evidentemente que não vou dizer que isso não se vai fazer, mas não é uma pré-condição».

 E, depois, manifestou algumas esperanças de que o PS se tornasse disponível, chamando a atenção que o PSD e o CDS se mostraram disponíveis para realizar os objectivos do "Memorando" assinado, pelo PS em nome da República Portuguesa.

Vamos a ver o que vai acontecer agora com o Orçamento de Estado para 2014.
Todos sabemos que é, nalguns pontos, difícil de passar constitucionalmente, pela simples razão que a Constituição que temos está fora do tempo, não por culpa dos Juízes, mas por culpa política de um PS que costuma acordar tarde, agarrado como anda, no seu sector marxista a tempos que já passaram.
Quando é que o PS acorda para o tempo novo, como fizeram os políticos, na Irlanda?
Quando será?
Quando será que António José Seguro mandas às malvas os conselhos de Mário Soares, Manuel Alegre e outros?

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Obrigado, mãe Natureza!

 

Eis o que o homem não consegue fazer!
 
 
"A natureza faz troça dos indivíduos.
Desde que a grande máquina do universo vá girando, os ínfimos seres que a habitam não lhe interessam para nada!"   
Voltaire
 
 
"É triste pensar que a natureza fala e que o género humano não a ouve."         
Victor Hugo
 

"O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de se dominarem a si mesmos."   
Schweitzer, Albert
 
 
"A natureza só é comandada se é obedecida." Fonte - Bacon, Francis
 

 
"Toda a concepção moderna do mundo tem como fundamento a ilusão de que as chamadas leis da natureza sejam as explicações dos fenómenos naturais."  
Wittgenstein,  Ludwig     
 
 
"A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil." 
Copérnico, Nicolau         

 
 
     "Na nossa conta corrente com a natureza raras vezes lhe creditamos os muitos bens de que gozamos, mas nunca nos esquecemos de debitar-lhe os poucos males que sofremos."  
Maricá,  Marquês de
 
 
"Um povo que considera a natureza seu Deus não pode ser um povo livre."  
Hegel, Georg
 

Sobre a Natureza ficaram aqui opiniões diversas de homens da cultura universal, todos eles eivados de um profundo respeito pela MATRIZ de onde tudo provém e de um tempo e modo que ao escapar ao entendível da mente humana - contra toda a filosofia que, modernamente, vai beber a Kant e atira setas envenenadas contra o autor da Criação - fica aqui a moldura poética de um hino à Natureza de um Poeta de Portugal, cujos traços poéticos são pinceladas de artista na tela imensa do Universo que ele recria com a arte só possível àqueles fadados pela Mãe Natureza para a poderem apreciar e cantar e, depois, dá-la como uma prenda a quem tem o prazer de os ler.
 
Leiamos e admiremos a "POESIA DO OUTONO" de António Nobre:
 
A Poesia do Outono
 
Noitinha.
O sol, qual brigue em chamas, morre
Nos longes d'agua... Ó tardes de novena
Tardes de sonho em que a poesia escorre
E os bardos, a sonhar, molham a pena!
 
Ao longe, os rios de águas prateadas
Por entre os verdes canaviais, esguios,
São como estradas liquidas, e as estradas
Ao luar, parecem verdadeiros rios!
 
Os choupos nus, tremendo, arrepiadinhos,
O chale pedem a quem vai passando...
E nos seus leitos nupciais, os ninhos,
As lavandiscas noivam piando, piando!
 
O orvalho cai do céu, como um unguento.
Abrem as bocas, aparando-o, os goivos...
E a laranjeira, aos repelões do vento,
Deixa cair por terra a flor dos noivos.
 
E o orvalho cai... E, á falta d'água, rega
O vale sem fruto, a terra árida e nua!
E o Padre-Oceano, lá de longe, prega
O seu Sermão de Lagrimas, á Lua!
 
Tardes de outono! ó tardes de novena!
Outubro! Mes de Maio, na lareira!
Tardes...
     Lá vem a Lua, gratiae plena,
Do convento dos céus, a eterna freira!
 
António Nobre, in 'Só'

A passo de caranguejo!



Gravura publicada pelo Jornal "A Paródia" de 8 de Agosto de 1900
 
 
Seguir a "passo de caranguejo" na gíria popular quer dizer: "andar para trás", enquanto nos meios intelectuais é tido como  "saltar para trás para ir para frente", referindo um olhar interrogador sobre a História, com o sentido de chegar à frente, ultrapassando os traumas vividos e volver para o futuro o olhar interrogador.
Em Portugal não temos agido assim.
 
 
Olhemos o passado onde andamos a "passo de caranguejo".
Desde o final do séc. XIX - para não ir mais longe - a economia portuguesa foi sempre das mais atrasadas do espaço europeu.
O início do séc. XX, embora a braços com a bancarrota de 1892, -  cuja dívida só acabámos de pagar em 2001 - é, contudo, recebido com desejo de mudança de vida, mas de pouca duração. Com a queda da Monarquia em 5 de Outubro de 1910, sucedeu o período conturbado que durou até 1926, caracterizado por instabilidade política, económica, financeira e social, a que se seguiu a Ditadura Militar até 1933.
Seguiu-se, como se sabe, a Ditadura civil - apadrinhada pelos militares - que durou até à queda do Prof. Marcelo Caetano em 25 de Abril de 1974.
Neste longo período, porque andamos a "passo de caranguejo" não soubemos criar nem o presente, nem o futuro, porque nunca nos termos chegado à frente...
Mas, depois da Revolução de Abril, também não.
Entretivemo-nos com tricas e embalamo-las com canções de protesto, algumas delas, bem bonitas e, assim, em vez de termos estugado o passo satisfizemo-nos com canções como a dos Vampiros de Zeca Afonso - eles comem tudo, eles comem tudo / eles comem tudo e não deixam nada - sem nos darmos conta que  os novos Vampiros iam fazer o que haviam feito os antigos... mas agora a coberto de um País novo que se queria regenerar, algo que os novos Vampiros - sedentos de prebendas - não deixaram.
Continuámos, assim, com o pendor doentio de andar para trás... ilusoriamente andando para a frente a construir autoestradas, estádios de futebol, a inventar associações, fundações, etc,. e, alegremente a assobiar para o lado, a ver intervencionar bancos afundados, como o BPN - cuja solvência competia aos seus accionistas - e, só, levados em mais uma ilusão de riqueza é que andamos em  marcha acelerada, quando o passo, há muito tempo continuava a ser para trás, onde deixámos até hoje, por fazer a Reforma do Estado, especialmente nos campos da Educação e da Justiça, o que, especialmente aqui, levou a desinvestir-se em Portugal - com o CAPITAL a fugir - como a velha gravura ilustra acertadamente, como se o seu criador, mestre Bordalo, tivesse renascido e nos brindasse com o renascimento do seu velho - e actual - boneco do caranguejo a andar para trás...
Como é possível que passado mais dum século, estejamos na mesma no que concerne ao espectáculo deprimente de andarmos de chapéu na mão e de mão estendida?
Culpa de quem?
É só pensar e sentir...
E é, por pensar e sentir, que sem pedir licença - entendo eu - é preciso modificar o belo estribilho da não menos bela canção do saudoso Zeca Afonso:

Eles comeram tudo, eles comeram tudo
eles comeram tudo, não deixaram nada...

Perdão... não é bem assim: deixaram-nos endividados!
 


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O Sexo e a Maçonaria



A tendência predominante das Grande Lojas Maçónicas, justificam a exclusão das mulheres da Maçonaria por várias razões. A estrutura e as tradições dos dias modernos na maçonaria, baseia-se em "pedreiros" medievais geradores da Europa. Essas corporações operatórias maçónicas, não permitem que as mulheres participem, por causa da cultura da época.
 Muitas propostas e tradições das Grande Lojas, iriam alterar completamente a estrutura da Maçonaria. Além disso, a tendência predominante das Grande Lojas, juntara-se aos marcos estabelecidos pela Maçonaria no início do século XVIII, que são consideradas imutáveis. Um desses marcos, especifica que, uma mulher não foi feita para ser maçom. (…)
in, http://pt.wikipedia.org/wiki


Ao contrário do que é vulgar dizer-se a Maçonaria, embora uma organização secreta – algo que não se entende se vivemos em Democracia – tem todo o direito a existir dentro do quadro que desde o séc. XVIII sempre a norteou, se atendermos a que a Constituição Portuguesa desde 1976 até à sua VII revisão constitucional manteve inalterado o art. 46º no nº 1, diz: Os cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de qualquer autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem a promover a violência e os respectivos fins não sejam contrários à lei penal.


A maçonaria, efectivamente, é uma organização pacífica, respeita a lei e, como tal, age segundo as normas constitucionais quanto à estrutura organizacional, mas nos aspectos do “Princípio da Igualdade” a maçonaria fere o art. 13º (nºs 1 e 2) que dizem: 1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.  2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.


Atendendo a que a maçonaria nas suas lojas regulares só admite homens conforme o texto referido em epígrafe, o que resulta líquido é que violam o princípio da igualdade entre os sexos, mas não se coíbem de nos aspectos da organização da sociedade civil defenderem o direito à igualdade, sem que entre eles haja mutatis mutandis, ou seja, mudando o que dever ser mudado e impõem pata fora o que não fazem dentro.


Muitos deles, se atentarmos bem, estão na primeira fila dos que atacam a Igreja por não ordenar mulheres para o exercício do múnus sacerdotal e, desse jeito – sem jeito nenhum – não se coíbem de atacar o Papa, quando este cumpre a lei a que está obrigado, em que, a ordenação sacerdotal,(…)  foi na Igreja Católica, desde o início e sempre, exclusivamente reservada aos homens. Esta tradição foi fielmente mantida também pelas Igrejas Orientais.

E, assim, o que a Igreja faz é a defesa do princípio que (…) Estas razões compreendem: o exemplo - registado na Sagrada Escritura - de Cristo, que escolheu os seus Apóstolos só de entre os homens; a prática constante da Igreja, que imitou Cristo ao escolher só homens; e o seu magistério vivo, o qual coerentemente estabeleceu que a exclusão das mulheres do sacerdócio está em harmonia com o plano de Deus para a sua Igreja" (1)


Postas as coisas neste pé, por que razão não cumprem a maçonaria e (outros quejandos)  os nºs 1 e 2 do art. 13º da Constituição Portuguesa e deixam a Igreja em paz?




(1)  -  nºs 1 e 2 da Carta Encíclica Ordinatio Sacerdotalis de 22 de Maio de 1994.

Amigos.


 

Os homens compram tudo pronto nas lojas... Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos. 
Saint-Exupéry , Antoine de  

 

Ao fazer a paráfrase desta frase de Saint-Exupéry vem-me ao pensamento um velho conceito de S. Tiago, o Orago da terra que me serviu de berço – Praçais - e que na sua imensa profundidade nos diz: Amizade ao mundo é inimizade com Deus. (Tg 4, 4)

Os homens que compram tudo nas lojas – e tudo pronto, perfeito e acabado – nem se dão conta que os objectos que adquirem se não tiverem a carga espiritual que preenche a dignidade primária enquanto necessidade para o desempenho da vida, são amizade ao mundo frívolo que satisfaz vontades, mas inimizade com Deus que nos manda adquirir outros tesouros, com são os que se prendem com a amizade que deve ser dada aos homens e não ao mundo concreto onde estes se cruzam.

Que não aconteça, pois, que pelo facto de no mundo não haver lojas de amigos nos esqueçamos de os alcançar, até porque, se cumprirmos com a honra e o dever que se impõem à nossa consciência de pessoas compenetradas da missão que nos cabe cumprir no mundo, obtemos, com a singularidade de o fazermos de graça – como mercê de Deus -  todos os amigos que quisermos e, assim, contrariarmos a conclusão do pensamento de Sait-Exupéry, que é, convenhamos, algo que é preciso fazer no tempo que passa, sobretudo, agora, em que uma crise de valores – espirituais e materiais – parece querer afundar o mundo dos homens.

Se levarmos até ao séc. 4 a.C., o nosso pensamento recordemos Séneca, que a propósito dos homens que compram tudo mas não podem comprar a amizade por ser um “produto” que não tem cotação comercial, mas porque o velho filósofo entendia como muito valioso aquele sentimento, nos diz: que nunca a fortuna põe um homem em tal altura que não precise de um amigo, razão evidente que deve lançar o nosso entendimento para a conquista da amizade, não às frivolidades do tempo que passa – no dizer de S. Tiago – mas àquelas que se fundam no assento espiritual de um mundo concertado e que Deus sonhou plasmar entre o convívio dos homens.

A amizade não é, pois, uma utopia sem sentido, porquanto, deve respeitar o sentido expresso na célebre canção, para citarmos algo que aconteceu bem perto de nós:

 
Amigos para sempre é o que nós iremos ser.
Na Primavera ou em qualquer das estações,
Nas horas tristes, nos momentos de prazer.
Amigos para sempre!

 
Em 1992, este foi um grito de alma – que a amizade por ser, possivelmente, o mais genuíno dos sentimentos humanos -  levou Sarah Brightman e José Carreras a cantar desta maneira no encerramento dos Jogos Olímpicos de Barcelona, deixando ao mundo um alvitre sonoro e vibrante para que a amizade reinasse em qualquer das estações e não só na Primavera, quando o mundo se enche de flores.

Eis, porque, é preciso e urgente, porque - não há lojas de amigos – saber que, apesar disso, existem espantosas lojas  de dons espirituais onde se podem “comprar” as fantásticas sementes da amizade que fica para sempre.

Amigos para sempre!      

A Verdade do Erro


 

Muitos homens cometem o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade aquilo que desejam.
 (Bertrand Russell)

 

Podemos estar a viver em Portugal um momento precioso se todos os agentes políticos entenderem – os que estão no poder e na oposição consciente - que nos erros de hoje e nos anteriormente cometidos, houve verdades assumidas enquanto projectos de  beneficiação de toda a ordem naquilo que  desejaram tendo como destinatários o povo, ainda que tenham conduzido Portugal ao porto inseguro onde hoje estamos.

Se levarmos na devida conta a frase do eminente pensador e politico que foi Bertrand Russell, concluímos que o que aconteceu entre nós com o advento da Revolução de 74 – a partir da vintena seguinte - foi uma grande falta de conhecimento da realidade de um mundo que não cessou de girar à nossa volta e foi, como se a roda do tempo tivesse parado no constante eixo da História.

Pessoalmente não acredito que o atoleiro a que chegámos aconteceu por uma maldade qualquer dos homens que nos governaram, mas sim, porque  em cima dos erros que cometeram deixaram impressas as verdades naquilo que desejaram, mas muito para além dos limites duma economia que se foi esbatendo.

Há que ter isto presente, muito mais que as guerrilhas parlamentares a que assistimos e, em que parece, que os erros cometidos se querem esquecer, quando devia ser a partir deles que se deviam ganhar conhecimentos sociais e políticos, para em vez da guerra se ganhar o País que é preciso reconstruir desde os alicerces mais frágeis, como são todos aqueles em que se fundam numa parte da sociedade empobrecida.

De uma vez para sempre que a verdade do desejo que pode ser legítima nos seus contornos da modernidade da sociedade, ceda lugar ao conhecimento do que é possível atingir, tal como acontece na gerência equilibrada de cada família, pois só assim é possível caminhar e progredir.

Se é verdade que os Estados se podem endividar para cumprirem os avanços sociais que são conquistas do homem dando-lhe mais conforto de vida em todos os bens que tem ao dispor, este desejo – embora legítimo – deve ser prejudicado quando as condições naturais e económicas não satisfazem as dívidas contraídas.

É nisto que está o conhecimento, ou seja, a realidade do que é possível alcançar, para que a verdade que acompanha o desejo possa ser cumprida.

E é isto, precisamente, o que tem faltado, não só no governo anterior, como noutros que o antecederam – e no actual - razão porque, embarcados como estamos no mesmo barco há que fazer um esforço para alicerçar de novo as raízes que deixamos estiolar, não por uma qualquer perversidade calculada, mas sim, porque desejámos para além do que podíamos alcançar, dada a fragilidade económica em que nos afundamos.

A hora que vivemos exige conhecimento, serenidade e não a disputa do poder a qualquer preço. Na bancarrota de 1892 aconteceu que aqueles que perderam o poder o quiseram reaver a qualquer preço, algo de que o País não beneficiou, razão, porque, não podemos repetir no mesmo palco – a que hoje chamamos Assembleia da República – o que, então, levou homens que queriam colmatar as brechas, a deixar cair os braços.

A ver vamos o que vai acontecer, mas que não aconteça que alguns homens – ou muitos – cometam o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade aquilo que desejam quando se fundam na verdade em que acreditam, mas impensadamente,  no erro que está sempre à espreita, ou seja, na verdade do erro.

Conhecimento, eis o que se impõe, aos homens públicos.

domingo, 13 de outubro de 2013

28º Domingo do Tempo Comum - Ano "C" - 13 de Outubro de 2013


E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa entre a Samaria e a Galiléia. Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, os quais pararam de longe, e levantaram a dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. Um deles, vendo que fora curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era samaritano. Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os nove, onde estão? Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou. (Lc 17, 11-19)
Senhor,
e se no meu obrigado
pelo amor que me tens,
a minha oração fosse parecida
com aquela que Te dirigiu
O leproso curado?
Senhor, obrigado, não só
pelo milagre de que nos fala, hoje,
a Tua Palavra,
mas cumpre-me agradecer
tudo o que recebi, sem contudo,
tantas vezes, dar um passo
para esta perto de Ti,
e dobrar os joelhos ante a grandeza
dos teus gestos de amor
por mim.
Senhor:
que a minha oração
não seja, mais, a de pedir
mas de agradecer
o dom dos perdões recebidos
sem o merecer!
E cura-me, Senhor,
desta "lepra" do descuido
de, tantas vezes, distraído,
não te apertar
no abraço que me dás!

Só ele - Mário Soares - é que não vê o eclipse!!!


Gravura publicada pela Revista "A Paródia" de 30 de Maio de 1900
 
 
Só Mário Soares - que ajudou a eclosão do eclipse que paira sobre Portugal - é que continua a não ver a linda obra de que é co-responsável, continuando com as suas diatribes a causticar um governo que, como pode, tenta que, de novo, o sol volte a aquecer esta infeliz Democracia, que infelizmente não encontrou servidores à altura, incluindo aquele senhor.
Com efeito, não é entendível - é quase inacreditável - a sanha de Mário Soares, atirando-se ao actual governo como gato a bofe.
Com fonte na TSF e Diário de Notícias, foram conhecidas as suas desbragadas palavras, onde voltou a zurzir com o seu mau génio, sem cuidar que sob Portugal, como aconteceu com o governo dele se abateu um eclipse, que no seu tempo contou com um grande Ministro das Finanças, Hernâni Lopes, que Deus tenha no seu descanso eterno e hoje, estamos ensombrados com um outro, possivelmente, maior.
 
Se atentarmos na velha gravura que se publica de mestre Rafael Bordalo Pinheiro, vê-se uma figura deitada, prefigurando o País, e de mãos erguidas a ver se tapava o eclipse. No seu tempo Mário Soares fez a mesma figura.
 
Ou seja, fez o possível para o povo não se dar conta do estado em que o seu governo mergulhou o País com a ajuda externa a que recorreu, emoldurando-a com o seu verbo falaz, mas não se coibindo de nos ter pedido para apertarmos o cinto...
Falta, portanto, decoro a Mário Soares, quando diz:  "estes senhores têm de ser julgados depois de sairem do poder", exigindo a sua demissão, quando o que estamos a fazer é, mais uma vez, a apertar o cinto... de que ele foi o primeiro arauto.
Esqueceu-se?
delinquentes - com ele afirmou - no actual governo?
Eu não sei.
Mas sei que Mário Soares ao criticar tão acerbamente um governo que tenta por as contas a direito - com mais ou menos arte - comete um delito porque é movido pela ânsia de ver demitido um governo que foi eleito pelo povo para cumprir uma legislatura, atropelando, assim, o direito que lhe cabe de a cumprir.
E, sendo assim, ele mesmo se torna um delinquente.
Para este senhor, que viajou pelo mundo "à tripa forra" sem resultados aparentes, aplica-se a velha máxima daquele que vê o argueiro no olho do outro mas não vê a trave do seu.
É uma lástima a divisão que pretende fazer, quando, mais que nunca, Portugal precisa de unir forças para sacudir para longe o eclipse não só financeiro, como um outro, o mais importante: o eclipse moral e da falta de vergonha que esse, sim, é o que vai demorar mais tempo a eliminar se continuarmos a dar cobertura jornalística a homens como Mário Soares, que é pai de uma pátria - sim, senhor - mas de uma pátria muito dele.
Estará com medo que o governo vá cortar mais um subsídio à sua "Fundação"?
Haja vergonha e respeito pela memória do povo, que não se esquece deste senhor ter sido um governante distraído e um Presidente da República que mal se encontrou em Portugal.