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sexta-feira, 31 de julho de 2015

O engenho do homem!


Prensa compressora de palha e feno
Gravura publicada pela Revista "Occidente" de 1 de Março de 1888


No princípio dos tempos, Deus disse: «Façamos o ser humano à nossa imagem, à nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.» Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: «Crescei, multiplicai--vos, enchei e submetei a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra.» Deus disse: «Também vos dou todas as ervas com semente que existem à superfície da terra, assim como todas as árvores de fruto com semente, para que vos sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus e a todos os seres vivos que existem e se movem sobre a terra, igualmente dou por alimento toda a erva verde que a terra produzir.» E assim aconteceu. Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o sexto dia. (Gn 1, 26-31)


Assim mandatado o engenho do homem, até hoje, deixou de ter limites!

A prensa que a gravura representa, pertenceu à criatividade mecânica dos engenheiros da firma inglesa Whitman, que segundo a notícia que a acompanha publicada pela famosa Revista "Occidente" colocou em Portugal ao cuidado da Firma Companhia Real Promotora de Agricultura Portuguesa - para venda - esta máquina curiosa que constituiu no tempo um avanço incontestado no árduo trabalho que consistia em guardar a palha e o feno para tratar dos animais em tempo de Inverno, permitindo por meio de uma compressão mecânica guardar, devidamente, empacotados em fardos aqueles restos agrícolas, após a colheita dos frutos.

Conta o articulista que no dia 19 de Fevereiro de 1888, assistiu no picadeiro do Sr. José Maria dos Santos à experiência desta máquina, movida pela força animal, acrescentando que a mesma trabalhou na perfeição, tendo apenas necessidade de receber numa abertura superior a palha ou o feno que era comprimido através da rotação em meio círculo de uma alavanca móvel em que a força animal permitia penetrar longitudinalmente um êmbolo, cuja função era de comprimir os materiais, dando-lhes a forma de fardos geometricamente perfeitos.

Bem curiosa foi esta máquina simples que não pode, hoje, deixar de nos impressionar pela forma mecânica dos inertes e, sobretudo, pela forma engenhosa que é, na sua essência construtiva foi um hino do homem ao seu Criador, que desde o princípio lhe ordenou que submetessem a terra e tudo o que nela fora criado.

É que o homem tem feito,
Resta pensar se no tempo que passa as obras do homem de tão sofisticadas não se estão voltando contra ele...


Os mestres calafates


"Os calafates de Setúbal"
Gravura de J. Vaz  publicada pela Revista "Occidente" 
em 1 de Fevereiro de 1888


O calafate é uma profissão desaparecida e que remonta aos tempos da construção naval das naus portuguesas que se fizeram ao mar à descoberta de novas terras.
Na gíria marítima eram operários especializados - e assim tratados por "mestres" - a quem cabia o zelo de vedar com estopa de algodão embebida numa mistura de alcatrão as fendas entre tábuas dos navios por forma a evitar a entrada da água.

Olhando a gravura e a sua data, existiu em Setúbal um famoso calafate, António Maria Eusébio (1819-1911) conhecido na cidade por "O Calafate", uma personagem que juntou à sua profissão a arte de escrever versos populares que publicou aos 84 anos de idade.

Nunca saberemos se J. Vaz, o autor da gravura se inspirou nele e na sua profissão para nos dar o sugestivo quadro que se reproduz, mas sabemos que os seus versos de "cantador popular" reunidos apareceram em 1901 sob o título: "Versos do Cantador de Setúbal" que mereceram um "Prefácio" de Guerra Junqueiro e que a cidade honrou este homem bom, em 1968 com um busto em bronze e que se encontra no Parque do Bonfim.


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E é neste desfiar do novelo das ideias que surge o insigne Poeta Cesário Verde, que na sua poesia tendo sido um acrisolado "pintor" de quadros urbanos não esqueceu "os mestres calafates", e como testemunho do amor que tinha por eles - e outras profissões de que nos fala - fá-los viver no seu poema AVE-MARIAS, onde eles surgem de volta do trabalho, dando-nos deles uma "pincelada" breve, mas intencional, como aliás, aconteceu com todas as figuras que nos deixou imorredoiras, nos seus versos.

AVE-MARIAS

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.

Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!



Os "mestres calafates" já se foram embora, mas deles ficou a bela recordação dos homens bons desta terra que na humildade das suas profissões conseguiram deixar para os que sucederam - e com toda a justiça - lembranças que apagadas pelo devir dos tempos, não podem deixar de merecer a homenagem que lhes é devida, tal como a que lhe prestou Cesário Verde e a municipalidade da cidade de Setúbal a António Maria Eusébio "O Calafate"


Momentos para ouvir e agradecer: Aleluia! (29)


"Aleluia" Exsultate Jubilate (alegrai-vos) é uma peça musical escrita por Mozart em 1773, inicialmente composto para ser cantado por um homem castrado e, hoje, um dos temas musicais favoritos das grandes sopranos de todo o Mundo, com relevo especial para o seu último movimento.

Ouçamos e agradeçamos a Deus a voz de Bárbara Bonney.



 Alegrai-vos, sede felizes
 Ó almas abençoadas,
 Alegrai-vos, sede felizes,
 Cantando músicas doces;
 Em resposta ao seu canto
 Que os céus cantam diante de nós

 Este dia amigável brilha,
 e tanto nuvens e tempestades fugiram agora;
 para o justo lá surgiu uma inesperada calma.
 Noite escura reinou em todos os lugares.
 vós que temíeis até agora,
 alegrai-vos para esta madrugada de sorte
 e dai guinaldas e lírios com a mão direita cheia.

 Tu, ó coroa das virgens,
 concede-nos a paz,
 consolar os nossos sentimentos,
 a partir do qual nossos corações possam suspirar.
 Aleluia.


Aleluia é uma expressão usada para louvar a Deus nos cânticos e orações e, também, para se assinalar Dias especiais, como o Sábado que antecede o Domingo de Páscoa

No Livro do Apocalipse é utilizada por quatro vezes:
  • E, depois destas coisas ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e glòria, e honra, e poder pertencem ao Senhor nosso Deus; (19, 1)
  • E outra vez disseram: Aleluia! E a fumaça dela sobe para todo o sempre. (19, 3)
  • E os vinte e quatro anciãos, e os quatro animais, prostraram-se e adoraram a Deus, que estava assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia! (19, 4)
  • E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina. (19, 6)
Mozart não fugiu à exaltação que este termo pretende assinalar se atentarmos na tradução da letra e em cuja composição musical o que podemos ouvir e agradecer é o júbilo da alegria para esta madrugada de sorte, que verdadeiramente, deveria constituir para todos nós, quando acordamos um motivo de soltar o nosso - Aleluia - a Deus, pela sorte de termos em frente um novo dia para vivermos.


quinta-feira, 30 de julho de 2015

O "comentador" António Costa.


Fala.se demais e mal... e, no entanto, é preciso fazer pontes e haver encontros sobre o precipício onde Portugal se encontra.

Aconteceu, ontem.

Ainda Passos Coelho não tinha acabado o seu discurso de apresentação do Programa Eleitoral da Coligação às eleições do próximo dia 4 de Outubro e já António Costa comentava - dizendo cobras e lagartos - do dito Programa, o que prova que este "comentador" não serve, porque, normalmente, ouve-se ou se lê aquilo que o outro diz para depois comentar.

António Costa não precisou disso.

Na fúria de dizer mal não se conteve, o que prova que tem muito para aprender para poder ser tido como um político responsável, pelo que não merece ser Primeiro-Ministro.
Esta atitude prova uma coisa. Os socialistas - como ele -  não precisam de ouvir os seus adversários políticos mais directos, porque a verdade é a deles e tudo o que os seus oponentes dizem são "sacos de palavras".

António Costa, procede mal porque o que o País precisa é de homens que façam da política um acto, que embora defenda o espaço em que cada um se move e lhe cumpra defender, não poderão perder o sentido nacional das suas actuações e Portugal precisa, quanto antes de rever a Constituição desfasada do tempo real que vivemos.

Portugal precisa de compromissos e não é com atitudes como as que tem tido António Costa que nos erguemos saudavelmente.
Não vale o regresso aos tempos em que a "ética republicana" era, apenas, um chavão para encobrir a falta de respeito político que havia pelo outro e do qual, o PS parece gloriar-se, como aconteceu nos seis anos anteriores ao actual Governo, em que, sem ouvir ninguém, de degrau em degrau caímos até quase ao último degrau da escada, que em vez de subir descemos.

Importa inverter isto, pelo que o "comentador" António Costa, impulsivo e destemperado, precisa de saber ouvir e depois falar, como, aliás, todos fazemos.


quarta-feira, 29 de julho de 2015

Sem a mulher a vida seria um vazio (14)





É meu gosto, falar hoje, da mulher.

Não o venho fazer com lirismo ou falso recorte literário.
Antes com a realidade, a franqueza e o amor que o homem deve ter para com aquela criatura que Deus destinou - desde a primeira aurora dos tempos - para ser a sua companheira e aliada, pelo que, ao tomar conhecimento dos maus tratos que, aqui e além, a mulher sofre às mãos do homem, sinto um desejo imenso de não ficar calado, tendo em conta que é ela a matriz da vida e só ela, com a beleza que lhe empresta é a melodia que preenche a partitura do homem.

Sem ela a vida seria um vazio.
Uma autêntica noite.

Na realidade, dir-se-á e com toda a justiça que sem ela a vida não tinha sentido.
Nada teria acontecido.
E o homem teria passado sem deixar marcas no caminho, pois só com ela lhe é possível assinalar - a dois, num só - a passagem fugaz por este Mundo.
A mais pequenina como a maior das obras do homem têm sempre por detrás a alavanca e, tantas vezes, o impulso da mulher.

Lembro, por exemplo, Nossa Senhora,
E fico em oração para Ela.


Sabedoria do Mundo - Ser Eu!




                           EU QUERIA SER...

  • VIDA, para fazer renascer os que estão morrendo...
  • SOL, para fazer brilhar os que não possuem a Lua...
  • LUZ, para iluminar os que vivem na escuridão...
  • CHUVA, para correr toda a terra e molhar os campos secos e devastados...
  • LÁGRIMA, para fazer chorar os corações insensíveis...
  • VOZ, para fazer falar os que sempre se ocultaram...
  • CANTO, para alegrar os que vivem na tristeza...
  • LUAR, para brilhar na noite dos amores incompreendidos...
  • FLOR, para enfeitar os jardins no outono...
  • SILÊNCIO,para fazer calar as vozes que atordoam o coração do homem. ..
  • SINOS, para repicar nos Natais dos que possuem recordação amarga...
  • GRITO, para gritar a dor dos que sofrem no silêncio...
  • OLHOS, para fazer enxergar os cegos de Verdade...
  • FORÇA, para fugir dos que a utilizam para o mal...
  • SORRISO, para encantar os lábios dos amargurados...
  • SONHO, para colorir o sono dos realistas petrificados...
  • VEÍCULO, para trazer de volta os que partiram deixando saudades...
  • AMANHECER, para fazer um dia a mais de felicidade sobre a Terra...
  • NOITE, para acalentar os que lutam durante o dia...
  • AMOR, para unir as pessoas.
Autor Desconhecido


Eu queria ser tudo isto de que fala o "autor desconhecido", que são, apenas, metas para alcançar ser "Eu" - a meta maior que todos devemos desejar: ou seja, que o "eu" resulte, como acontece no cadinho do fundidor em que a uma imagem final é o resultado da ligação de vários componentes materiais e que na lógica das atitudes humanas se traduz naquilo que nos é dito pelo "autor desconhecido" e, também, por este texto de Fernando Pessoa que nos deixou, determinado - depois de ter apagado o último rasto de influência dos outros - esta prosa para ler e reler.

Hoje Tomei a Decisão de Ser Eu

Hoje, ao tomar de vez a decisão de ser Eu, de viver à altura do meu mister, e, por isso, de desprezar a ideia do reclame, e plebeia sociabilizacão de mim, do Interseccionismo, reentrei de vez, de volta da minha viagem de impressões pelos outros, na posse plena do meu Génio e na divina consciência da minha Missão. Hoje só me quero tal qual meu carácter nato quer que eu seja; e meu Génio, com ele nascido, me impõe que eu não deixe de ser.
 Atitude por atitude, melhor a mais nobre, a mais alta e a mais calma. Pose por pose, a pose de ser o que sou.
 Nada de desafios à plebe, nada de girândolas para o riso ou a raiva dos inferiores. A superioridade não se mascara de palhaço; é de renúncia e de silêncio que se veste.
 O último rasto de influência dos outros no meu carácter cessou com isto. Reconheci — ao sentir que podia e ia dominar o desejo intenso e infantil de « lançar o Interseccionismo» — a tranquila posse de mim.
 Um raio hoje deslumbrou-me de lucidez. Nasci.
                                                                                        in, 'Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação'


Fernando Pessoa não nos diz algo sobre se, nas viagens que fez de impressões pelos outros se fez arauto do Eu Queria Ser - ou se admitiu proceder com coisas semelhantes - das que fala o "autor desconhecido", mas conclui, determinadamente: Nasci.

E este "nascimento" parece culminar do facto dantes ter dito - reentrei de vez, de volta da minha viagem de impressões pelos outros - que nos conduz num exercício analítico e lógico, a pensar nas teses do Eu Queria Ser do "autor desconhecido"  e tê-las como luzes que todos - quando reentramos em nós depois das viagens de aprendizagem da vida que temos de fazer pelos outros - concluirmos que o "Eu" individualista e "sui generis", para o ser, verdadeiramente, tem de penetrar nos recônditos da vida por onde passam os "outros".

Tenho para mim que Fernando Pessoa, embora tendo apagado as influências dos outros no seu carácter, percorreu este caminho e como os grandes homens do pensamento antes de tomarem o "Eu" como uma conquista pessoal se enriqueceram nas ajudas humanas que todos somos obrigados a dar uns aos outros.

Finalizando, dir-se-á que o "Eu queria ser" do "autor desconhecido" é um texto repleto de sentido humano, a começar por querer ser VIDA, não para o "Eu" que ele é - como todos somos - mas para fazer renascer os que estão morrendo, na certeza que é servindo os outros naquilo que desejamos ser, que enchemos de vida humana o nosso "Eu" que só o é, em pleno, quando ele tiver resultado de tudo o que acontece à nossa volta.

O importante a reter é que, verdadeiramente, o "Eu" só existe quando se percorre o caminho do "Eu Queria Ser"!


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Sabedoria do Mundo - "De profundis"




"De profundis"

Vieste para a minha vida como um pouco de brisa que vem para a tarde quente de verão.
Vieste,  simplesmente.
Apareceste como um pouco de beleza que eu jamais sonhara ver e que de repente surgiu.
Não quero nada alem de ti, hoje, e sempre.
Pensei que amar fosse apenas desejo, contacto de corpos ou ir de mãos dadas.
Aprendi - afinal - que o verdadeiro sentimento vem de dentro.
Das profundezas da alma e do fundo do coração.

Autor Desconhecido


Depois de ler este pequeno texto, muito belo pela sua conclusão espiritual, chamando à colação o termo - amor - conclui-se que dele existe uma noção extremamente rica, pelo facto dele exprimir realidades presentes em todas as actuações humanas assentes em três aspectos:
  • O sensível.
  • O carnal.
  • O sentimental ou espiritual.
No texto do "autor desconhecido" eles estão presentes.
  • O que aparece quando ele toca facilmente as impressões ou sensações externas no domínio dos sentidos, comportando-se como um pouco de brisa, de mistura com a beleza que não se sonhara encontrar.
  • O que aparece e é, apenas, o desejo do contacto dos corpos, motivado pelo movimento do instinto sexual que tende a satisfazer-se.
  • O que aparece e procura encontrar no ser amado o bem que existe e se realiza com a ajuda de Deus, na procura de ver nele a perfeição - embora dentro dos limites do humano - mas imbuída daquela imaterialidade denominada a que chamamos alma.
O "De profundis" é aqui que nasce e é - ou devia ser - do reconhecimento da imperfeição humana, que facilmente passa do sensível ao carnal sem cuidar, que afinal - como diz o "autor desconhecido" o verdadeiro sentimento vem de dentro, das profundezas da alma e do fundo do coração.

domingo, 26 de julho de 2015

Dia mundial dos avós.


 Ferdinand Georg Waldmuller (1793-1865)


O avô da pintura ao receber o carinho que vai implícito na solicitude de uma chávena de chá oferecida pela sua neta sob o olhar atento da mãe, personificam para mim, todos os avós do Mundo gastos pela idade que não os inibe contudo, de serem os guardiões por excelência das histórias familiares - dos bons e maus momentos - sendo, por isso, os elos que sendo fracos pela idade, são os mais fortes, por unirem em seu redor o passado e o presente, oferecendo com a sua presença um sentido de comunhão e de pertença, pelo que celebrar este Dia é honrar a experiência da vida e reconhecer neles o depósito da experiência adquirida em todos os campos do saber.




É uma data que se assinala para lembrar Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo, tendo esta Festa sido instituida pelo Papa Paulo VI, com data no calendário no dia 26 de Julho, tornando Santa Ana e São Joaquim os padroeiros dos avós, pelo que, tal facto esteve na origem de e Portugal após muita perseverança a Assembléia da Republica aprovou, pela resolução 50/2003 de 04 Junho aquele dia como Dia Nacional dos Avós.

Não podia o Papa Francisco alhear-se deste Dia. 
Hoje, na Praça de São Pedro, em Roma, deixou para eles o elogio legítimo:
  • “Nesta ocasião quero saudar todos os avós e avós, agradecendo a sua preciosa presença nas famílias e para as novas gerações.
  • “Para todos os avós vivos, mas também para os que nos guardam no Céu, façamos uma saudação e um belo aplauso”, apelou o Papa Francisco, enquanto pedia um salva de palmas aos peregrinos.

Alguns ensinamentos dos Avós

  • O que não se aprende com o amor, se aprende com a dor.
  • o fim do mundo está vindo e o próprio homem vai acabar com a própria espécie por ser idiota.
  • Quer ser amado? Seja amável.
  • Segue apenas pessoas melhores do que tu. Nunca igual e muito menos, pior.
  • Quem tem muito que falar dos outros, nada de bom tem para falar de si.
  •  Quando não souber o que dizer, não diga nada.

Algumas coisas que se dizem sobre os Avós
  • Avós são mágicos, pois em qualquer tempo eles trazem de volta os sabores da infância.
  • Avós são as únicas pessoas que estão sempre mimando, estão sempre do lado dos netos ou aconselhando ou amando.
  • Chegaram os cabelos brancos e a idade, mas os avós são sempre novos, pois não importa a aparência o que importa é o coração de jovens que eles nunca deixam de ter.
  • Ser avós é dar duas vezes carinho e duas vezes amor. Ser avós é ser exemplo de paz, amor e afecto.
  • Cada ruga tua representa uma história. E são tantas... Quantas experiências, quantas histórias para contar, quantos conselhos para dar, quanta paciência para nos suportar. Esquecem a sua vida, para viverem a nossa sempre cheios de atenção, de carinho e de amor. Avós!
  • Não despreze a tradição que vem de anos longínquos; talvez as velhas avós guardem na memória relatos sobre coisas que alguma vez foram úteis para o conhecimento dos sábios. (J.R.R. Tolkien)
  • Há pais que não amam os filhos, mas não existe um só avô que não adore o neto. (Victor Hugo)



Saul Dias deixou-nos ficar este belo poema que neste dia se lembra, tecendo com ele uma malha de amor por todos os avós, incluindo os meus, que há muito tempo moram em Deus e cujas lembranças continuam vivas, especialmente, uma avó que eu tive de cabelos de linho.

Nunca Envelhecerás

 A tua cabeleira
 é já grisalha ou mesmo branca?
 Para mim é toda loira
 e circundada de estrelas.
 Sobre ela
 o tempo não poisou
 o inverno dos anos
 que se escoam maldosos
 insinuando rugas, fios brancos...

 Ao teu corpo colou-se
 o vestido de seda,
 como segunda pele;
 entre os seios pequenos
 viceja perene
 um raminho de cravos...

 Pétalas esguias
 emolduram-te os dedos...
 E revoadas de aves
 traçam ao teu redor
 volutas de primavera.

 Nunca envelhecerás na minha lembrança!...

Saúl Dias, in "Sangue"


Por fim, um pensamento que colhi na minha juventude e jamais abandonou a minha mente. É do tempo em que me restava a minha linda avó de cabelos de linho.
Onde isto já vai!

O brinquedo mais simples que os netos têm à mão são os seus avós.


sábado, 25 de julho de 2015

Sabedoria do Mundo - Lições de vida




Lições de vida


Se a desilusão atingir a tua alma,
Devastando teus sonhos e ofuscando novas possibilidades.
Pensa na infinidade de caminhos que se podem se abrir para ti
em apenas um dia, uma hora, um minuto...

Se a frustração acariciar friamente a tua face,
Fazendo-te cair diante dos obstáculos,
Olha para trás e vê o quanto já caminhaste
E o quanto cresceste colhendo em cada trilha amigos sinceros,
amores e experiências inesquecíveis...

Se as palavras de insulto e humilhação agredirem a tua integridade,
Lembra-te de que elas são frutos putrefatos da maldade e da inveja,
Vira-te e continua a caminhar sem dares ouvidos aos fracos de alma
que as pronunciam:
Um dia eles entenderão porque estão completamente sós...
Se a preocupação com os encargos do dia-a-dia tomar a tua mente
e enfraquecer o teu corpo,
Despertando o nervosismo e o estresse,
Olha o horizonte e tenta descobrir as saídas.

Para os problemas, ao invés de te lamentares
e achares que eles são piores do que realmente são...
Se o vazio e a insegurança invadirem o teu peito,
Abre os braços, fecha os olhos e repete para ti mesmo: "eu posso voar..."
Tu és capaz de tudo desde que acredites em ti mesmo.

Enxerga a felicidade nas pequenas coisas da vida,
Numa conversa com os amigos, na brincadeira com o cachorro,
Numa pequena "charla" ou no jogo de damas com teu avô...
Rotina é uma palavra que não existe,
 pois cada dia traz consigo pequenas surpresas e cada pequeno gesto
Guarda uma imensa felicidade...

E depois de tudo isso,
Olhe para ti mesmo e vê o quanto és especial!
Imagina o quanto podes fazer pelo mundo e pelas pessoas,
Valoriza as tuas qualidades e tenta corrigir teus defeitos
e sabe o quanto és privilegiado por poderes caminhar,
cair e aprender com os erros, por seres capaz de escrever uma história única,
como nenhuma outra...

Pensa nisso!

Ousa sonhar, pois os sonhadores vêem o amanhã. Ousa fazer um desejo,
Pois desejar abre caminhos para a esperança e ela é o que nos mantém vivos.
Ousa buscar as coisas que ninguém mais pode ver.
Acredita na magia, pois a vida é cheia dela, mas, acima de tudo,
acredita em ti mesmo...
porque dentro de ti reside toda a magia da esperança,
do amor e dos sonhos de amanhã.

Autor Desconhecido


Este "autor desconhecido" foi - ou é - é um sábio da ciência da vida, especialmente, quando aconselha esta coisa tão importante: no momento em que um qualquer desalento nos queira fazer tropeçar num dos calhaus do caminho, esse é o momento exacto em que devemos fazer marcha à ré e aquilatarmos do quando já percorremos, pensando, que a meta onde estamos só foi possível porque nunca desanimamos e, portanto, é preciso erguer os olhos e seguir adiante.

Só por isto merece a a pena ler todo o texto e agradecer tão sábios conselhos, na certeza que só os sonhadores é que vêem os amanhãs, que não tardam a acontecer se os "hojes" forem vividos com o arreganho da crença que cada um tem de ter em si mesmo!


"Laudato Si" - Um Hino do Papa Francisco à ecologia!


Volto, com uma nova postagem à Encíclica do Papa Francisco, apontando o nº 13 como um apontamento de leitura e meditação.


13. O desafio urgente para proteger nossa casa comum inclui uma preocupação para trazer toda a família humana em conjunto para buscar um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar.  O Criador não nos abandona;  ele nunca abandona seu desígnio de amor ou se arrepende de nos ter criado.
A humanidade ainda tem a capacidade de trabalhar em conjunto na construção da nossa casa comum.  Aqui eu quero reconhecer, encorajar e agradecer a todos aqueles que lutam em inúmeras maneiras de garantir a protecção da casa que partilhamos.  Particular apreço está em dívida para aqueles que incansavelmente procurar resolver os trágicos efeitos da degradação ambiental sobre a vida dos mais pobres do mundo.  Os jovens querem a mudança.  Eles se perguntam como alguém pode pretender ser a construção de um futuro melhor, sem pensar da crise ambiental e os sofrimentos dos excluídos.


Ao lermos o nº 13 da segunda Encíclica do Papa Francisco ressalta como um desígnio a sua preocupação pela ecologia em defesa da "casa comum" que, ou é defendida de uma vez por todas ou o Mundo corre o risco de se descaracterizar, enredado em fatalidades ambientais que o homem, esquecido do clima ser um bem global e do qual derivam as condições essenciais para a vida humana.

Esta Encíclica nascida sob a influência do catolicismo, não é um texto que a Igreja coloca apenas à consideração dos católicos, mas antes, é um texto que encontra em todas as direcções religiosas e políticas motivos fundamentais de meditação sobre a falta de cuidado que o homem moderno tem usado na destruição quase sistemática das calotes polares e glaciares, acompanhada pela perda das florestas dos Trópicos, cujos ecossistemas de biodiversidade vegetal e animal têm sido delapidados pela acção do homem.

Ferido que está o coração do Planeta em locais que o Papa aponta, a importância destes lugares para o  para o futuro da humanidade não se pode ignorar, pelo que ao não deixar de referir, a alienação da riqueza climática e ambiental a "espúrios interesses locais ou internacionais" este facto, volta-se contra o homem, especialmente como é dito no pequeno texto transcrito, em desfavor dos "excluidos".

No nº 160 o Papa Francisco faz esta pergunta inquietante:"Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?" constituindo este interrogativo o âmago da Laudato Si, que ao prosseguir na mesma linha declara: "Esta pergunta não toca apenas o meio ambiente de maneira isolada, porque não se pode pôr a questão de forma fragmentária" e isto fá-lo interrogar-se sobre o sentido da existência humana e dos valores que servem de base à vida social, pois "Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra?»: « Se não pulsa nelas esta pergunta de fundo,– diz o Papa – não creio que as nossas preocupações ecológicas possam surtir efeitos importantes».

A Encíclica "Laudato Si" é, efectivamente, uma pedrada no charco.
Será que as suas ondas concêntricas serão capazes de acordar os adormecidos deste Planeta?


Não há "pais da Pátria"!


TODOS ME QUEREM...

Gavura publicada pelo Jornal extinto "A Bomba" de 18 de Maio de 1912


Foi assim nos tempos imediatos à implantação da República Portuguesa e de tal modo que o amor pela conquista do Poder - entronizado na Pátria simbolizada pela figura feminina empunhando o facho da vitória - não escapou ao feliz caricaturista do tempo que assim, eloquentemente, representou a avidez dos políticos da época na sua conquista.

A imagem é feliz, sobretudo, pela ideia da simbologia da Pátria Portuguesa cometida àquele vulto vermelho da mulher, que na nobreza do seu porte serviu de tema republicano, não tendo tido deste a paga que merecia, ao ponto de nos tempos actuais a Pátria não ser - como devia - acarinhada por aquilo que representa de nove séculos de História de afirmação territorial, em defesa da qual muitos portugueses morreram no campo da batalha.

Só por isso, a figura da Pátria devia ser exaltada e não ser confundida com o Poder que passa - ligeiro, tantas vezes -  enquanto ela fica, ontem como hoje, de facho na mão a lembrar a todos que é falacioso o conceito de quem ao ter conquistado o poder julgue que fez o mesmo à Pátria.

Vem isto a propósito de alguns "iluminados" se sentirem vaidosos quando lhe chamam "pais da Pátria" e ficarem babados com o título que lhe dão outros "iluminados", quando afinal, "pais da Pátria" são todos os portugueses - homens e mulheres - que ao longo do tempo, com o seu esforço têm mantido viva a chama da Pátria que a figura da gravura ostenta, à qual mãos ávidas querem apanhar para si, como é visível e exemplarmente retratado pelo caricaturista.

Efectivamente não há "pais da Pátria"! Há homens e mulheres que no tempo devido, são chamados a servi-la, hoje, felizmente, pela força do voto popular.
São os que no momento conhecemos e devemos respeitar, sem contudo deixar de verberar os desmandos de uma linguagem rasteira que ouvimos de alguns que a todo o custo querem chegar ao Poder.

A Pátria, porque o povo que a informa - é bom - consente-os, mas dói-se de neste tempo os comportamentos humanos se continuarem a parecer com os dos velhos tempos em que a República de 1910 não soube criar cidadãos, mas arruaceiros.


Já chega de "lavagem da roupa suja"... ou, não?


Gravura publicada pelo Jornal "A Corja" de 16 de 1898


É velha esta gravura.
É nova por aquilo que representa, quando damos connosco a ouvir e depois a pensar na lástima política da esquerda que temos que em tudo vê mal - a começar por António Costa que não se coibe de chamar nomes impróprios onde abunda o "mentiroso" a Passos Coelho - quando este e o seu Governo tirou Portugal do buraco onde caiu em 2011.

Todos sabemos que não há "anjinhos" quer na esquerda, quer na direita, mas manda a verdade dizer que há "diabos a mais" a fingir de "anjinhos" na esquerda radical e na outra onde se filia o PS que devia ter mais compostura política.

Compreende-se que António Costa ande preocupado, porque julgava ao apear António José Seguro ia ter o poder a cair-lhe nos braços, verificando, agora, que ou trabalha muito - sem dizer e fazer mais disparates - ou vai perder as eleições.

Por isso, que deixe de se aliar na "lavagem da roupa suja", porque afinal - e ela existe numa outra qualidade - tem sido Passos Coelho, o seu Governo com a ajuda do povo português sem alardes grandiloquentes que tem vindo nestes quatro anos a lavar a "roupa suja" que herdaram dos cofres arruinados por seis anos de desvario.

Quando é que o PS reconhece os seus erros... ou julgam os seus dirigentes que uma parte importante de portugueses perderam a memória?