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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Adão, onde estás?




Na recente viagem do Papa Francisco à Terra Santa, um dos pontos mais importantes foi a visita ao Museu do Holocausto. 
Lá, o Papa proferiu um discurso em jeito de uma sublime e interrogadora oração com a sua alma centrada não só no extermínio de uma parte do povo judeu, mas também, como um grito doloroso às atrocidades que o homem é capaz de perpretar, movido por desígnios estranhos e desumanos.



Papa Francisco beija a mão de um sobrevivente dos campos de
concentração durante sua visita ao Museu do Holocausto em Jerusalem.


Oração do Papa Francisco


Adão, onde estás? (cf. Gen 3, 9)
Onde estás, ó homem? Onde foste parar?
Neste lugar, memorial do Shoah (1), ouvimos ressoar esta pergunta de Deus: Adão, onde estás?.

Nesta pergunta, há toda a dor do Pai que perdeu o filho.
O Pai conhecia o risco da liberdade; sabia que o filho teria podido perder-se… mas talvez nem mesmo o Pai podia imaginar uma tal queda, um tal abismo!
Aquele grito "onde estás?" ressoa aqui, perante a tragédia incomensurável do Holocausto, como uma voz que se perde num abismo sem fundo…

Homem, quem és? Já não te reconheço.
Quem és, ó homem? Quem te tornaste?
De que horrores foste capaz?
Que foi que te fez cair tão baixo?
Não foi o pó da terra, da qual foste tirado. O pó da terra é coisa boa, obra das minhas mãos.
Não foi o sopro de vida que insuflei nas tuas narinas. Aquele sopro vem de Mim, é algo muito bom (cf. Gen 2, 7).

Não, este abismo não pode ser somente obra tua, das tuas mãos, do teu coração… Quem te corrompeu? Quem te desfigurou?
Quem te contagiou a presunção de te apoderares do bem e do mal?
Quem te convenceu que eras deus? Não só torturaste e assassinaste os teus irmãos, mas ofereceste-los em sacrifício a ti mesmo, porque te erigiste em deus.
Hoje voltamos a ouvir aqui a voz de Deus: 

Adão, onde estás?

Da terra, levanta-se um gemido submisso: Tende piedade de nós, Senhor!
Para Vós, Senhor nosso Deus, a justiça; para nós, estampada no rosto a desonra, a vergonha (cf. Bar 1, 15).
Veio sobre nós um mal como nunca tinha acontecido sob a abóbada do céu (cf. Bar 2, 2). Agora, Senhor, escutai a nossa oração, escutai a nossa súplica, salvai-nos pela vossa misericórdia. Salvai-nos desta monstruosidade.

Senhor, todo-poderoso, uma alma, na sua angústia, clama por Vós. Escutai, Senhor, tende piedade!
Pecamos contra Vós. Vós reinais para sempre (cf. Bar 3, 1-2).
Lembrai-Vos de nós na vossa misericórdia. Dai-nos a graça de nos envergonharmos daquilo que, como homens, fomos capazes de fazer, de nos envergonharmos desta máxima idolatria, de termos desprezado e destruído a nossa carne, aquela que Vós formastes da terra, aquela que vivificastes com o vosso sopro de vida.
Nunca mais, Senhor, nunca mais!

Adão, onde estás?

Eis-nos aqui, Senhor, com a vergonha daquilo que o homem, criado à vossa imagem e semelhança, foi capaz de fazer.
Lembrai-Vos de nós na vossa misericórdia!


                                                                       Papa Francisco, em 26 de Maio de 2014

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Nota final

É profunda na Verdade de Deus e na negação dos homens projectados no Adão bíblico -  a pergunta pertinente do Papa que vai beber a essência ao mais fundo da História Bíblica. Impressionou-me a pergunta do Papa em face de um dos maiores atentados à vida humana que foi o Holocauto.

Naquele mesmo local, onde o Papa rezou assim, eu - que já tive a graça de pisar o mesmo local - também rezei, mas não sei que palavras disse a Deus. Sei, sim, que me impressionaram as fotos, a voz da pessoa que nos ia explicando a grande tragédia e, sobretudo, o som soturno que se ouvia, como se viesse do fundo do chão e interpelasse a nossa consciência.
Penso que esta pergunta-Oração do Papa “Adão, onde estás?” , faz lembrar a pergunta do Papa Bento XVI, quando visitou o campo de concentração de Auschwitz, “Onde estavas Deus?”

E isto faz-me pensar que quando o homem - feito à Imagem e à semelhança de Deus se ausenta de ser uma presença no grande Mistério - torna ausente Deus, o Pai de vida -  o que dá toda a razão à velha e sempre nova pergunta de Deus, “Adão, onde estás?”, feita, agora, pelo Papa Francisco, pondo nela toda a dor de Deus, porque  Nesta pergunta, há toda a dor do Pai que perdeu o filho, como ele constata e chama a nossa atenção.

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(1) - Shoah, foi o nome dado pelo cineasta francês Claude Lanzmann sobre o Holocausto. O filme baseia-se nas suas entrevistas e visitas aos locais onde ocorreu a grande matança em toda a Polónia, em três campos de extermínio nazi.

terça-feira, 17 de junho de 2014

"A maior distância do Mundo é a que vai da cabeça ao coração".





A maior distância do Mundo é a que vai da cabeça ao coração, afirmou o Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, no passado dia 15,  Domingo da Santíssima Trindade, aquando da apresentação do Sínodo - Lisboa 2016, no momento em que anunciava a caminhada pré-sinodal, com epílogo no ano acima referido.

Correndo o risco de descontextualizar aquela belíssima frase, pareceu-me que o eminente prelado da Diocese de Lisboa discorria, na altura, sobre a saída que temos de fazer em movimento interior para Deus e exterior para os outros, fazendo deste desiderato de "caminhar" da cabeça para o coração um movimento interior  atirado para a imanência de Deus a tal maior distância do Mundo, e que tem de ser percorrida, saindo de nós mesmos, isto é, do nosso coração, depois de trilhado o caminho mais curto ou mais longo - cada um de nós tem o seu próprio caminho -  não para se alcançar, isolado, uma meta qualquer, mas sim,  para seguirmos por aquele que nos leva e ter proximidade com o nosso semelhante.

Razão, porque, quando nos dispomos a sair não se deve chegar só a meio do caminho, mas ir até ao fim, na certeza, que ao trilharmos a maior distância do Mundo  - que é - a que vai da cabeça ao coração, se caminhamos com o ardor espiritual da determinação de sabermos que o nosso companheiro de jornada foi Deus, não havemos de ficar a meio do caminho,.

Há-de acontecer, muitas vezes - que o companheiro ou os companheiros que temos de chamar para serem próximos de nós, estão para além da distância que nos falta vencer...
Eis, porque, no documento que prepara o Sínodo - Lisboa 2016, de diz: Não há neste ponto hipótese alguma para recuos ou alheamentos.

Vezes demais temos ficado a meio do caminho, porque, vezes demais nos temos esquecido que a maior distância do Mundo é a que vai da cabeça ao coração.


terça-feira, 10 de junho de 2014

Seguro e os tiros nos pés...



António José Seguro sem renovação do discurso


No final das comemorações do dia 10 de Junho - Dia de Portugal - este ano celebrado na cidade da Guarda, António José Seguro, com a insegurança habitual, mas pelos vistos, seguro do seu verbo, ao ser confrontado com o discurso do Presidente da República sobre o entendimento partidário que é preciso fazer tendo em vista o próximo Orçamento de Estado, com meta temporal em Outubro, disse aos jornalistas os chavões do costume:

  • Não está disponível para uma política de empobrecimento, como se o Governo a desejasse...
  • Os compromissos que têm que ser feitos são com base no crescimento económico na consolidação das contas públicas e sem crescimento da dívida pública (…)., como se o Governo por uma maldade qualquer não quisesse fazer o que ele propõe...
  •  Cortes e mais cortes não são a solução para o país, como se o Governo fosse constituído por mentecaptos e se regozijassem em fazer cortes e mais cortes..
  • Que as diferenças entre o PS e o Governo continuam a ser insanáveis, como se essa fosse a atitude construtiva que o Presidente da República pediu no seu discurso.

Por fim, que o Presidente da República convoque os partidos políticos com assento parlamentar, renovando o apelo que tem feito nos últimos dias.
Pergunta-se, para quê?
Para ouvir um discurso destes?
Não vale a pena.
António José Seguro, esquecido que há um ano o Presidente lhe prometeu eleições legislativas antecipadas em troca de um consenso político, num momento difícil porque Portugal passou, vem agora pedir a lua, quando é ele mesmo é que tem andava a passear por lá...

Pessoalmente, é meu desejo que António José Seguro, melhore o seu discurso e deixe de continuar a dar tiros nos pés!


segunda-feira, 9 de junho de 2014

As fotos improváveis!



Plantação a três da oliveira da Paz!


Shimon Peres, Mahmoud Abbas com o Papa Francisco 
a selar o abraço de dois homens desavindos.


A génese deste encontro começou há duas semanas no decorrer da visita do Papa Francisco à Terra Santa, onde o apelo papal foi acolhido por ambas as partes beligerantes do "eterno" conflito israelo-palestiniano.

O termo "Paz" encheu a oração do Papa no Domingo que passou e encheu, como nunca acontecera com estas personagens nos jardins do Vaticano, onde se deseja que a oliveira - simbolo da Paz - que os três plantaram dê, em nome de Deus, os frutos que se desejam.

Paz (shalom em hebreu) - (salam em árabe) - (pace em italiano) deseja-se que seja o tripé dito de três maneiras - seja um sentimento uno e fraternal - para que, como advertiu o Papa, para quebrar a espiral de ódio e violência só precisamos de uma palavra: irmão. Mas para isto temos de nos reconhecer mutuamente como filhos de Deus, que sendo Amor entre os homens, tem para todos eles a Palavra de Paz, que asidamente, levou o Papa Francisco, a dizer, noutro ponto, que ela  requer coragem, muita mais coragem que a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não ao conflito. 

Esta notável acção de paz durou cerca de uma hora.

Que tenha sido em boa hora para que o peso fraternal do encontro destes três homens atinja o desejo do promotor da iniciativa, na certeza que o preceito evangélico "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles" se cumpra, verdadeiramente, para que a a paz possa triunfar por fim e que as palavras divisão, ódio e guerra sejam banidos do coração de todos os homens e de todas as mulheres.

A dúvida que fica é se Deus só esteve presente na oração do Papa Francisco...


As interrogações de Florbela!




Interrogação

A Guido Batelli

 Neste tormento inútil, neste empenho
 De tornar em silêncio o que em mim canta,
 Sobem-me roucos brados à garganta
 Num clamor de loucura que contenho.

 Ó alma de charneca sacrossanta,
 Irmã da alma rútila que eu tenho,
 Dize p'ra onde vou, donde é que venho
 Nesta dor que me exalta e me alevanta!

 Visões de mundos novos, de infinitos,
 Cadências de soluços e de gritos,
 Fogueira a esbrasear que me consome!

 Dize que mão é esta que me arrasta?
 Nódoa de sangue que palpita e alastra...
 Dize de que é que eu tenho sede e fome?!


Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"



Não é fácil falar de Florbela, porque o encadeamento da sua vida é feito de tantas interrogações, a que ela nunca soube encontrar, uma resposta que fosse libertadora dos seus fantasmas existenciais, como acontece neste soneto a que chamou "Interrogação" como se nele houvesse apenas uma, quando no mesmo a poetisa deixou várias, e todas elas feitas à sua alma.

Em "O Homem Que Ri", Victor Hugo declara que a carne é cinza, a alma é chama, e foi a esta chama que ardeu como um vulcão em toda a sua vida, que Florbela faz perguntas, porque sabia que o seu corpo de pouco valia e, por isso, recorre à chama da alma que ela iguala à charneca alentejana, que apelida de - sacrossanta, sem ser por acaso porque ela sabia da santidade que trazia presa à sua alma - para que esta lhe dissesse o fim do seu destino e onde é que ele começou - Dize p'ra onde vou e donde venho - o que não deixa de ser, possivelmente, a interrogação maior de Florbela, por ser a que fazem todas as criaturas normais, poetas ou não.

No seu "Dicionário Filosófico" Voltaire, apesar de todos os seus bem conhecidos sarcasmos, quando fala da alma, chama à colação S. Tomás de Aquino e diz o seguinte: Diz Santo Tomás (questão septuagésima quinta e subseqüentes) que a alma é uma forma subsistente per se. Que está em todas as coisas. (...)

Ou seja, quando sentimos Florbela a interrogar a sua alma é porque ela sabia - tal como Victor Hugo - que o corpo é cinza e só a sua alma era a chama que havia de ficar por ser subsistente per se como asseverou o filósofo, dando-nos com a sua poesia o exemplo que devia interrogar todas as criaturas e de que se torna exemplar o último terceto:

Dize que mão é esta que me arrasta?
Nódoa de sangue que palpita e alastra...
Dize de que é que eu tenho sede e fome?!

Não sabemos - jamais alguém o saberá - porque Florbela levou com a tragédia que lhe ceifou a vida a resposta que teria tido - ou não - às perguntas que fez à sua alma, mas Deus queira, que à ultima pergunta - Dize de que é que eu tenho sede e fome? - tenha sentido o desejo de antecipar a imortalidade da sua alma, e como tal, a fez voar para um destino etéreo - que só podemos imaginar - mas tendo deixado aos seus leitores, ainda hoje e pelos tempos vindouros toda a força da sua alma de mulher inquieta que passou pela vida à procura de algo, que verdadeiramente, nunca encontrou.

Que Deus lhe tenha dado a paz que o corpo que serviu de morada  à sua alma nunca encontrou nos poucos anos em que viveu entre os mortais!

domingo, 8 de junho de 2014

Porque será?




Porque será?

Que sendo o primeiro magistrado da Nação o Presidente da República, interpretando o artigo 120º da Constituição Portuguesa a esquerda radical e a outra esquerda - assim o diz de si mesmo - acantonada no Partido Socialista, não se coíbem quando a água não corre para o seu moinho de zurzir no Presidente da República, usando o chavão mais conhecido de não fazer cumprir a Constituição que jurou defender - se não é por estas palavras usam outras que vão no mesmo sentido - e, como agora acontece, tecem louvaminhas ao juízes do Tribunal Constitucional, retirando à direita que neste momento tem o direito de governar um País que faliu o poder de o criticar, se como parece, o T.C. invadiu a tarefa que cabe ao legislador?
Será que o T.C. é constituído por anjos? E, como tal, dignos de todo o respeito.

Porque será?
É que causa espanto que se critique - por vezes, acintosamente - um Órgão da soberania que foi eleito pela maioria do povo e se guarde todo o recato a um outro Órgão que o não foi.

Em boa verdade, ambos, se vivêssemos numa Democracia adulta mereciam o mesmo respeito.


sábado, 7 de junho de 2014

Por favor: entendam-se...




Vai por aí um agrande gritaria por causa do Primeiro-Ministro ter dito que a escolha dos juízes para o Tribunal Constitucional deveria ser melhor escrutinada.

Ao tomar conhecimento, hoje, que dos 13 meretíssimos juízes, apenas um - uma senhora juíza é constitucionalista - enquanto os outros juízes têm outras especialidades no campo do direito, parece evidente que isto não faz sentido, o que prova que Passos Coelho tem toda a razão no que disse, mas tem razão a destempo. porque é indesculpável que tendo o PSD indicado juízes para o Tribunal Constitucional no cumprimento de uma norma da Constituição, não tenha na altura devida indicado juízes com carreira no direito constitucional para um cargo tão importante.

Portanto, que se calem todos.
Os que gritam - porque fazem profissão nesta arte que faz parte do cinismo político - e os que criticam, quando eles mesmos deviam ser criticados.

Por favor: entendam-se e poupem o povo a desmandos destes e outros, que certamente, virão!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O fascínio do olhar!





Seus Olhos

Seus olhos - que eu sei pintar
O que os meus olhos cegou -
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar,
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.

Divino, eterno! - e auave
Ao mesmo tempo: mais grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti…
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

Almeida Garrett, in “Folhas Caídas”


Passada a sua fase revolucionária que perdurou pelos anos 20 a 30 do século XIX, Almeida Garrett deixou para a posteridade uma vida tão cheia, como cheia de encanto é a sua obra literária, donde sobressai a parte poética, uma das riquezas de que se pode orgulhar a geração de que ele fez parte e importante.

Pode afirmar-se convictamente que o poema "Seus Olhos" foi dedicado à Viscondessa da Luz, Rosa Montufar com quem Garrett se relacionou a partir de 1846, tendo feito dela  a musa inspiradora das "Folhas Caídas", o livro admirável que o ajudou a tomar o assento firme que justamente goza nas Letras Portuguesas.

O poema, com efeito, faz parte do acervo que informa tão célebre livro, num tempo em que o Poeta andava perdido de amores pela bela andaluza, com quem viria a romper na Primavera de 1849, ao que se conta, roído de ciúmes, tendo-se acolhido em casa de Alexandre Herculano, então morador na Ajuda.

Falecido em 1854, em pleno cemitério dos Prazeres, atribui-se a Rodrigo da Fonseca Magalhães - o politico liberal  e uma das primeiras figuras da "Regeneração" - o chiste que ficou famoso, até pela sua crueldade: Morreu abraçado à Cruz com os olhos na Luz, querendo assim demonstrar o drama amoroso que se abateu sobre a sensibilidade de Almeida Garrett, mas falando sem pudor sobre algo que ele viveu arrebatadamente, em nome de um ideal de amor que viu espelhado nos olhos ardentes e fatais da Viscondessa da Luz.

Valha a verdade dos dois últimos versos que nos dão a imagem verdadeira da amargura que tomou conta da sua vida e, através dos quais, podemos aquilatar sobre o que ele considerou ser a cinza de uma brasa que viu arder e o viria a queimar


Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.


É possível cumprir a Constituição num Pais falido?



Temos um Tribunal Constitucional que gere uma Constituição feita para um tempo de normalidade vivencial dos cidadãos e das Instituições, quando o tempo que vivemos é anormal, donde os juízos que se tomam se não põem no prato da balança esta realidade acabam por estar feridos de justiça, porque ao estar desadequada ao tempo que se vive, coloca os juízes na mesma situação, ainda que eles, no cumprimento da lei tenham de a fazer cumprir.
É esse, afinal, o que lhe cabe fazer.
Mas, como fazer cumprir a  Constituição num Pais falido?

E é aqui que bate o ponto. 
É aqui, que os políticos deviam por a mão na consciência e em nome do povo que os elegeu, uns para governarem e outros, embora na oposição, na expectativa de ambos respeitarem os votos e entenderem que há questões nucleares que estão acima das cartilhas partidárias.

E uma dessas questões é uma nova revisão da Constituição Portuguesa, dita a "lei fundamental", que no momento o não é, verdadeiramente, porque foi feita para um outro tempo que, certamente, não voltará tão depressa... ou nunca mais!
Era justo, portanto, que os nossos políticos - os actuais parlamentares ou outros que venham a seguir -  percebessem isto e ajudassem o Tribunal Constitucional, começando desde logo por alterar o modo como eles são escolhidos.

Como "a justiça é cega" - segundo se diz - os que a praticam não deviam estar expostos tão às claras, porquanto, sofrem de ser conotados com credos políticos e isso não devia acontecer.