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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Viramos o Mundo ao avesso!




Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus


Henrique Barrilaro Ruas



Quando Cristo deu aos fariseus a célebre resposta, tinha diante dos olhos a Moeda e o Homem. A moeda, com a imagem de César. O Homem, com a imagem de Deus. A moeda, sinal e força da Economia, símbolo de toda a ordem material em que César domina. Cunhada por César, a moeda é de César. Baseada na moeda, a Economia subordina-se à Política. À esfera política, em que César campeia, foi entregue por Cristo a esfera económica, a que a imagem de César preside. O mundo das coisas materiais, que dão de comer aos homens, é um mundo de coisas sem espírito, em que nenhum César vive. A esse mundo, cujo valor reside no que significa dos homens, e cuja máxima grandeza lhe é dada pela imagem de César, tem de estar sobranceiro o mundo dos homens reais, em que a vida circula e cresce, e em que a imagem de César se retira diante do César pessoal.
A máxima evangélica, profunda como um abismo, entrega a Economia à guarda e tutela da Política. E entrega a Política a Deus.

Henrique Barrilaro Ruas - (1921-2003) - in, A Moeda, o Homem e Deus)


Nunca será demais lembrar o pensamento cristalino deste brilhante professor universitário, ensaísta de grande fulgor, historiador e político, co-fundador do Partido Popular Monárquico, tendo-se em conta que ele foi um preclaro pensador que baseou muito do seu saber na cultura religiosa do Cristianismo, de que é exemplo o excerto que fazemos de um afamado texto que escreveu, tendo por base a célebre resposta que Jesus disse aos fariseus, quando estes falsários o quiseram encurralar, como Rubens os retrata no seu belo quadro que acima se reproduz.

Vale a pena ler e meditar no texto de Barrilaro Ruas e sentir como o nosso Mundo anda ao avesso do que Jesus - que não esteve no Mundo para ser político - mas queria que nele viesse a acontecer  a sua tese espiritual, quanto à resposta que deu, e pela qual viveu e morreu. Não podemos admitir que Cristo se enganou, porque todas as Palavras que disse têm o cunho da Verdade, que ou seguimos - e somos úteis - ou não seguimos - e somos inúteis - porque esquecemos o essencial: a felicidade de todos os homens.

Para tanto, basta que vejamos o que está a acontecer desde que a Economia se pôs a conduzir a política, quanto devia ser ao contrário com esta entregue à guarda da política - como assevera o pensador católico a partir do ensinamento de Cristo  - e a política a Deus, tal como ele declara, sem rodeios, por ter como suporte o mesmo ensinamento divino.

Efectivamente,  tudo está do avesso, porque  os políticos exercem o poder para agradarem à Economia na expectativa de benefícios futuros - quando deixarem os cargos públicos -  e, desse modo calculista a política em vez de se sujeitar à espiritualidade subordinada a Deus subordina-se à sede do mando terreno, por sua vez, sujeitado a uma Economia sem rosto.

Foi assim, que ao termo-nos esquecido do  recado de Jesus, viramos o Mundo ao avesso!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O caçador que foi caçado!



O experimentado economista Silva Lopes, na Nazaré 
deu tiros na caça - o Governo em funções - 
mas fez mais: caçou o caçador.

Acontece isto, muitas vezes, quando o caçador de deixa caçar.

Aconteceu isto com o PS, recentemente, nas suas primeiras Jornadas Parlamentares da actual sessão legislativa que tiveram lugar na Nazaré, o local escolhido para, em termos políticos e demagógicos - fazerem a similitude que existe entre as altas ondas naturais do mar da Nazaré, com as ondas, que também são altas, do descontentamento popular contra o actual Governo.
Mas, porque as "alturas" não são comparáveis, o que aconteceu foi um disparate quase infantil, cometido por homens inteligentes que a política cega, quando se dão ao trabalho de comparar o que é incomparável.

A abrir, Alberto Martins, disse logo: A onda da Nazaré é a onda de descontentamento que existe já nos portugueses face a este Governo e face a esta política.
Eis, aqui, o desconchavo da similitude a que aludimos.
Depois, acertou o passo e falou com imagens mais perfeitas, dizendo que as Jornadas ocorrem num período político singular em que o país está a terminar o programa de ajustamento económico e financeiro e apresentou o óbvio: Há em Portugal um crescente aumento do desemprego, da pobreza, da emigração e da desagregação social. Verifica-se também uma total ausência de perspectivas estratégicas para Portugal.

E isto, infelizmente, é verdade.

O que custa é não haver a humildade socialista de fazer "acto de contrição" dos erros que cometeram, recentemente, nos seis anos que governaram Portugal para não falar dos anteriores.
Foi preciso vir um dos convidados, o experiente e rotinado economista Silva Lopes, que sem deixar de criticar o Governo, veio dar-lhes um puxão de orelhas, apontando-lhes o dedo no dia 25 de Fevereiro de 2014 e fê-lo com dor para os seus espantados ouvintes, ao dizer que o secretário-geral do PS, António José Seguro deveria ter mais contenção ao pedir a restruturação da dívida tentando uma renegociação.
Reconhecendo que a projecção da dívida internacional é medonha, alertou para o facto de não ser esta a altura de estar a fazer a reestruturação. Ia fazer com que a nossa situação fosse ainda pior do que já é.

E houve mais puxões de orelhas, como o de se manifestar muito desiludido por entender mal feito o acordo que o PS votou a favor sobre a reforma do IRC: que era boa  para indivíduos com acções da EDP,  mas não para a economia. Só serve para fazer transferências de rendimentos para os que têm acções de companhias rentáveis, terminado, por criticar José Sócrates, lembrando os investimentos feitos no passado sem qualquer ganho para o país, deixando no ar as dívidas feitas, especialmente a partir de 2008, e ao atacar o actual sistema de pensões, manifestou pouca esperança numa inversão ao nível do combate aos interesse, mesmo com um executivo do PS.

Politicamente, o convidado foi incorrecto tendo em conta o que os convivas queriam ouvir, mas intelectualmente comportou-se com a compostura que devem ter os homens íntegros, desagradando, embora, aos que o queriam apenas centrado a zurzir no Governo e não no "impoluto" PS que de caçador - mas cheio de culpas que não reconhece -  passou a ser caçado!
Silva Lopes disse verdade e, às vezes, as verdades são duras, mas a grande lei da Democracia é esta e o PS conhece-a bem porque ajudou a fundá-la: não se pode aprisionar o pensamento!

E isto fez-me lembrar um tempo passado em que ia acontecia e de que é exemplar a quadra brejeira, que no romance "As Pupilas do Senhor Reitor", Júlio Dinis nos relata ao apresentar um zombeteiro campónio a cantar a Daniel uma quadra, a propósito das muitas atenções que ele dava à Clara mas sem ter êxitos aparentes, algo que lhe mereceu uma acerba crítica, advertindo-o de não mais lhe admitir uma cantiga semelhante.
Eis a quadra:
Caçador que vais à caça
Muito bem armado vais; 
Os olhos levas por armas
E em vez de tiros dás ais.

Voltando ao PS e às suas Jornadas Parlamentares, temos que:

1 - A coutada da caça foi a Vila da Nazaré.
2 - A caça procurada foi: Passos Coelho.
3 - O caçador principal foi:  António José Seguro.
3 - O caçador que foi caçado: (o caçador principal, António José Seguro).

Voltando à quadra de Júlio Dinis - e aqui, julgamos fazer similitudes com algum sentido -  temos: 

1 - Que António José Seguro não foi, afinal, muito bem armado como deve ir um caçador que vai à caça.
2 - Que as armas que levou para a coutada da Nazaré eram, para além de outras, os seus olhos assestados em Silva Lopes - e, sobre isto, tiro-lhe o meu chapéu por deverem ser assim as nossa armas - só que os seus olhos erraram ao ver no reputado economista um aliado incondicional,mas o  tiro nem sempre deu certo no alvo... que se ficou a rir!
3 - Que, mercê dos seus olhos o terem enganado, os tiros que ele queria dar - alguns saíram de pólvora seca - e, por isso, em vez dos almejados tiros explosivos o que aconteceu foram ais... como diz a cantiga de Júlio Dinis.

Concluindo, diremos: hão-de acontecer sempre "ais" assim com todos aqueles que não põem a mão no peito e só vêem coisas mal feitas no parceiro do lado, não cumprindo com eles o ensinamento bíblico de não se ver nos nossos olhos a trave que transportamos,  mas ver - e bem - o argueiro nos olhos dos outros.
Ou seja, falta o espírito alto de Deus em muitos campos - não só políticos -  e impera, por demais, o espírito rasteiro de um Mundo que se quer regido, apenas, pelas regras dos homens.


Longe, eu sei...




Vou estrada fora, só!
Gelado deste frio de solidão
Em busca duma aurora, dum sol quente...
Que não quero mais noite, não!

Vou errante, cego da treva,
No meu passo miúdo e inseguro.
Levando a visão duma aurora longe
Que há-de, enfim, trepar sobre o meu muro!

Vou serenamente, aquecendo a noite fria
Nos meus poemas, sem deles fazer alarde.
Longe, eu sei, está o grande dia
Rasgando a noite frisa onde o meu sonho arde!


(Nota: Poema publicado na Imprensa Regional - 1977)

Poema Triste


O Grito- Quadro de Edvard Munch (1893) 
Cópia in, Wikipédia



Ah! Que se pudesse
Abarcava todo o mundo num s+ó grito,
E o grito a fúria detivesse
E a maldade, o ódio, a desventura!

Que fosse
Um grito enorme, feiro d'amargura
Que trago de sobejo
Em cada olhar, em cada passo, em cada gesto!

Ah! Que se pudesse
Erguia um grito colossal
E nunca mais este, assim:
Brando e rouco
Que derrotado sai
E só tem eco em mim!


Nota : Poema publicado em LIvro


Determinação



(In Citador, com a devida vénia)


Eu hei-de um dia
Ter a "virtude"
De esquecer que trago coração no peito
E ser rude,

Como a chuva que bate na piçarra
Sabendo que a fustiga;
Ou como a formiga rindo da cigarra
Lembrando-lhe a cantiga!

Ser rude,
Mas não tanto
Que passe por uma criança
Sem lhe sentir encanto!


Comentário




Nesta manhã
Magnificente
A Natureza é minha irmã
E, talvez, de toda a gente!

Avezitas que cantais
Querendo ir mais além.
Vede:
 Somos iguais!

Até,
No modo como damos à vida
De bos fé
O nosso canto de aves sem guarida!

Somos iguis, iguais!


(Nota: poema publicado em Livro)


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

De Mãos Vazias







E agora,

Que fiquei de mãos vazias
Só porque dei àquele mendigo
O sol do meu abrigo,
E a esmola que reparto 
Por alguns, todos os dias?

E agora,

Que vou dizer àquele infeliz
Que espera, como se eu fosse a Vida,
A minha passagem, sempre à mesma hora?...
E àquele petiz esfaimado,
com olhos de luar?

Vou dar-lhes esta mão aberta
De onde só a Dor pode cair?...
Ah! A fome dos pobres,
Certa... 

E sem a todos acudir!

Que não falem hoje deste planeta
Onde a Dor é um Mar de Fel
com marés vivas a bramir!


(Nota: Poema publicado em Livro)

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Por a flutuar - a um vento uníssono - a Bandeira Portuguesa



Há momentos especiais 
em que um povo adulto deve enrolar as bandeiras de cada facção política 
 e erguer - bem alto - a bandeira que a todos congrega





Passos encerrou o 35º Congresso do PSD - 21 a 23 de Fevereiro de 2014 - com um novo apelo ao PS para que celebrem um acordo de longo prazo para o pós-troika.
"Não precisamos de ter um contrato para saber o que precisamos de fazer", disse o primeiro-ministro, repetindo várrias vezes a ideia de que as medidas e reformas que Portugal precisa para o futuro e sobretudo para o pós-'troika podem ser decididas entre os partidos.
"Não precisamos dessa muleta [troika]", disse Passos, pedindo a Seguro que apresente as suas medidas e alternativas, lembrando, até, que as divergências entre ambos não são "profundas".
Num recado para dentro do partido e para o País, Passos voltou a avisar que a saída da 'troika' não significa que termine o esforço, "Não vamos andar sobre um precipício, mas é um caminho muito difícil", alertou. Convidamos todos os partidos a poderem exprimir a sua proposta.

in, Jornal “Económico” de 23 de Fevereiro de 2014, com a devisa vénia.




Vai ser difícil, mas não impossível, que isto aconteça com os protagonistas em presença.
E vai sê-lo, porque se radicalizaram as posições. E vai sê-lo, ainda, porque António José Seguro é um homem acossado dentro do seu próprio Partido, onde imperam uns certos senhores que a todo o custo - mesmo que seja à força como aconteceu com o recente  e destrambelhado discurso de Mário Soares na Aula Magna, em Novembro de 2013 -  julgam que a Revolução ainda não acabou.

António José Seguro tem de perceber - e ele é um jovem político - que urge demarcar-se dos que o empurram para a frente e marcar o seu passo, começando por assimilar que Mário Soares num dado tempo, quando viu Portugal a afundar-se enrolou a cartilha do Socialismo na gaveta, razão porque, os portugueses não hão-de perdoar a Seguro que ouça os políticos ultrapassados e não se ouça a si mesmo.

Neste momento de grandes dúvidas quanto ao futuro de Portugal a bandeira maior que qualquer português - político ou não - tem de erguer é a nobre Bandeira de Portugal.
Como sou um homem de fé, penso que num futuro próximo se vão  enterrar os "machados de guerra" e por a flutuar a um vento uníssono o símbolo nacional que a todos congrega.
Que este sentimento pátrio não valha, apenas, para o futebol...




7º Domingo do Tempo Comum - 23 de Fevereiro de 2014 - Ano A



Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece- lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito». (Mt 5, 38-48)

Decididamente, Senhor, 
puseste um ponto final
na velha "lei de talião"
com a força amorosa da Lei
de um Tempo Novo,
que ao reprovar os cruéis desejos
de vingança,ou represália, 
que eram procedimentos contrários
à caridade que querias implantar
foi, efectivamente, e para sempre
a "pedrada no charco" que faltava.

Como Tu, Senhor, és Bom e Sábio!

Mandando-nos amar os nossos inimigos
e rezar pelos nossos perseguidores,
resumiste estes dois preceitos 
no dom maior que trazias!
Não retribuir o mal com o mal,
mas fazer o contrário: 
vencer o mal com o bem!

Foi quanto fizeste.
E por essa Lei tudo sofreste,
porque bebeste até à última gota 
todo o mal que Te fizeram...
e não recuaste um passo, que fosse!
E, até,
no aceno maior do Amor que devias a  Deus,
pediste-Lhe que perdoasse aos verdugos
toda a incompreensão,
todos os escárnios e a Dor da Cruz!

Senhor, como Tu és Grande
e eu tão pequeno!
Que leio e medito nas Tuas Palavras
e fico, mais uma vez,
a pedir-Te força para as cumprir,
como Tu queres!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Acab e Nabot: uma história exemplar!



Aos materialistas custa a compreender o motivo que leva certos homens enraizados no espírito do Evangelho, ou simplesmente, arreigados no comezinho espírito terreno a guardarem um religioso respeito pelos seus bens.
Há quem julgue que eles procedem assim por teimosia, porque estando cegos pela sua ambição não são capazes se medir a profundidade espiritual que está patente no acto de salvaguardar os bens herdados, legados ou adquiridos e que constituem sempre vínculos de amor, uns a unir um tempo que passou e outros a testemunhar um tempo presente.

Esta história,  bem medidos, tem dois milénios e cerca de mais duas centenas de anos.

O rei de Samaria, Acab (875-853) e Nabot, dono de uma vinha em Jezrael, são dois protagonistas bíblicos que incarnam perfeitamente o que atrás se diz, constituindo as suas atitudes uma história exemplar.
A vinha de Nabot situava-se junto do palácio de Acab, sobre a qual o rei mantinha uma antiga cobiça desmesurada a que não eram estranhos os desejos da sua ímpia esposa Jezabel, que o corrompeu, a ponto de um dia ter levado Acab a interpelar Nabot com estes termos:

- Cede-me a tua vinha, a fim de que me sirva para fazer uma horta, pois fica junto da minha casa. Dar-te-ei em troca uma vinha melhor, ou se te convier, pagar-te-ei o seu valor em dinheiro. (1 Rs, 21,2)

Acab cometeu o erro comum que costuma haver com todos os mal prevenidos ou insolentes e que continua hoje, presente nos homens que julgam que tudo é possível comprar com o aceno do dinheiro, esquecendo-se - ou omitindo - que há valores inegociáveis e, esses, são, precisamente os valores engrandecidos pelo amor de quem os recebeu ou conquistou.
Nabot agiu, de imediato, em defesa desses valores, achando vil a proposta do rei, ripostando com azedume:

- Pelo Senhor! Seria um sacrilégio ceder-te a herança de meus pais! (1 Rs, 21, 3)

Pagou caro pela ousadia.
Vítima de uma cabala armada para o efeito é acusado de blasfémia contra Deus e contra o rei,  não tradando a ser condenado a morrer apedrejado.
O rei Acab vingou-se, depois de ter arregimentado os verdugos, que infelizmente aparecem sempre, quer por medo, por dever de cega obediência ou outro motivo qualquer, pois existem - e por demais - os que se dispõem a servir o déspota em desfavor do íntegro.

Esta história, convém, não ser esquecida.
Velhinha de milénios, mostra bem como o homem, feito embora, à semelhança do Criador é capaz de se comportar como uma besta, se se deixa colocar ao serviço do génio do mal que anda por aí, à solta.
Transcorreu o tempo, mas não esqueçamos:  a loucura de Acab impera ainda, e vive ao nosso lado nos homens àvidos de tudo poderem comprar, mesmo contra a vontade dos que não estão dispostos a satisfazer os seus caprichos.

Os "Andaimes Humanos"!



D. Helder da Câmara (1909-1999), que foi Bispo de Olinda e Recife, deixou-nos esta imagem literária que é uma joia dos seu espírito, e um retrato vivo do profundo humanismo com que exerceu a sua missão de homem de Deus:


Quando assistires
à retirada dos andaimes,
contempla - é claro - 
o edifício que surge.
                             Mas pede pelos andaimes,                         
pois é duro
servir de suporte
à construção,
ser necessário à obra
e na hora da festa
ser retirado como entulho!


D. Helder ao usar o andaime vulgar da construção, o que fez foi o uso desta linguagem figurada para nos falar do homem concreto, onde deixou indelevelmente impresso todo o amor cristão do grande sacerdote que foi.
Ao chamar a nossa atenção para os "andaimes humanos" como é sugerido neste belo poema de dor humana, lembremo-nos deles e agradeçamos a Deus que faz desabrochar flores humanas, como foi este servidos de Deus, que tendo sido cidadão brasileiro se tornou cidadão do mundo, mercê da luta que travou em favor dos mais desprotegidos.

Dos seus "andaimes humanos"!

Imitemos este homem, naquilo de que formos capazes, começando por fazer o propósito de não fazer dos mosso semelhante o "andaime" que se joga fora, como algo sem préstimo no momento em que deixou de fazer falta ao nosso projecto.

Que a fraternidade humana que está patente no texto de D. Helder seja a nossa bandeira maior.

Entendamos, humildemente, que nunca é exclusivamente fruto do nosso esforço aquilo que conquistamos, mas é a conjugação de muitos factores é que os tornam possíveis e, por isso, olhemos com o amor de Cristo para os "andaimes humanos" que foram o apoio indispensável que nos ajudou a chegar à meta proposta, mas sem nos esquecermos que todos os homens,têm metas para cumprir e só as podem vencer com o nosso apoio.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sim, Sim, Não, Não!




Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não, pois o que passa daí, vem do Maligno.



Na Carta Magna do Cristianismo que é o Sermão da Montanha, num dado momento, logo após a explicitação das Bem-Aventuranças, Jesus, num dado passo (Mt 5, 37) proclamou a célebre frase que devia obrigar todos os homens ao seu cumprimento integral.

Razão, porque, se um dia tivermos de dizer um "não" é forçoso que ele seja de tal modo firme que ao estramos conscientes de imitarmos Jesus, nunca devemos trocá-lo por um "talvez" e muito menos por um "sim".
Para que assim aconteça exige-se-nos que não seja falsa a estrutura moral que nos obrigou a ser radicais no "não" que dizemos se estamos certos da sua justiça.
Ele é - ou pode vir a ser - mais valioso para quem o recebe do que o "sim" enganador que dizemos depois de termos deslizado por um caminho que não elevou ninguém, especialmente, aquele, que tendo começado pela negativa se deixou vencer pela subtileza da artimanha do outro.

Eis, porque, para que a moral não desabe como um castelo de areia, sejamos sempre correctos nas nossas negativas, porque às vezes, há mais amor no "não" que se diz - e mantém - do que no "sim" onde se escondem sorrisos traiçoeiros.

Recordemos que Jesus foi um Meste e falou sempre direito para quem o quis ouvir.
Assim foi ontem. 
Assim tem de ser, hoje!

É preciso fazer todas as pontes



Foto parcial de um diaporama da qual desconheço o autor
e a quem agradeço a benevolência de alguma ilicitude cometida



Neste tempo em que as ideologias se esbateram  - e a esquerda e direita se sentam no Parlamento, deste modo, numa obediência seguidista à Revolução Francesa, mas que hoje não faz sentido - torna-se urgente fazer as pontes políticas que a gravura documenta eloquentemente.
À esquerda e à direita é preciso - e urgente - fazer pontes!
Pontes em todos os sentidos, porquanto, se as não fizermos no breve prazo, o povo pode não vir a perdoar as "manobras" dos bastidores, porque urge salvar a Nação endividada.

Queixa-se o PS - e com alguma razão - de ter sido posto à margem nos primeiros tempos do Governo PSD-CDS, mas não agora, porque há meses, há uma mão que lhe é estendida, não lhe ficando bem fazer de conta que ela não existe em obediência a contas da aritmética do voto, onde se vislumbra, apenas, os cuidados de vir a perder alguns nas próximas eleições para o Parlamento Europeu.

Este é o grande problema da Democracia parlamentar!
E, no entanto, Portugal espera pelas pontes que é preciso fazer à esquerda e à direita, para que no fim o caminho a percorrer seja mais rectilínio.
Será que vamos fazer essas pontes?
O bom senso diz que sim e a "cartilha" partidária, o que diz?
Ficamos à espera para ver.
O nacionalismo - meus senhores - não é uma palavra satânica, mas tão somente, uma palavra que devia honrar os grandes homens!


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Verdade revelada - actual hoje e para sempre!



Um dos nossos males - talvez o mais estulto da sociedade que temos - que alguns apelidam de "moderna" sem se aperceberem que ela está enferma de uma doença que dá pelo nome de " modernismo" provindo da falta de aprofundamento espiritual que certas élites do pensamento se recusam a admitir.

E o que é mais estranho - e doloroso - é que são elas, por artifícios de tal modo elaborados que nos escapam, que tem na mão,  em muitos e importantes campos o destino não só de grupos específicos, como até o Poder instalado, que recusa, liminarmente, a procura da Verdade revelada e que continua actual, hoje e para sempre, não se compadecendo  com a desenfreada falta de senso comum baseado na justiça da fraternidade verdadeira e que,  com artes e manhas, tende a instalar-se como sendo uma verdade que não cuida do saber sábio da Verdade, que é única e irrevogável, enquanto ela não passa de um assomo de uma verdade envergonhada, mas que tende a existir por cima do barulho e da confusão instalada pelos homens.

O grande problema que subsiste é que, os homens desalinhados com a Verdade revelada - algo que aconteceu e tem relato histórico no tempo e no espaço - é que quando se quer discernir, não raro, usamos em primeiro lugar a cabeça e só depois o  coração, morada do Espírito.

S. Paulo, que foi ontem - como é hoje - um pensamento sábio, ao falar num certo dia aos romanos, disse-lhes esta coisa fantástica: o que sonda o coração sabe os desejos do Espírito (Rom 8, 27)

Porque nos falta isto, a nossa sociedade moderna, vivida e entendida como um corpo actuante perante um tempo, que é, efectivamente, de agora -  não pode nem deve comportar-se como um tempo que já passou -  mas não pode, nem deve esquecer-se que há leis imutáveis da Verdade, que um dia, fez ecoar a sua trombeta desde o monte das Bem-Aventuranças até ao fundo, onde corre hoje - como então - o Mar de Tiberíades.

Uma profecia antiga a roçar o moderno!



O meu amigo possuía uma vinha numa fértil colina. Lavrou-a e limpou-a das pedras, plantou-as de cepas escolhidas. No meio dela ergueu uma torre e escavou um lagar. Esperava que viesse a dar uvas, mas ela só produziu agraços. E agora, habitantes de Jerusalém, e vós, homens de Judá, sede juízes entre mim e a minha vinha: Que mais podia fazer à minha vinha que não tivesse feito? E quando eu esperava que viesse a dar uvas, apenas produziu agraços. Agora vos direi o que vou fazer à minha vinha: vou tirar-lhe a vedação e será devastada; vou demolir-lhe o muro e será espezinhada. Farei dela um terreno deserto: não voltará a ser podada nem cavada, e nela crescerão silvas e espinheiros; e hei-de mandar às nuvens que sobre ela não deixem cair chuva. A vinha do Senhor do Universo é a casa de Israel e os homens de Judá são a plantação escolhida. Ele esperava rectidão e só há sangue derramado; esperava justiça e só há gritos de horror. (Is 5, 2-7)
.......................................................................

Isaias viveu Há 900 anos.
Situa-se este profeta no tempo em que viveu, para que uma ilação moderna, de algum modo, se possa assentar em cima de uma história tão antiga.

No nosso tempo, a vinha-Europa - que um dia, bem recentemente, acolheu os lavradores que somos - foi lavrada pelos melhores e reluzentes arados a que se seguiu o saneamento da terra, livrando-a de pedras e a seguir foi feita a sementeira das várias castas de uvas.
Tudo muito bem feito.
Que mais se podia fazer para que ela desse uvas da melhor qualidade?
Mas, parece, que foi em vão algum do trabalho, porque nem todos os chamados para cuidar da vinha eram bons vinhateiros.

Queira Deus que não venha a acontecer com a vinha-Europa o que foi profetizado  por Isaías, ao referir-se a Israel e ao povo de Judá, porque era esperada a rectidão e a justiça - tal como o profeta desejou -  e o que vemos, ao pensar na vinha-Europa, está longe de corresponder ao sonho de homens que julgaram ver no Velho Continente um espaço de concórdia e de fraternidade humanas, imperando, em vez disso, a falta de solidariedade e de amor entre os vinhateiros, onde estamos incluídos.

Que a alegoria da vinha profetizada por Isaías não passe de uma história antiga, sem cabimento no tempo que passa!


Para onde caminhamos?


Para onde caminhamos?
Em que quadrante se situa a porta grande por onde o nosso povo há-de entrar vitorioso na senda do futuro?
Em que "Arco do Triunfo"  havemos de entrar cantando a "Portuguesa"?

É urgente.
Não podemos demorar o encontro feliz com a aurora que sonhámos, até porque a noite está sendo longa demais para as nossas incontidas ansiedades de construirmos um povo adulto, libertado das tutelas que nos desgastam o brilho da raça de onde provimos.
É já uma noite longa. Longa demais.
E de tal modo o é, que o nosso esforço  gigante para continuarmos de pé nos está a tornar anões e nos martiriza, a ponto de muitos de nós, já terem dobrado o joelho, cansados duma espera inglória.
E há, os que caíram para sempre, continuando vivos... nas sem esperança!

E há os mortos, vítimas de um combate sem fim, que beijaram a terra fria dos covais sem terem sentido a felicidade da liberdade total e para os quais tangem a finados os sinos das nossas almas, que apesar de tudo, não deixam se sonhar com uma nova madrugada, apesar de cansados de tantas madrugadas frias.

Temos fome de viver, mas de viver, realmente!
Estamos fartos de atoleiros e os nossos pés já não atinam com a passada seguinte.
Temos cardos, silvedos e matagais. Espinhos e dores caladas.
Misérias e fomes escondidas.
Tem dores agudas os que continuam de pé, num imenso plantão.
Para onde caminhamos?
Eis a pergunta que nos assalta quando vemos os homens mais responsáveis a não entendem, pelo facto dos votos nos Partidos que representam se sobreporem à entidade nacional?
Para onde caminhamos?


Todos somos culpados!


Hoje está um dia cinzento, dos muitos que temos tido neste Inverno agreste.
O Céu plúmbeo, chora. 
Nós já não choramos e temos lágrimas.
São interiores e vivemos afogados nelas, com a particularidade de não serem verdadeiras. 
São ânsias e desesperos. Desenganos, até.

Muitas delas são ilusões perdidas. 
Sonhos que tivémos, lindos como papoilas em verdes campos de trigo. 
Tudo se foi esfumando, como se tudo fora uma Primavera que se anunciou, ridente, e já não existe.
Somos um povo igual àquele que vem arrostando canseiras e lutas e nos antecedeu há muitas centenas de anos, continuando como ele, falho de alegria, acrescida, hoje, mais um vez, de nos sentirmos vergados à dívida e à protecção internacional que vai continuar depois de 17 de Maio de 2014 - fim do actual resgate - a cuidar do modo como gerimos as nossas contas. Uma vergonha!

- Porquê?... porquê?

Esta interrogação cresce em nós e ninguém responde.
Mas, intimamente, uma voz sem eco diz-nos que a nossa tragédia tem sido a falta de cultura.
Nós, os mais velhos, estamos a perder a seiva de onde a Pátria se alimentava e os nossos filhos, lançados fora como apátridas vão dá-la a povos estranhos, ficando por lá muitos deles.

Resta-nos a esperança das novas gerações não virem a ser vítimas - como nós  fomos - de sonhos incumpridos, de bandeiras desfraldadas a um vento anunciado como amigo, e possam reerguer esta Pátria falida.
Podia apontar e culpar os mentores da falsa esperança que nos deram.
Mas não o faço. Deus que me guia não me deixa estender a mão e apontar culpas.
Todos somos culpados!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Ser luz para alguém!


O disco do Sol, ao fim da tarde, quando esta caía lentamente no horizonte, pareceu-me que cindia o monte altaneiro que se erguia em brasa, e à medida que o "penetrava" deixou que o recorte dos pinheiros se mostrasse nítido e garboso.

Foi uma cena breve, porque rapidamente o Sol se afundou, dando origem à mudança de cena, como se de um teatro se tratasse e, ao longe, escondido, ao porte altivo das árvores sucedeu a moldura de uma sombra indistinta.

Do fulgor passara-se a um cinzento triste, que daria por fim, abertura ao portal da noite.

Após isto, pensei, que no mundo há homens que só brilham como se fossem sóis e se recortam na paisagem humana porque têm por detrás a luz de alguém, tal como os pinheiros do monte que tiveram a luz do Sol... e, outros, que não tendo essa luz, passam como sombras iguais, às que ficaram no monte quando o Sol se escondeu!

Concluí, depois, numa meditação simples e humanista, que os homens que deixaram de brilhar por este motivo, mas tendo sido fadados por Deus para serem luzes no mundo - têm de continuara a lutar contra um Sol qualquer que fugiu -  porque  é urgente ser luz para alguém!


O vazio espiritual da Europa


Atribui-se a André Malraux este dito: O século XXI será religioso ou pura e simplesmente não será, e isto pressupõe que a velha Europa onde grassa, actualmente, um inquietante vazio espiritual, mercê de uma civilização racional mas pouco espiritual, que não está a dar ao homem razões de viver, leva-nos a concluir que este Continente que levou séculos a passar da Idade Média, o que originou foi que, alguns Países e, dentro deles, alguns movimentos de índole social - contrapondo-se à modorra que efectivamente existiu - aceleraram de tal modo o percurso que os valores antigos foram postos em causa ou, simplesmente, esquecidos, quando deviam ter sido preservados para além de todas as mudanças.

Assim aconteceu em Portugal.
Após a falta de vivência democrática durante muitos anos, determinadas liberdades foram entendidas como bens absolutos e esquecemo-nos que a vida social - onde o braço da espiritualidade não podia ter deixado de chegar - devia exigir o respeito e não o seu atropelo. 

Não podemos aceitar a falta da assunção de valores, porque é pela sua ausência que deixa de existir o que há de mais profundo no homem, passando a ser verdade - mesmo o que ultrapassa a sua finitude - o que ele assume como verdadeiro e é, quantas vezes, aquilo que mais lhe convém admitir, sem se dar conta do vazio em que, não raro, vive a sua moral racional, ao permitir como válidos caminhos culturais onde falta o Amor e a Justiça, que não podem existir na base de conceitos errados que causam a destruição do homem.

Não podemos aceitar que vivam só e de peito feito os filhos de Caim, pela subjugação de todos os filhos de Abel, porque a ser assim, a Europa ao ter deixado, conscientemente, de ser a construtora da verdade, está a calcar sobre si mesma a civilização do Amor, ao esquecer o espírito que vive no homem, a que Bertrand Russel chamou uma máquina estranha que pode realizar as combinações mais extraordinárias com os materiais que lhe são oferecidos, mas sem esses materiais do mundo exterior é impotente; (...) 
Por isso o homem cuja atenção se desvia para dentro de si nada encontra digno de observação, ao passo que o homem atento a tudo o que o rodeia pode encontrar em si próprio, nos raros momentos em que contempla a sua alma, um conjunto de elementos, os mais variados e interessantes, para serem examinados e reunidos em motivos belos ou instrutivos.
 in "A Conquista da Felicidade"

Que este profundo pensamento do filósofo ajude os homens desta velha Europa a não olharem, apenas, para o seu umbigo e passem a olhar para dentro da sua alma, onde se  esconde a verdade que é atropelada em cada dia e em cada Nação.

6º Domingo do Tempo Comum - 16 de Fevereiro de 2014 - Ano A


Cumprimento da nova Lei.
A nova justiça e os 2º, 5º, 6º e 9º Mandamentos

Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus. Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus. Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus. Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, mas quem matar será castigado pelo juízo do tribunal. Mas eu vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: Raca, será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: Louco, será condenado ao fogo da geena. Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo. Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.  Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração. Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena. Foi também dito: Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério. Ouvistes ainda o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo tornar-se branco ou negro. Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno. (Mt 5, 17-37)


Senhor Jesus:
Como são belos e de tons variados
os quadros que podemos pintar 
com a paleta divina das Tuas Palavras!
E como é belo o quadro
em que deixaste estampado o modo 
como havia de ser cumprida
a Lei Eterna de Deus na sua forma definitiva!

Nesse quadro belíssimo,
Tu, Senhor, não rasgaste o Pentateuco, 
nem os Profetas, ou seja, 
- os restantes Livros - do Antigo Testamento.
mas, tão só, quiseste dar-lhe a perfeição 
do mandato que trazias da parte de Deus
para que uma nova justiça imperasse.

E foste preciso nas palavras,
indicando como norma a seguir
aquilo que se contrapunha à antiga lei:
Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas 
e fariseus, não entrareis no Reino dos céus.

Aperfeiçoaste, Senhor, as Tábuas da Lei
que Deus havia escrito a letras de fogo
e os homens haviam deturpado.
Aos sacrifícios e oferendas contrapuseste
a reconciliação fraterna na linha da caridade,
e a todos obrigaste a não jurarem falso
invocando o santo nome de Deus!

Sim sim! Não, não!

Eis a senha que deixaste 
e nem sempre cumprimos, porque, Senhor, 
nem tudo fazemos, como queres
e desperdiçamos a Tua Sabedoria.
Mas como sabes, 
quando bebemos na fonte do caminho
é muito mais á água que perdemos
que aquela que tomamos.
É isto que fazemos Contigo
de nem sempre aproveitamos 
tudo quanto queres!

Mas, porque  a Tua Palavra é Eterna
há-de vir o dia - que só Tu sabes -  
em que, nem uma só Palavra, havemos de perder!