Pesquisar neste blogue

sábado, 28 de fevereiro de 2015

"A Vida" - Um poema de António Nobre



A Vida


Ó grandes olhos outonais! místicas luzes!
Mais tristes do que o amor, solenes como as cruzes!
Ó olhos pretos! olhos pretos! olhos cor
Da capa d'Hamlet, das gangrenas do Senhor!
Ó olhos negros como noites, como poços!
Ó fontes de luar, n'um corpo todo ossos!
Ó puros como o céu! ó tristes como levas
De degredados!

Ó Quarta-feira de Trevas!

Vossa luz é maior, que a de trez luas-cheias:
Sois vós que alumiais os presos, nas cadeias,
Ó velas do perdão! candeias da desgraça!
Ó grandes olhos outonais, cheios de Graça!
Olhos acesos como altares de novena!
Olhos de génio, aonde o Bardo molha a pena!
Ó carvões que acendeis o lume das velhinhas,
Lume dos que no mar andam botando as linhas...
Ó farolim da barra a guiar os navegantes!
Ó pirilampos a alumiar os caminhantes,
Mais os que vão na diligência pela serra!
Ó Extrema-Unção final dos que se vão da Terra!
Ó janelas de treva, abertas no teu rosto!
Turíbulos de luar! Luas-cheias d'Agosto!
Luas d'Estio! Luas negras de veludo!
Ó luas negras, cujo luar é tudo, tudo
Quanto ha de branco: véus de noivas, cal
Da ermida, velas do iate, sol de Portugal,
Linho de fiar, leite de nossas mães, mãos juntas
Que têm erguidas entre círios, as defuntas!
Consoladores dos Aflitos! Ó olhos, Portas
Do Céu! Ó olhos sem bulir como águas-mortas!
Olhos ofélicos! Dois sóis, que dão sombrinha...
Que são em preto os Olhos Verdes de Joaninha...
Olhos tranquilos e serenos como pias!
Olhos Cristãos a orar, a orar Ave Marias
Cheias de Luz! Olhos sem par e sem irmãos,
Aos quais estendo, toda a hora, as frias mãos!
Estrelas do pastor! Olhos silenciosos,
E milagrosos, e misericordiosos,
Com os teus olhos nunca há noites sem luar,
Mesmo no inverno, com chuva e a relampejar!
Olhos negros! vós sóis duas noites fechadas,
Ó olhos negros! como o céu das trovoadas...

Mas diz, meu amor! ó Dona de olhos taes!
De que te serve ter uns astros sem iguais?
Olha em redor, poisa os teus olhos! O que vês?
O mar a uivar! A espuma verde das marés!
Escarros! A traição, o ódio, a agonia, a inveja!
Toda uma catedral de lutas, uma igreja
A arder entre clarões de cóleras! O orgulho
Insuportável tal o meu, e o sol de Julho!
Jesus! Jesus! quantos doentinhos sem botica!
Quantos lares sem lume e quanta gente rica!
Quantos reis em palácio e quanta alma sem férias!
Quantas torturas! Quantas Londres de misérias!
Quanta injustiça! quanta dor! quantas desgraças!
Quantos suores sem proveito! quantas taças
A transbordar veneno em espumantes bocas!
Quantos martírios, ai! quantas cabeças loucas,
Neste manicómio do Planeta! E as orfandades!
E os vapores no mar, doidos, ás tempestades!
E os defuntos, meu Deus! que o vento trás à praia!
E aquela que não sai por ter usada a saia!
E os que sossobram entre a vaidade e o dever!
E os que têm, amanhã, uma letra a vencer!
Olha essa procissão que passa: um torturado
De Infinito! Um rapaz que ama sem ser amado,
E para ser feliz fez todos os esforços...
Olha as insónias d'uma noite de remorsos,
Como dez anos de prisão maior-celular!
Olha esse tísico a tossir, á beira-mar...
Olha o bebé que teve Torre de coral
De lindas ilusões, mas que uma águia, afinal,
Devorou, pois, ao vê-la ao longe, avermelhada,
Cuidou, ingénua! que era carne ensanguentada!
Quantos são, hoje? Horror! A lembrança das datas...
Olha essas rugas que têm certos diplomatas!
Olha esse olhar que têm os homens da politica!
Olha um artista a ler, soluçando, uma crítica...
Olha esse que não tem talento e o julga ter
E aquele outro que o tem... mas não sabe escrever!
Olha, acolá, a Estupidez! Olha a Vaidade!
Olha os Aflitos! A Mentira na Verdade!
Olha um filho a espancar o pai que tem cem anos!
Olha um moço a chorar seus cruéis desenganos!
Olha o nome de Deus, cuspido n'um jornal!
Olha aquele que habita uma Torre de sal,
Muros e andaimes feitos, não de ondas coalhadas,
Mas de outras que chorou, de lágrimas salgadas!
Olha um velhinho a carregar com a farinha
E o filho no arraial, jogando a vermelhinha!
Olha a sair a barra a galera Gentil
E a Ana a chorar p'lo João que parte p'ro Brazil!
Olha, acolá, no cais uma outra como chora:
É o marido, um ladrão, que vai «p'la barra fora!»
Olha esta noiva amortalhada, n'um caixão...

Jesus! Jesus! Jesus! o que aí vai de aflição!

Ó meu amor! é para ver tantos abrolhos,
Ó flor sem eles! que tu tens tão lindos olhos!
Ah! foi para isto que te deu leite a tua ama,
Foi para ver, coitada! essa bola de lama
Que pelo espaço vai, leve como a andorinha,
A Terra!

Ó meu amor! antes fosses ceguinha...

in, "Só"



"A Vida" é um retrato cruel que António Nobre legou às Letras Portuguesas e é, possivelmente uma das sua composições poéticas mais conhecidas e declamadas, mercê do realismo que ele lhe imprimiu, passando a fazer parte do espólio mais dramático do seu único livro "Só", sobre o qual se têm escrito alguns livros de análise literária, onde o Poeta, pela pena azeda de Albino Forjaz de Sampaio não é poupado a uma crítica acerba, por vezes, a roçar o grosseiro pela interpretação do seu carácter.

Basta ler estes dois trechos dos seu livro: "António Nobre, a sua vida e a sua obra":


Que vereda das mil que se lhe ofereciam o cativou mais ? E em qual, por fim, decidido ou vacilante, abriu a marcha ? Em nenhuma. O seu orgulho enorme, Orgulho insuportável tal o meu,. . . peça saliente, peça-mestra do seu organismo moral, não lhe permitia seguir na esteira de alguém por qualquer desses caminhos, alguém que não visse de certeza ser maior do que ele próprio, alguém que o não soubesse enfeitiçar pela mágica força dum prestígio sobre-humano. Não havendo ali pastor algum com os excelsos predicados, não se arrebanhou. Deixou partir nas várias direcções, para ali, para além, as longas caravanas dos outros poetas, e ficou-se, no meio da encruzilhada — triste, orgulhoso e só. (...)

(...) Exercendo-se, ora sobre a ridente e despreocupada quadra da infância, ora sobre a virilidade explendente da sua raça; e, para mais, com o seu organismo fraco de doente do peito, juntando a tortura física à tortura psíquica originada nos males do mundo: a poesia de António Nobre não poderia resultar diferente da que ele nos deu —triste, elegíaca, febril, ladainhante, supersticiosa, sombria, desesperada, macabra. (...)


António Nobre não mereceu estas cáusticas acusações e devia ter merecido um carinho bem maior de um companheiro das Letras que lhe sucedeu no panorama nacional, porque a doença que cedo o vitimou, tornou-o só no meio de um mundo de contrastes de que "A Vida", o seu poema exaltado perante a vida real que a sua sensibilidade não soube - ou não pode absorver - e que lhe deu motivo para que a visse na realidade dura e crua de uma "Quarta-feira de Trevas!".

Ou seja, passado o Carnaval das ilusões perdidas, passou a viver o seu tempo quaresmal da "quarta-feira de cinzas" e, ao que parece, Jesus que se deixou imolar  - e pelo qual clama por três vezes no poema - não conseguiu despertar a alma de António Nobre para o sacrifício da doença que bem cedo lhe ceifou a vida e foi, talvez, por isso, que o poema  "A Vida" foi escrito tão amargamente, mas bem longe de merecer os sarcasmos de Albino Forjaz de Sampaio, é um poema onde o Poeta não está só, porque o acompanham as dores do mundo onde ele se sentiu por inteiro metido com o seu organismo fraco de doente do peito, tal como o descreve sem dó nem piedade aquele biógrafo que viveu a vida por entre mais sombras que luzes.

Contudo, algo ficou daquele organismo fraco - a força como soube pintar um quadro da vida do seu Porto e da Foz do Douro, dos dramas dos que se iam "p'la barra fora",deixando para trás compromissos assumidos e dos que, cheios de aflições embarcavam para o Brasil, deixando para trás as suas "Anas" na esperança de achar a vida nova que lhes faltava em Portugal.

Só por isso "A Vida" vai continuar a ser lida e declamada porque é um dos monumentos da Poesia Portuguesa!


Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2015 (sic)


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2015
« Fortalecei os vossos corações» (Tg5,8)

Amados irmãos e irmãs!

Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é  sobretudo um « tempo favorável » de graça (cf. 2  Cor6,2). Deus nada nos pede, que antes não no-lo  tenha dado: « Nós amamos, porque Ele nos amou  primeiro »  (1 Jo4,19). Ele não nos olha com indiferença; pelo contrário, tem a peito cada um de nós,  conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa  procura, quando O deixamos. Interessa-Se por cada  um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa connosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente  dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos  interessam os seus problemas, nem as tribulações  e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração  cai na indiferença: encontrando-me relativamente  bem e confortável, esqueço-me dos que não estão  bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um  mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de  enfrentar.

Quando o povo de Deus se converte ao seu  amor, encontra resposta para as questões que a história continuamente nos coloca. E um dos desafios  mais urgentes, sobre o qual me quero deter nesta  Mensagem, é o da globalização da indiferença. Dado que a indiferença para com o próximo e  para com Deus é uma tentação real também para  nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em cada  Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz  para nos despertar. A  Deus  não  Lhe  é  indiferente  o  mundo,  mas  ama-o  até  ao  ponto  de  entregar  o  seu  Filho  pela  salvação de todo o homem. Na encarnação, na vida  terrena, na morte e ressurreição do Filho de Deus,  abre-se definitivamente a porta entre Deus e o homem, entre o Céu e a terra. E a Igreja é como a mão  que mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos,  do testemunho da fé que se torna eficaz pelo amor  (cf. Gl 5,6).  O  mundo,  porém,  tende  a  fechar-se  em si mesmo e a fechar a referida porta através da  qual Deus entra no mundo e o mundo n’Ele. Sendo  assim, a mão, que é a Igreja, não deve jamais surpreender-se, se se vir rejeitada, esmagada e ferida. Por isso, o povo de Deus tem necessidade de  renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo. Tendo em vista esta renovação,  gostaria de vos propor três textos para a vossa meditação.

1. « Se um membro sofre, com ele sofrem todos os  membros » (1 Cor12,26)– A Igreja.

Com o seu ensinamento e sobretudo com o seu  testemunho, a Igreja oferece-nos o amor de Deus,  que rompe esta reclusão mortal em nós mesmos que  é a indiferença. Mas, só se pode testemunhar algo  que antes experimentámos. O cristão é aquele que  permite a Deus revesti-lo da sua bondade e misericórdia, revesti-lo de Cristo para se tornar, como Ele,  servo de Deus e dos homens. Bem no-lo recorda a liturgia de Quinta-feira Santa com o rito do lava-pés. Pedro não queria que Jesus lhe lavasse os pés, mas depois compreendeu que Jesus não pretendia apenas  exemplificar  como  devemos  lavar  os  pés  uns aos outros; este serviço, só o pode fazer quem,  primeiro, se deixou lavar os pés por Cristo. Só essa  pessoa « tem parte com Ele » (cf. Jo 13,8), podendo  assim servir o homem. A Quaresma é um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos  como  Ele.  Verifica-se  isto  quando  ouvimos  a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos,  nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que,  com tanta frequência, parece apoderar-se dos nossos corações; porque, quem é de Cristo, pertence  a um único corpo e, n’Ele, um não olha com indiferença o outro. « Assim, se um membro sofre,  com ele sofrem todos os membros; se um membro  é  honrado,  todos  os  membros  participam  da  sua  alegria » (1 Cor12,26). A Igreja é communio sanctorum, não só porque,  nela, tomam parte os Santos mas também porque é  comunhão de coisas santas: o amor de Deus, que  nos foi revelado em Cristo, e todos os seus dons;  e, entre estes, há que incluir também a resposta de  quantos se deixam alcançar por tal amor. Nesta comunhão dos Santos e nesta participação nas coisas  santas, aquilo que cada um possui, não o reserva  só para si, mas tudo é para todos. E, dado que estamos interligados em Deus, podemos fazer algo  mesmo pelos que estão longe, por aqueles que não  poderíamos jamais, com as nossas simples forças,  alcançar: rezamos com eles e por eles a Deus, para  que todos nos abramos à sua obra de salvação.

2. « Onde está o teu irmão? »  (Gn 4,9)– As paróquias e as comunidades

Tudo o que se disse a propósito da Igreja universal  é  necessário  agora  traduzi-lo  na  vida  das  paróquias e comunidades. Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que  fazemos parte de um único corpo? Um corpo que,  simultaneamente, recebe e partilha aquilo que  Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo-nos num amor universal  pronto a comprometer-se lá longe no mundo, mas  que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada

(cf. Lc16,19-31)? Para receber e fazer frutificar plenamente aquilo que Deus nos dá, deve-se ultrapassar as fronteiras da Igreja visível em duas direcções. Em primeiro lugar, unindo-nos à Igreja do Céu  na oração. Quando a Igreja terrena reza, instaura--se reciprocamente uma comunhão de serviços e  bens que chega até à presença de Deus. Juntamente  com os Santos, que encontraram a sua plenitude em  Deus, fazemos parte daquela comunhão onde a indiferença é vencida pelo amor. A Igreja do Céu não  é triunfante, porque deixou para trás as tribulações  do mundo e usufrui sozinha do gozo eterno; antes  pelo contrário, pois aos Santos é concedido já contemplar e rejubilar com o facto de terem vencido  definitivamente a indiferença, a dureza de coração  e  o  ódio,  graças  à  morte  e  ressurreição  de  Jesus.  E, enquanto esta vitória do amor não impregnar  todo o mundo, os Santos caminham connosco, que  ainda somos peregrinos. Convicta de que a alegria  no Céu pela vitória do amor crucificado não é plena  enquanto houver, na terra, um só homem que sofre e  geme, escrevia Santa Teresa de Lisieux, doutora da  Igreja:  « Muito  espero  não  ficar  inactiva  no  Céu;  o

meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas  almas »  (Carta254, de 14 de Julho de 1897).

Também nós participamos dos méritos e da alegria dos Santos e eles tomam parte na nossa luta e no  nosso desejo de paz e reconciliação. Para nós, a sua  alegria pela vitória de Cristo ressuscitado é origem de  força para superar tantas formas de indiferença e dureza de coração.

Em  segundo  lugar,  cada  comunidade  cristã  é  chamada a atravessar o limiar que a põe em relação  com a sociedade circundante, com os pobres e com os  incrédulos. A Igreja é, por sua natureza, missionária,  não fechada em si mesma, mas enviada a todos os  homens. Esta  missão  é  o  paciente  testemunho  d’Aquele  que quer conduzir ao Pai toda a realidade e todo o homem. A missão é aquilo que o amor não pode calar. A  Igreja segue Jesus Cristo pela estrada que a conduz a  cada homem, até aos confins da terra (cf.Act1,8). Assim podemos ver, no nosso próximo, o irmão e a irmã  pelos quais Cristo morreu e ressuscitou. Tudo aquilo  que recebemos, recebemo-lo também para eles. E, vice-versa, tudo o que estes irmãos possuem é um dom  para a Igreja e para a humanidade inteira.

Amados irmãos e irmãs, como desejo que os  lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se  tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!

3. « Fortalecei os vossos corações »  (Tg 5,8)– Cada um dos fiéis

Também como indivíduos temos a tentação da  indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento  humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa  incapacidade de intervir. Que fazer para não nos  deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência? Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos  a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda  a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e  14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração. Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com  gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de  nós como a quem está longe, graças aos inúmeros  organismos caritativos da Igreja. A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo  outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas  concreto – da nossa participação na humanidade  que temos em comum.  E, em terceiro lugar, o sofrimento do próximo  constitui um apelo à conversão, porque a necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha  vida, a minha dependência de Deus e dos irmãos.

Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então  confiaremos  nas  possibilidades  infinitas  que  tem  de reserva o amor de Deus. E poderemos resistir à  tentação diabólica que nos leva a crer que podemos  salvar-nos e salvar o mundo sozinhos. Para superar a indiferença e as nossas pretensões de omnipotência, gostaria de pedir a todos  para viverem este tempo de Quaresma como um  percurso de formação do coração, a que nos convidava Bento XVI (Carta enc. Deus caritas est, 31).  Ter  um  coração  misericordioso  não  significa  ter  um  coração  débil.  Quem  quer  ser  misericordioso  precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe  impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do  amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo,  um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro. Por isso, amados irmãos e irmãs, nesta Quaresma desejo rezar convosco a Cristo: « Fac cor nostrum secundum cor tuum – Fazei o nosso coração  semelhante ao vosso » (Súplica das Ladainhas ao  Sagrado Coração de Jesus). Teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso,  que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na  vertigem da globalização da indiferença.

Com estes votos, asseguro a minha oração por  cada crente e comunidade eclesial para que percorram, frutuosamente, o itinerário quaresmal,  enquanto, por minha vez, vos peço que  rezeis por  mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora  vos guarde!

Vaticano, Festa de São Francisco de Assis, 4 de  Outubro de 2014


O "sim" e o "não". Será que politicamente valem o mesmo?



in, Jornal extinto "A Bomba" de 1 de Junho de 1912


Eu sei que a vida para ser vivida  - seja-se político ou não - exige sabedoria, sem a qual o que acontece é navegarmos ao sabor da maré, e isto foi e há-de continuar a ser um modo que não abona a favor de ninguém e como se diz: quem semeia ventos colhe tempestades

António Costa com o pequeno discurso ocorrido na reunião com chineses na Casino da Póvoa de Varzim, no dia 19 de Fevereiro de 2015, ao admitir que Portugal está hoje melhor do que estava há quatro anos - viu o que muita gente vê -  mas viu desertar das hostes socialistas o  membro fundador nº 15, Alfredo Barroso.

Depois de conhecidas estas palavras que para o PS foram um tiro no pé, para se justificar teve esta tirada que convém reter: Fico perplexo que pensem que a oposição ao governo me impede de defender o país.

É aquilo a que o povo - que é sábio - costuma chamar: pior a emenda que o soneto.

No decorrer da conferência de líderes do Partido Socialista Europeu ocorrida em Madrid, no passado dia 21 de Fevereiro de 2015, António Costa zurziu no Governo de Portugal, saudando o acordo alcançado para a Grécia e criticou a posição do executivo de Passos Coelho, lamentado que se tenha comportado como sendo  "o campeão do agravar da agonia da austeridade grega" e atribuiu os "pequenos sinais de crescimento" em Portugal, no ano passado às decisões do Tribunal Constitucional que aliviaram os cortes nas pensões e nos salários dos funcionários públicos.

Fica no ar esta pergunta:
Porque, é na reunião do Casino da Póvoa do Varzim enalteceu o sucesso de Portugal, melhor do que estava há quatro anos, afirmação que sugere uma aprovação à política do Governo, e por que é que em Madrid, só viu pequenos sinais de crescimento.

Estranho, não é?
No dia 19 de Fevereiro aplaudiu Portugal... logo o governo de Passos Coelho.
No dia 21 - dois dias depois - não lhe bateu palmas.

... E fica mais esta pergunta:

Ser político é dizer SIM e NÃO, consoante  a plateia para quem se fala?
Se calhar, é...
Eu é que não entendo. O defeito deve ser meu... admito, tal como admito que o PS, com a "arte" que se lhe reconhece vai fazer tudo para que a tempestade acalme, mas que o seu líder deu um motivo de gáudio à oposição, lá isso deu.


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Quem disse isto?


"Como nós dizemos em Portugal, os amigos são para as ocasiões. E numa ocasião difícil para o país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os chineses, os investidores disseram presente, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar hoje na situação em que está, bastante diferente daquela que estava há 4 anos. E queria agradecer à China todo o apoio que nos deu e que certamente não esqueceremos e que é um sinal do muito que ainda temos para desenvolver nas relações entre todos nós" 


Quem disse isto?
Alguém para elogiar o Governo de Passos Coelho?
Não foi, não senhor.
Foi António Costa, o líder do Partido Socialista,no passado dia 19 de Fevereiro de 2015 no Casino da Póvoa de Varzim perante chineses radicados em Portugal durante as celebrações do Ano Novo Chinês - o "Ano da Cabra"

António Costa foi apanhado.

Acontece aos melhores, mas o que custa a entender é o motivo que o levou a falar daquele modo.
Será que já se julga Primeiro-Ministro de Portugal e quer agradar aos chineses?

E agora não vale o PS vir tentar abafar o caso. As palavras são claras: os amigos são para as ocasiões. E numa situação difícil para o país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise... os chineses acreditam em nós!

Passos Coelho não falava melhor, pelo que tem de agradecer a António Costa pelo facto da boca lhe ter fugido para dizer a verdade.

Engraçado é que ontem, para o PS aquelas palavras revelavam "sentido de Estado" mas hoje, não é assim... 


in, www.sapo.pt

... é "uma frase imprecisa", no dizer de Ferro Rodrigues.

Isto é impreciso?
Meus Deus... mas que grande cambalhota!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

"Quem paga adiantado... poupa nos juros"





Penso, que o Governo de Passos Coelho tirou um coelho da cartola, um facto que, se Portugal fosse, democraticamente, um País adulto deveria merecer o aplauso de toda a oposição, porquanto, procura não delegar para as gerações futuras - nesta parte da dívida ao FMI - os juros que teremos de pagar em virtude do empréstimo que nos foi concedido em 2011, se como refere a nota inserta no rodapé da foto,  os credores não levantarem obstáculos e os mercados derem uma "ajuda", Portugal vai pagar ao FMI mais de metade da sua dívida já nos próximos dois anos e meio, ou mesmo antes. (,,,)

Como tudo se encaminha para que tal aconteça, no meio de tanta austeridade a que Portugal foi sujeito a "aluna" do senhor Wolfgang Schäuble, o Ministro das Finanças alemão - como depreciativamente a nossa oposição canhestra a costuma rotular - vai ter uma poupança considerável estimada em 500 milhões de euros em apenas dois anos e meio.

O que a oposição recusa ver é que Maria Luís Albuquerque não é aluna de ninguém, mas colega do senhor Schäuble, cometendo o "pecado" tão lusitano do despeito, senão de um "ciume político" que não consegue disfarçar...

A esta atitude sensata chama-se acautelar o futuro dos nossos filhos e netos, que não têm o direito de pagar as dívidas que os seus antecessores criaram, tenham sido ou não governantes, porque uma geração, ou gerações que permitem que um ou mais Governos endividem o País, faz que todos sejam culpados.

Eu tenho a minha culpa!

Que nos sirva a lição da bancarrota do século XIX, quando os credores externos recusaram a aceitação do papel-moeda emitido pelo Banco de Portugal, um facto que conduziu ao "default" de Junho de 1892 que se havia de traduzir, quando em 1902 os nossos credores por via de não terem obtido novos empréstimos levaram a que a nossa dívida tivesse sido convertida num novo empréstimo amortizável a 99 anos e cuja liquidação só terminou no ano de 2001, o que prova que os desmandos governamentais dos Governos de uma Monarquia terminal veio a ter repercussões gravosas em várias gerações.

Por isso é de aplaudir o Governo de Passos Coelho, na expectativa de vir a ser bem sucedido relativamente à parte da dívida contraída junto do FMI.


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

António Costa "vira o disco"...



in, Jornal "i" online de 24 de  Fevereiro de 2015



Vira o disco...

António Costa em 25 de Janeiro viu como acima se pode ler na vitória eleitoral do partido grego Syriza algo que dava força para seguir na mesma linha, para um mês depois, de ter dormido o "sono dos justos" vir dizer, em Cascais, numa conferência promovida pele Revista "The Economist" que, numa união a 28 não é possível prometer um resultado que depende de negociações com várias instituições, múltiplos governos, de orientações diversas,

Com esta afirmação António Costa esquece a euforia anterior o que não pode de nos deixar perplexos porque é este senhor que pretende governar Portugal nas próximas eleições legislativas, provando que é alguém que conduz o seu barco político ao sabor das marés e isto - na minha opinião - não abona do homem de Estado que tem de ser o próximo Primeiro.-Ministro de Portugal.

É que esta afirmação está em contraponto com aquilo que na Grécia o partido Syriza andou a prometer ao povo e com tais promessas ganhou as eleições, o que prova que a afirmação de António Costa de 25 de Janeiro foi um tiro mal dado, mas - tiro é tiro - e furou o alvo e a sua reparação em 24 de Fevereiro, porque o furo foi muito grande vai levar tempo a reparar...

Vira o disco... e, efectivamente, a música virou mesmo para António Costa.

Hoje, em Bruxelas, aconteceu o mesmo.
O Syriza teve de meter a viola no saco e agora só lhe resta dizer ao eleitorado a quem acenou com os tais amanhãs que cantam - iguais aos nossos - que afinal os amanhãs que se seguem, afinal, não se podem cantar como foram ensaiados... porque há letra, mas falta a pauta que alindou a música melodiosa dos tempos eleitorais.

Que se nos aproveite a lição.
Que nas futuras eleições legislativas não se cantem músicas... que depois se tenham de meter no saco.
Penso - sinceramente - que António Costa com o seu discurso em Cascais começou a aprender a lição.


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Os nossos "amigos" gregos!


Março de 1985. Estávamos a três meses da cerimónia de assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), no Mosteiro dos Jerónimos. Os portugueses estavam na expectativa de ser confirmada a entrada no novo El Dorado económico que iria salvar o país das bandeiras negras da fome do bloco central. Mas uma surpresa de última hora veio de Atenas: "Gregos mantêm veto contra o alargamento." Era a manchete do "Diário de Lisboa" de 28 de Março. A Grécia tinha entrado para CEE em 1981 e tinha receio de perder fundos europeus para os países ibéricos, mais pobres. Dito de outra forma: os gregos ameaçavam bloquear o alargamento (as decisões eram por unanimidade) e queriam aumentar o seu quinhão dos fundos estruturais. A ameaça, feita por um socialista (o histórico primeiro-ministro Andreas Papandreou), deu resultado: os gregos receberam um cheque adicional de 1,7 mil milhões de euros.(...)

Texto parcial do Jornal "i"online, de 21 de Fevereiro de 2015 (sic)

..........................................................................................................................

Que isto sirva para aqueles que andam, agora, cheios de pena da Grécia, não se coibindo de adjectivos para mimosearam a Ministra das Finanças Maria Luis Albuquerque e o Primeiro-Ministro Passos Coelho, sobretudo que isto sirva para o Partido Socialista português, que naquele tempo teve como nosso grande opositor o seu camarada o Presidente do PASOK, o senhor Andreas Papandreou, que recuou a admitiu a nossa admissão - que tinha de ter a unanimidade de todos os Estados - a troco de lhe terem dado a contrapartida de mais dinheiro.

São assim os "nossos amigos gregos"... que tanto entusiasmam, agora, alguns portugueses que deviam ter mais contenção.

Somos, efectivamente, de memória curta quando vemos, agora o PS português tão acirrado contra o Governo que vê alinhado com a Alemanha, esquecendo o que fez a Portugal o PS grego, o que é sintomático de tudo servir para o combate político.

Mas nem tudo devia servir!
Ver o PS metido nesta campanha - só porque vai haver eleições - é uma forma coxa de fazer política e uma desonestidade intelectual, politicamente falando... mas é a vida que temos!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sábios e Sabichões!



O secretário-geral do PS António Costa apelidou na passada quarta-feira, dia 18 de Fevereiro, como  "sábias", as críticas do presidente da Comissão Europeia à "troika", fazendo votos para que representem uma oportunidade para os Governos travarem o caminho para o "precipício".

Faz impressão como este senhor que fez parte de um Governo que nos levou à beira do precipício em Maio de 2011, venha agora dizer que é preciso que os Governos - incluindo o nosso - travem o caminho do precipício.

Ficamos a saber que Jean-Claude Juncker é um "sábio" que a tradução literal significa: saber muito  ou que, age com prudência, o que não aconteceu quando foi Presidente do "Eurogrupo" - por não ter achado indigno o papel que a "troika" desempenava junto dos Países resgatados  e também, ficamos a saber que António Costa é um "sabichão" ou seja, aquele "que julga muito saber" e permitiu que que o PS com José Sócrates ao leme quase tivesse metido Portugal no fundo.

Ao contrário, penso que "sábios" são todos aqueles que não agem em cima dos acontecimentos, mas os prevêem, com a sagacidade que o seu saber lhes dá e "sabichões" os que em cima de um acontecimento inaudito o cavalgam para gerir a sua imagem, julgando-se "muito sábios"... quando são, apenas, "espertos" à moda portuguesa.

Sábios são os homens de Estado.
Sabichões... são todos os outros!

Eusébio: um herói nacional!



in, Sapo.pt


Hoje, por unanimidade todas as bancadas da Assembleia da República concordaram na transladação dos restos mortais de Eusébio da Silva Ferreira para o Panteão Nacional, honrando deste modo aquele homem que durante muitas décadas foi o português que mais alto levou o nome de Portugal às "sete partidas do mundo".

Eusébio bem merece esta honra.

Não foi jogador do meu clube de eleição, mas sempre mereceu o meu respeito, que é comum a todos os portugueses que sentem - como eu - que há-de haver sempre os  "que se vão da lei da morte libertando", não importando a cultura literária, mas a mais importante: a cultura humana de que Eusébio foi exemplo desde os tempos em que de pé descalço jogava a bola no seu bairro da Mafalala, até ter pisado as relvas bem tratadas de muitos campos do Mundo por onde espalhou a sua espantosa arte do jogo da bola.

Honra à sua memória!


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

"Ó Virgens que passais ao sol-poente" - Um soneto de António Nobre




Ó Virgens que passais, ao sol-poente


Ó Virgens que passais, ao sol-poente.
Pelas estradas ermas, a cantar!
Eu quero ouvir uma canção ardente
Que me transporte ao meu perdido Lar.

Cantai-me, nessa voz omnipotente,
O Sol que tomba, aureolando o Mar,
A fartura da seara reluzente,
O vinho, a Graça, a formosura, o luar!

Cantai! cantai as límpidas cantigas!
Das ruínas do meu Lar desaterrai
Todas aquelas ilusões antigas.

Que eu vi morrer num sonho, como um ai...
O suaves e frescas raparigas,
Adormecei-me nessa voz... Cantai!

 António Nobre



Este saudoso soneto de António Nobre (1867-1900) foi escrito nos seus tempos de Paris, e é uma lembrança da sua vivência nortenha onde era um costume - que infelizmente se perdeu - as moças no regresso das lides hortícolas virem a cantar, naquele descuido da mocidade quando o tempo parece não ter fim.

Este costume estendeu-se até às Beiras, onde eu próprio ainda fui testemunha desses cantos "acapella" que enchiam os ares e dos quais tenho muitas saudades, só que Deus não me deu a arte de os poder realçar do modo sentido como o fez o poeta da Foz do Douro.

Há quem acuse António Nobre de ter sido um nostálgico e o "Só" - a sua colectânea de poemas - um livro deprimente pela angústia que o enforma, mas o que tem de ser atendido é que António Nobre fez dele o seu retrato e se terá exagerado a sua dor, resta-nos compreender a sua vida e a doença que o vitimou no dealbar da vida adulta.

O soneto "Ó Virgens que passais ao sol-poente" ficou como sendo um dos mais belos da Literatura da arte poética, não só pela lembrança de um acto da vida que encantou António Nobre. como pela forma como ele o burilou com a beleza das palavras e do seu sentido, que só o conhece, quem algum dia já sentiu a perda de algo ou de alguma coisa que não se podia esconder na arca do peito sem a deixar para a posteridade como um acto criativo.


XIV Estação - Jesus no Santo Sepulcro




Já todos se haviam retirado para suas casas
para celebrarem a saída do Egipto, a festa da Páscoa,
não sabendo, que afinal, a verdadeira Páscoa
eras Tu, Senhor Jesus!

Assim o compreendeu o pequeno grupo que ficou ali
bem perto da Cruz, para Te darem uma sepultura condigna.
José de Arimateia era dono de um horto
perto do Calvário e é para lá que levam o Teu Corpo Santo
para o depositarem num sepulcro que ele mesmo mandar abrir.

Retiraram-Te a coroa do ultraje e alguns dos espinhos
que se haviam cravado mais fundos na Tua carne sofredora
e fecharam as bocarras dos pregos.

É então que se aproxima Nicodemos
e apresenta os perfumes
que ele mesmo tinha comprado numa das lojas da cidade.
É com eles que lavam e preparam o Teu Corpo.
Tudo isto com a ajuda de Tua Santa Mãe, de Maria Madalena
 e de Maria, mãe de José e Tiago.

Por fim fecharam o sepulcro.
Já, entretanto, a noite caíra...
como viria a cair sobre o drama um grande silêncio,
quando todos se retiram, seguindo a Mãe Dolorosa,
findas as orações.

De manhã bem cedo, chega um pelotão de soldados...
porque Tu, Senhor, segundo o relato que os sinedritas
fizeram ao Procurador Pilatos,  havias dito,
que ressuscitarias ao terceiro dia!
É por isso que eles estão ali
para selarem com a marca do Sinédrio o sepulcro...
e para o guardar!

Aquela gente, Senhor, nada entendeu de Ti
e daquilo que Tu dizias.
Eram rudes e duros de compreensão.
Mataram-Te, Senhor,
e com esta guarda ao Teu Corpo
queriam evitar que ressuscitasses...
um facto transcendente que viria a acontecer
tal como havias predito,
três dias depois!

No entanto,
a Tua Alma já iluminava o Mundo
com a Luz da Salvação.
O Teu precioso Sangue derramado,
começara já o seu trabalho da redenção.
E assim será para sempre.

A Tua doutrina ficará como a Luz maior
sobre a face da Terra,
porque inauguraste
com a Tua morte gloriosa
o Reino messiânico
prometido por Deus
desde o princípio dos tempos.



Senhor, que a Tua Ressurreição
seja, para os que andam à procura dum sinal de Ti
o Sinal Maior, de que um dia, S. Paulo havia de falar.

Senhor, eu creio em Ti, pela Tua Vida...
e creio, muito mais, por esse Sinal
que me dá a certeza de Te sentir vivo
em cada Eucaristia!