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domingo, 31 de maio de 2015

Maio florido - Um poema de António Correia de Oliveira




in. Jornal já extinto "O Zé" de 23 de Novembro de 2015


Neste último dia do mês de Maio - mês das flores - fui buscar ao meu baú de tesouros literários arquivados, como o é este soneto de António Correia de Oliveira, para me perfumar com as rosas daquele jardim de que ele fala e, também, perfumar com ele o tempo que passa neste desejo intimista de ver o mundo mais concertado.

O soneto é um quadro idílico em que, por fim, o Poeta num arroubo romanesco - hoje arredio da moderna poesia portuguesa - sente que aquele ramo de rosas de vária cor não precisavam de água, porque não iam murchar, dizendo com a suavidade própria daquele momento: Deixa-as estar assim na tua mão - e no embalo dizer amorosamente:

Hão-de julgar-se ainda na roseira...

Esta é a razão porque a poesia é uma arte maior em que o Poeta se transcende para dar à vida uma nova razão de ser vivida pelo humano que somos, pois como disse um outro Poeta - Teixeira de Pascoes - sem poesia não há humanidade, o que se sente no passo final deste soneto é o fervor como o Poeta põe a sua humanidade inteira e resplendente numa simples asserção que ele sabia, vista do ponto de vista natural não ser verdade - porque o ramo ia sofrer por ter sido retirado da matriz - mas era como se lá estivesse no seu dizer amoroso, pensando nas rosas, mas sobretudo, na sua amada:

Deixa-as estar, assim, na tua mão.

Panis Angelicus (27)



Panis Angelicus (Pão dos anjos) é um hino antiquíssimo dedicado à Sagrada Eucaristia caracterizado pela sua doce melodia, lenta e tocante que tem merecido o desvelo dos maiores tenores da música clássica, desde os mais antigos aos do nosso tempo.

É a penúltima estrofe do hino "Sacris Solemmiis" que foi escrito pelo Doutor da Igreja S. Tomás de Aquino 1225-1274) destinado à Festa do Corpo de Cristo, que o compositor belga Cesar Frank (1822-1890) musicou em 1872, destinando-o à voz de tenores, acompanhada com hrapa, violoncelo e órgão.

Vittorio Grigolo, compositor e tenor italiano - um antigo membro do coro da Capela Sistina - empresta a sua voz a esta hino de grande sentido eucarístico, que ganha com ele toda a mística que lhe imprimiu o pai do tomismo, cuja influência no pensamento da filosofia ocidental bebidas no pensamento de Aristóteles, que ele denominava "o Filósofo",  e que ele sintetizou com os princípios do cristianismo, magistralmente exprimidos na "Suma Teológica", uma referência nuclear da sua obra.



O Pão dos Anjos

 O Pão dos Anjos
 Torna-se Pão dos Homens;  
 O Pão do céu
 Dá fim a todo símbolo antigo. 
 Oh, coisa admirável!
 Deus é o Alimento
   
 o pobre, pobre,
 e humilde servidor.
 do pobre, pobre,
 e humilde servidor.


Após a solenidade da Santíssima Trindade - hoje celebrada -  a solenidade imediatamente a seguir é dedicada pela Igreja à Festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo ou do Corpo de Cristo e cuja motivação litúrgica é o louvor à Eucaristia que representa a fonte da vida que brota do sinal sacramental instituído pelo próprio Jesus.

O hino "Panis Angelicus" não se reportou desde a origem à Quinta-Feira Santa porque o seu autor lhe quis dar um sinal festivo e alegre - descabido no tempo da Paixão - fazendo dele uma manifestação pública da fé na Eucaristia, pelo que o povo que nutre afecto por esta devoção encontra nesta data um motivo alegre de se manifestar perante o Corpo Ressuscitado de Jesus.

É, por isso, que o pão distribuído por Jesus pelos Apóstolos na Quinta-Feira Santa - isto é o meu Corpo - neste hino se tonou pão dos homens / O pão do céu - morada dos anjos - e nos seja dado na  maravilha eucarística que dá fim a todo o símbolo antigo e nos faz participantes do Sacramento fundamental da fé que lhe dedicamos.


Içai... só mais um bocadinho!


Gravura publicada pelo jornal já extinto "O Zé" de 3 de Agosto de 1915


Içai... só mais um bocadinho! É o que ocorre dizer olhando esta velha gravura.

Vejamos: No cimo do mastro está a cadeira do poder. O chefe apoiado por quatro apaniguados (que são uma imagem da multidão que o segue) estão em aflições porque as cordas esticadas no máximo não permitem de per si só que ele alcance a cadeira do poder, pelo que à última hora vieram uns tantos que, desesperadamente, o tentam empurrar para cima.

Não tarda aí a repetição da cena, assim como não tarda que os "Júlios Césares" do nosso tempo, como se tivessem de transpor um novo "Rubicão" - que é o rio das Legislativas de 2015 - soltem o grito (alguns à surdina já o fizeram!) "Alea jacta est" (a sorte está lançada) e, depois, é só ver como uns puxam para cima esticando a corda tanto quando puderem, e outros enroscados neles mesmos para ajudar o chefe a alcançar a cadeira do poder, na mira, já se vê, de virem a ser prendados, o que se não pode levar a mal por tal atitude fazer parte deste "jogo" sempre feito a bem do povo... que julga "jogar" por dentro... e, muitas vezes, é colocado "fora de jogo".

Com as variantes próprias do tempo tudo se vai repetir para o mesmo fim, parecendo, que aquilo que não muda é o desejo e a voz do chefe:

Içai... só mais um bocadinho!

sábado, 30 de maio de 2015

Miserere mei Deus (26)



Miserere mei Deus, vulgarmente conhecido pelo "Miserere" é um hino religioso composto por Gregorio Allegri (1582-1652) e foi interpretado, segundo se crê, na década de 1630, destinando-se para estar presente nas quartas-feiras e sextas-feiras da Semana Santa, na Capela Sistina no ofício das matinas.

Segundo um comentário da Santo Agostinho - sabendo-se que este hino é devido ao rei David, como tantos outros - a queda de um homem tão forte como David, deve fazer-nos medir a nossa fraqueza, para não desejarmos o que Deus nos proíbe (...) para mais à frente do comentário acrescentar: A queda dos grandes não deve fazer a alegria dos pequenos, mas inspirar-lhes temor.

E assim, o Santo de Hipona, recomenda:
  • Ouçam-no o que não caíram...
  • Escutem-no os que caíram...



Tradução do Latim

Tem misericórdia de mim, ó Deus, 
segundo a tua grande misericórdia.


E segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões.
Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado.
Pois eu conheço as minhas transgressões, eo meu pecado está sempre diante de mim.
Contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista,
para que eles possam ser justificado em tuas palavras
e possas vencer quando fores julgado.
Pois eis que fui concebido em iniquidades; e em pecados fez concebeu minha mãe.
Eis que amas a verdade no íntimo;
e nas coisas ocultas da tua sabedoria fizeste manifesto para mim.
Tu deves polvilhe-me com hissopo, e ficarei puro: Tu lava-me,
e ficarei mais alvo do que a neve.
Faze-me ouvir júbilo e alegria, e os ossos que foram humilhados se alegrarão.
Desvia a tua face dos meus pecados, e colocar para fora todas as minhas iniquidades..
Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova um espírito recto
dentro de minhas entranhas.
Não me lançou não fora da tua presença, e tomar Espírito Santo não te de mim.
Restitui-me a alegria da tua salvação, e reforçar o seu espírito em mim.
Vou ensinar os caminhos teus injustas, e os ímpios se converterão a ti.
Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação,
e a minha língua exaltar a tua justiça.
Ó Senhor, tu abrir meus lábios, e minha boca anunciará os teus louvores.
Pois se tu tivesses sacrifício desejado, eu teria dado que: com holocaustos:
Eu não ficará encantado.
Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; um coração contrito e humilhado,
ó Deus, tu não desprezar.
Reparta favoravelmente, ó Senhor, a tua boa vontade a Sião:
edifica os muros de Jerusalém.
Então te aceitar o sacrifício de justiça, oblações e das ofertas queimadas;
então serão oferecidos novilhos sobre o teu altar



O seu autor teve como fonte inspiradora um dos Salmos penitenciais de súplica a Deus e tem, portanto, como intenção o arrependimento, crendo-se que na sua parte final o salmista foi influenciado pelos tempos vividos no exílio da Babilónia.
Como certo, sabe-se que o  Miserere mei Deus, é uma versão musicada do Salmo 51 (50) que no Saltério é assim descrito:

1Ao director do coro. Salmo de David.
2Quando o profeta Natan foi ao seu encontro,
depois do adultério com Betsabé.

3Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade;
pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.
4Lava-me de toda a iniquidade;
purifica-me dos meus delitos.
5Reconheço as minhas culpas
e tenho sempre diante de mim os meus pecados.
6Contra ti pequei, só contra ti,
fiz o mal diante dos teus olhos;
por isso é justa a tua sentença
e recto o teu julgamento.
7Eis que nasci na culpa
e a minha mãe concebeu-me em pecado.
8Tu aprecias a verdade no íntimo do ser
e ensinas-me a sabedoria no íntimo da alma.
9Purifica-me com o hissope e ficarei puro,
lava-me e ficarei mais branco do que a neve.
10Faz-me ouvir palavras de gozo e alegria
e exultem estes ossos que trituraste.
11Desvia o teu rosto dos meus pecados
e apaga todas as minhas culpas.
12Cria em mim, ó Deus, um coração puro;
renova e dá firmeza ao meu espírito.
13Não me afastes da tua presença,
nem me prives do teu santo espírito!
14Dá-me de novo a alegria da tua salvação
e sustenta-me com um espírito generoso.
15Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos
e os pecadores hão-de voltar para ti.
16Ó Deus, meu salvador, livra-me do crime de sangue,
e a minha língua anunciará a tua justiça.
17Abre, Senhor, os meus lábios,
para que a minha boca possa anunciar o teu louvor.
18Não te comprazes nos sacrifícios
nem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.
19O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito;
ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido.
20Pela tua bondade, trata bem a Sião;
reconstrói os muros de Jerusalém.
21Então aceitarás com agrado os sacrifícios devidos,
os holocaustos e as ofertas;
então serão oferecidos novilhos no teu altar.



sexta-feira, 29 de maio de 2015

Que maçada!


in, "Expresso" on-line de 28-5-2015


Ao que parece o que foi defendido por Mário Centeno - uma das doze personalidades do estudo macroeconómico encomendado pelo PS tendo em vista as eleições legislativas de Setembro/Outubro de 2015, relativamente ao corte de pensões - não condiz com o projecto encomendado pela Câmara de Comércio, pelo que começa a soar a falso o discurso de António Costa... e, por isso, há mal.estar no PS como diz a notícia...

Que maçada!
É, não é? - Pois é! Agora arranjem-se!

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Magnificat (25)


O Magnificat, também conhecido como (cântico de Maria) resulta da visita que ela fez a sua prima Isabel que vivia em Ein Karem, que era no tempo uma vila do distrito de Jerusalém.

S. Lucas conta esta visita do seguinte modo:

Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.»

Cena bíblica das mais conhecidas e substantivamente das mais importantes do ponto de vista da História da Revelação, tem merecido ao longo do tempo a atenção de muitos compositores, onde muitos deles a têm publicado ou representado em dedicação ao ofício de Vésperas em honra de Maria.

António Vivaldi é um destes compositores magníficos que não puderam fugir à magia daquela visita de Maria a casa de Isabel situada no cimo de uma ladeira de Ein Karem, que é, hoje, um local de visita incontornável a qualquer peregrino que se desloque à Terra Santa.

Ouçamos este cântico de louvor, que é, também, uma das mais belas Orações bíblicas.



Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia
chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José,
da casa de David; e o nome da virgem era Maria. (Lc 1, 26-27)

Aquando da visita a Isabel, Maria levava no seu ventre a gestação miraulosa de Jesus, de onde resultou a pergunta de Isabel: E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?

Na narrativa, após Maria saudar Isabel que estava grávida de João Baptista, a criança se mexe dentro do seu ventre e quando esta louva Maria por sua fé, é o momento exacto em que Maria entoa o Magnificat como resposta.

 A minha alma glorifica o Senhor *
 E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.

 Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva: *
 De hoje em diante me chamarão bem aventurada todas as gerações.
 O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: *
 Santo é o seu nome.

 A sua misericórdia se estende de geração em geração *
 Sobre aqueles que o temem.
 Manifestou o poder do seu braço *
 E dispersou os soberbos.

 Derrubou os poderosos de seus tronos *
 E exaltou os humildes.
 Aos famintos encheu de bens *
 E aos ricos despediu de mãos vazias.

 Acolheu a Israel, seu servo, *
 Lembrado da sua misericórdia,
 Como tinha prometido a nossos pais, *
 A Abraão e à sua descendência para sempre

 Glória ao Pai e ao Filho *
 E ao Espírito Santo,
 Como era no princípio, *
 Agora e sempre. Amen.


Por este cântico deduzimos aquilo que acontece com todos os grandes contemplativos quando Deus desperta neles um júbilo indescritível, como aconteceu com Maria.

O quadro é dos mais representados de toda a História bíblica e em todos eles Maria é apresentada  atenta e serviçal, sabendo-se que foi visitar Isabel em finais da sua gravidez de João Baptista com o fim de a ajudar nas tarefas domésticas e de lhe dar conta - o que não foi preciso - pela reacção de Isabel, cheia do Espírito Santo.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Benditas sejais mulheres!





Poema de Mário Rainho in, http://asletrasdofado.blogspot.fr/


Há neste poema de Mário Rainho toda a ternura que a mulher devia merecer ao homem e nem sempre merece.

Encanta-me que o Poeta - num arroubo - chegue a negar a Criação, mantendo, embora, que de uma outra forma, a poética que ele encontrou, doutra divina razão a mulher tivesse surgido no momento em que Deus ao olhar o Paraíso a criou da flor mais formosa que viu: a rosa!

Todos os homens são filhos dessas rosas!

Assim o sinto e, hoje, que a rosa de onde nasci já há muito murchou de vez, agradeço a Mário Rainho de ma fazer lembrar, deixando ficar a minha doce homenagem a rosa que se perdeu na roda do tempo, sem contudo se ter perdido na minha recordação.

Lembrado-a 
bendita sejas minha mãe!


E em ti, sejam benditas todas as mulheres!

  • Pelo vosso ventre fecundo!
  • Pelo vosso cansaço!
  • Pela vossa força!
  • Pelo modo como fazeis da dor, amor!
  • Pelo princípio que sois de cada homem!
Benditas sejais mulheres!

Laudate Dominum (24)



Este "Laudate Dominum"  que Mozart compôs e que a soprano Hibla Gerzmava interpreta, é um magistral "Aleluia" de louvor a Deus que vai buscar a sua génese ao Sábado Santo que antecede o Domingo de Páscoa, comemorativo da Ressurreição de Jesus.

De origem hebraica no termo "Halleluyah", a primeira parte do termo "Hallelu" significa louvar e o seu complemento "Yah" refere-se a Deus, que é, a todos os títulos Aquele que se quer exaltar porque é d'Ele que resulta o Mistério da Páscoa, a Festa central do Cristianismo, na qual, Jesus morto e ressuscitado assinala para os cristãos o fundamento da sua fé.

Esta composição de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) pertence ao período clássico e é, o culminar do prodigioso artista austríaco que desde a infância manifestou o seu talento musical que a morte ceifou aos 35 anos de idade.

Ouçamos a música magistral e a voz de Hibla Gerzmava



Louvai o Senhor
(Laudate Dominum)

Aleluia, homens,
Alegrai-vos no Senhor,
Que doa a vida a todos, porque nos ama!

Aleluia, ó meu Deus,
Tu vives onipotente,
Vós sois sempre benigno, vós nos amais!

O nosso Pai no céu
Reina sobre toda a terra
E vence o diabo, o temor, e os homens todos.

Oh, louvai o Senhor!
Orai a Deus,
Amai o Criador
Que criou o mundo.
Oh, louvai o Senhor!

Eis, vem Jesus te libertar,
Conduzir-te para a vida, amigo. Alegra-te!

Amigos, expulsai
Da mente o mal e o perverso!
Recebei da alma o que é salvo e fiel!

Jesus Cristo na cruz,
A vida veio através da dor,
Mas da morte ressuscitou a luz nova do mundo.

Oh, louvai o Senhor!
O Filho Jesus Cristo
O Redentor de todos,
E o Espírito Santo!
Oh, louvai o Senhor!

Oh, louvai o Senhor!
Orai a Deus,
Amai o Criador
Que criou o mundo.
Oh, louvai o Senhor!
Oh, louvai o Senhor!

Oh, louvai o Senhor!
Oh, louvai o Senhor!
Oh, louvai o Senhor!
Oh, louvai o Senhor!


Louvar a Deus exige-se-nos que nos perguntemos sobre o louvor que lhe fez Mozart e, sobretudo, nós mesmos, que algum dia na nossa vida temos encaminhado para Ele os nossos sentimentos cristãos, em que o louvar se confunde com o adoramento que só a Ele é devido.

• "Porque o Senhor é grande e digno de todo louvor, mais temível do que todos os deuses!" (Salmo 96:4).
•“Grande é o Senhor e digno de ser louvado; sua grandeza não tem limites” (Salmo 145:3).
•“Clamo ao Senhor, que é digno de louvor, e sou salvo dos meus inimigos” (2 Samuel 22:4).
• "Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas" (Apocalipse 4:11).

terça-feira, 26 de maio de 2015

O sinal eucarístico da pequena gota de água...



http://bompastormarctelltj.blogspot.pt 
(com a devida vénia)


Certamente, já algum dia nos perguntamos porque razão o sacerdote - ou quem o acolita - na preparação dos dons levados ao Altar, coloca, apenas, uma gota de água no cálice onde em primeiro lugar já se vazou o vinho pela altura da Liturgia eucarística que acontece em cada Eucaristia.

O que então assistimos é à acção do celebrante que toma em suas mãos os mesmos elementos que Jesus tomou na Última Ceia, frutos da terra e do trabalho do homem, repetindo o gesto e fazendo com isso o grande Sinal da presença viva de Jesus Cristo, naquele que é o momento mais sublime pela transformação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Jesus Cristo e, onde, a pequena gota de água é o sinal eucarístico que representa toda a Humanidade, ínfima e pecadora diante da grandeza de Deus representada no vinho vazado no cálice, tendo a pequena gota misturada no vinho adquirido as suas características, pretendendo-se com esse sinal que toda a Humanidade seja transformada pelo sacrifício de Jesus, unindo-se no vinho ao seu próprio Sangue, tal como Ele disse aos seus Apóstolos na Última Ceia.
  • Tomai e bebei, isto é o meu Sangue.
 Assim nós e toda natureza humana passa a fazer parte do Sacrifício do Senhor, sendo convidada a "diluir-se" na divindade de Jesus Cristo.

Sobre o sinal eucarístico da gota de água vem a propósito lembrar uma poesia de D. Helder da Câmara que vale a pena reter:


VOCAÇÃO

Da galheta cheia
Uma só gota
Foi chamada a participar
Da oferenda Divina.

Por que não outra?
Não vemos nada.
Não sabemos nada.

Comove-me a placidez
da água restante,
Que logo a seguir lavou
Humilde e feliz
As minhas mãos de pecador.


segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sabedoria do Mundo - Avança sempre!





Avança Sempre!

Na vida. às vezes,
as coisas andam muito devagar. 
Mas é importante não parar.
Mesmo um pequeno avanço na direção certa
já é um progresso,
e qualquer um pode fazer um pequeno progresso.
Se não conseguires fazer uma coisa grandiosa, hoje,
faz alguma coisa pequena.

Pequenos riachos acabam convertendo-se em grandes rios.
Continua, andando e fazendo.
O que parecia fora de alcance esta manhã
vai parecer um pouco mais próximo amanhã.
A cada momento intenso e apaixonado
que dedicas ao teu objetivo,
um pouquinho mais e  aproximas-te dele.
Se parares completamente
é muito mais difícil recomeçar.

Então continua andando e fazendo.
Não desperdices a base que já construíste
Existe alguma coisa que podes fazer agora mesmo,
hoje, neste exacto instante.
Vai tão rápido quando puderes.
Vai devagar quando for necessário.
Mas, seja, lá o que for, continua.

O importante é não parar.

Autor Desconhecido





Estes conselhos do "Autor Desconhecido" na sabedoria e na simplicidade que nos são apresentados fezeram que me lembrasse de um pequeno texto de Machado de Assis que nos convida a  saborear a vida, para logo a seguir - não se fosse pensar que a vida era um acto existencial só com o fim de ser saboreado - acrescentar este aviso solene: mas fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la.

Por isso, nada de choraminguices, porque é de acção, ainda que seja pequena como aconselha o texto do "Desconhecido" que  o ir é ser e o não parar é ter razão, são duas pequenas coisas  que nos disse  Fernando Pessoa e com toda a razão.

O curso incessante das águas do rio e o não parar é ter razão, são para nosso proveito, para além do texto reproduzido, duas belas imagens a reter... para progredirmos em cima do caminho da vida.

domingo, 24 de maio de 2015

Continuamos a viver um novo "Tonel das Danaides"?



O Tonel das Danaides 

Gravura de Rafael Bordalo Pinheiro, publicada pelo jornal já extinto 
"A Paródia" de 28 de Março de 1900


Lembrando, resumidamente, a história das danaides da Mitologia grega.

As danaides são as 50 filhas do rei Dánao de onde lhes veio o nome - que era irmão gémeo de Egipto, que tinha 50 filhos varões. Após disputa com  seu irmão Egipto pelas terras do Egito, tendo sido aconselhado por Atenas, Dánao exilou-se com suas filhas em Argos. Em agradecimento as danaides ergueram em Argos um templo em honra de Atenas, tendo Dánao chegado a ser rei de Argos no tempo em que esta região sofreu uma grande seca

As danaides foram enviadas a procurar água  e uma delas foi importunada por um sátiro. 

Ouvindo os gritos, Poseidon veio em seu socorro e lançou seu  tridente contra o agressor, tendo este batido numa rocha de onde jorraram três fontes de água, salvando a cidade de da seca. Egipto querendo usufruir das fontes, mandou seus 50 filhos até Dánao pedindo que permitisse que eles se casassem com  suas 50 filhas. Dánao aprovou a ideia, desejando aproveitar a oportunidade para vingar-se do exílio que lhe havia sido imposto tempos atrás.

Permitido o casamento, aconselhou que suas filhas levassem adagas e na noite do casamento, tendo-as escondidas nas almofadas, matassem seus respectivos maridos. o que veio a acontecer com a excepção de uma que tendo.se apaixonado, não cumpriu a sentença, mas isto não bastou para apiedar o rei Egito, que pela morte dos 49 filhos, condenou as danaides até ao fim da vida a encher com ânforas de água os toneis sem fundo, algo de que nunca foram capazes, de que resultou o nome "tonel das danaides, que passou a configurar um esforço que não tem fim.

A caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro é perfeitamente ilustrativa desta história que ele aproveitou politicamente, chamando ao tonel "Moralidade e Economia" e aos potes "Impostos", prefigurando as "danaides" os Ministérios do Comércio, Agricultura e Indústria e com o rei Egipo - qual deuse - entre nuvens a ordenar o "moto.contínuo" do esforço das "danaides".


Esta história mitológica tem ressonâncias reais com o tempo português que desde a Revolução liberal de 1820 o que tem feito é assemelhar-se com as "danaides" a encher os cofres do Estado - não de água - mas de sacrifícios económicos, pois desde então o que se lhe tem pedido é encher um "tonel sem fundo" com o mesmo nome: "Moralidade e Economia", como se a economia para realizar o seu plano não pudesse dispensar a moral que o povo deve ter no cumprimento do seu dever.

Eis alguns apontamentos:

1828-1834: A factura do "miguelismo"

Com a morte de D. João VI em 1826, abre-se uma crise de sucessão que desaguou numa guerra civil entre liberais constitucionalistas e conservadores miguelistas que se agrupavam em torno da viúva Carlota Joaquina e do filho Miguel.
No meio da guerra civil, D. Miguel negociou em 1832 um empréstimo de 40 milhões de francos junto dos banqueiros parisienses Outrequin & Jauge, com um juro de 5% com uma maturidade a 32 anos

1837 a 1852: O calvário de incumprimentos no reinado de Maria da Glória

O reinado da filha de D. Pedro IV (o imperador Pedro I do Brasil), a jovem Maria da Glória, coroada D. Maria II (1837-1853), juntou vários eventos de suspensão de pagamentos, o primeiro logo em 1837, que geraram o período mais longo de defaults na história portuguesa.
Em 1852, decreta-se a consolidação da dívida interna e externa, o que gerou a revolta sobretudo dos credores ingleses, até que se celebrou um convénio em Dezembro de 1855, que no dizer do historiador Rui Pedro Esteves, da Universidade de Oxford, surpreenderia hoje pelos credores "terem aceitado a consolidação em troca de contrapartidas bastante modestas"

1892-1902: A longa re-estruturação da dívida soberana no final da Monarquia

A famosa revista inglesa The Economist andava a avisar desde 1880: "Os mercados monetários da Europa estão a ficar cansados, e não sem razão, da constante solicitação por Portugal de novos empréstimos", escrevia em 27/11/1880. E em 1885: "No próprio interesse de Portugal era preferível que as suas facilidades de endividamento fossem, agora, restringidas". (...)

A balança de pagamentos acaba por ter um défice gigante em 1891, depois de um período em que acumulara excedentes. A dívida total (externa e interna) que andava pelos 24 milhões de libras em 1858 disparou para 127 mil milhões de libras. Apesar da pobreza do país, era a 2ª maior da Europa per capita, depois da França. (...)

A solução acabaria por ser imposta por decreto. Os credores externos não aceitaram o curso forçado do papel-moeda emitido pelo Banco de Portugal. O default parcial acabaria por acontecer em Junho de 1892. O governo teve de suspender parcialmente os encargos altos da dívida. Em Paris, os credores ficaram surpresos com a redução das taxas de juro em 66%. O objectivo último acabaria por ser a reestruturação e reescalonamento dos pagamentos.
Julgava-se que no final do convénio de 1902 com os credores se obteriam novos empréstimos - mas isso não aconteceu. A dívida seria convertida num novo empréstimo amortizável a 99 anos, até 2001.
in, http://oplanetaquetemos.blogspot.pt/ (com a devida vénia)

O acordo com o FMI de Maio de 1978

Estava em funções o II Governo Constitucional, liderado por Mário Soares. O programa de ajustamento estrutural 1978-1979, tal como o(s) PEC(s) de hoje, continha as medidas tradicionais de contracção da procura interna, ao mesmo tempo que se estimulava e especializava subsectores da economia. O programa preconizava medidas como desvalorizações cambiais (o escudo, então), limites ao crédito, aumento das taxas de juros, imposição de tectos salariais, aumento de impostos, redução dos investimentos do sector empresarial do Estado e no consumo do sector público.

O acordo com o FMI  de 1983

Nos meados de 1983, o novo governo de coligação (PS-PSD) confrontando a situação de grave crise no financiamento externo, anunciou um pacote de medidas de emergência e o começo de negociações com o FMI para apoio financeiro.

O acordo com a "Troika" de Abril de 2011 (Pedido de resgate de 78 mil milhões de euros)


O pedido de ajuda financeira externa anunciado na quarta-feira pelo Governo deve-se às dificuldades dos bancos, nomeadamente quanto ao risco de liquidez e de levantamento de depósitos, garantiu hoje à Lusa fonte governamental.
"O factor fundamental que levou a que o Governo solicitasse esta ajuda foram as dificuldades financeiras do sector financeiro, nomeadamente quanto ao risco de falta de liquidez e de levantamento de depósitos, e não tanto por dificuldades de financiamento do Estado", disse a mesma fonte.
O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou na quarta-feira que o Governo português decidiu fazer um pedido de assistência financeira à Comissão Europeia, decisão que adiantou ter sido comunicada ao Presidente da República.

in, Diario de Noticias, on-line


Por seis vezes, entre 1828 e 2011, Portugal tem andado de "chapéu na mão", o que quer dizer que há 183 anos as más políticas e os governos que as têm levado a cabo nos transformaram nas novas "danaides" a encher um tonel sem fundo... salvo um momento - mas grande demais - que não desejamos voltar a viver, uma razão mais que suficiente para que os partidos que nos têm governado pós 25 de Abril de 1974, olhassem mais para Portugal que para o seu umbigo.