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sábado, 31 de dezembro de 2016

Mensagem de fim de dia e de Ano!


Neste fim de dia e de ano 2016 recebi esta mensagem de um bom Amigo que eu tenho pela graça de Deus e que, pela sua lisura de pensamento e, sobretudo de humanidade, tomo como um dever de a enviar a todos os meus outros Amigos e aos meus estimados Leitores que têm a paciência de me ler, desejando a todos um Bom Ano de 2017.


Muito , Muito Bom ! Vais gostar muito deste e-mail como eu gostei .

Quando um pássaro está vivo, ele come as formigas, mas quando o pássaro morre, são as formigas que o comem. Tempo e circunstâncias podem mudar a qualquer minuto. Por isso, não desvalorize nada em sua volta. Você pode ter poder hoje, mas, lembre-se: O tempo é muito mais poderoso que qualquer um de nós! Saiba que uma árvore faz um milhão de fósforos, mas basta um fósforo para queimar milhões de árvores. Portanto, seja bom! Faça o bem!

 "O tempo é como um rio. Você nunca poderá tocar na mesma água duas vezes, porque a água que já passou, nunca passará novamente.

Aproveite cada minuto de sua vida e lembre-se:
 
Nunca busque boas aparências, porque elas mudam com o tempo. Não procure pessoas perfeitas, porque elas não existem. Mas busque acima de tudo, um alguém que saiba o seu verdadeiro valor.
 
Tenham 4 amores:

- Deus;
- A Vida;
 - A Família;
 - Os Amigos.

Deus porque é o dono da vida;
A vida porque é curta;
A família porque é única;
E os amigos porque são raros!!

Ano Novo.


Ano Novo

Um novo ano vai começar.
E assim, um a um,
são mais 365 dias...
Novas outras 365 oportunidades de fazer diferente!
fazer melhor, fazer mais,
em alguns casos, fazer menos…
Espero que ao final desse tempo, possamos contabilizar
quantas estrelas fizemos brilhar…

Desconhecido

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Que Mistério é este?

A LUZ QUE ILUMINA O MUNDO
Quadro de P. Barthel - in, Revista "Branco e Negro" de 3 de Janeiro de 1897
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Eis uma época propícia para admirar esta tela de Paul Barthel, onde o pintor alemão, admiravelmente, reproduz numa tela famosa, Nossa Senhora tendo ao colo o Menino Jesus, ambos banhados por uma LUZ que ilumina todo o quadro, com realce para as duas figuras que parecem suspensas da sobrenaturalidade das vidas que tiveram, tendo ambas encarnado a divindade que as fez viver como mortais - fazendo parte do número do viventes -  para ficarem imortais e santificados por Obra e Graça de Deus que fez de Jesus Cristo o seu próprio Filho - esperado pelos povos desde o princípio dos Tempos - e de Nossa Senhora, Mãe d'Aquele Deus que nasceu aureolado pela LUZ QUE ILUMINA O MUNDO desde a primeira aurora.

Que Mistério é este?

Agora que se finda mais um ano na grande roda da vida, bem merecia, no meio das festas que temos o direito de fazer e viver, honrando, sem talvez darmos por isso - este Mistério que se renova todos os anos - pensarmos que há por cima das nossas vidas mortais uma LUZ QUE ILUMINA O MUNDO, e sobre a qual devíamos por o pensamento, conscientemente virado para este Mistério que encontrámos e um dia vamos deixar indecifrado, mas vivo, a pedir a atenção dos viventes.

Que Mistério é este?

À luz da Fé, que vai buscar muito longe as suas certezas, ele tem uma decifração bem simples... mas se não se vai por esse caminho não se chega até ele... e, no entanto, Paul Barthel na sua tela decifrou-o, deixando que admirássemos Nossa Senhora e o Menino Jesus envoltos em LUZ, nessa mesma LUZ que ilumina a vida de todos os seres que infelizmente passam - tantos deles - envoltos em sombras sem saberem que sob as suas cabeças existe A LUZ QUE ILUMINA O MUNDO.

Penso que é um direito que me assiste!

Jornal "Expresso" de 30 de Dezembro de 2016
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António Costa para conseguir a anuência do patronato para este aceitar o salário mínimo ( e bem mínimo que ele é) de 557,00 euros mensais, teve de dar em contrapartida uma descida na Taxa Social Única (TSU) de 1,25%, que faz descer aquela taxa para 22,5%, ou seja, para manter o prometido e para não haver um rombo na Segurança Social, leva o valor correspondente a ser suportado pelo Orçamento de Estado, ou seja por todos os contribuintes. 

Concertação social é isto... ainda que pareça desconcertada!

Entendo, pois, a medida, no aspecto em que é preciso melhorar o salário mínimo dos trabalhadores, ainda que à custa de medidas em que pertencendo ao governo a última palavra - e esta estava comprometida com 557,00€ mensais - me leva a estar contra os seus dois parceiros do "arranjinho" PCP e BE, que não vêm "com bons olhos"que os patrões sejam subsidiados, provando assim, a coerência destes partidos contra o patronato... todo ele medido por escala igual.

Lastimo, porém, que tenha sido com partidos desta radicalidade social que António Costa se tenha servido para cavalgar o "cavalo do poder", que agora se vê, foi um acordo feito sem "olhar ao preço"... mas apenas para que António Costa de derrotado nas eleições, ter passado a ser um "vencedor", mas sem a legitimidade das urnas eleitorais.

A sua atitude terá sempre a minha crítica de cidadão.
Penso que é um direito que me assiste!

Porquê?


Presidente da República lamenta morte de George Michael
“Manifesto o meu pesar pela morte de George Michael, um artista e compositor versátil e talentoso, com uma longa carreira de inequívoca qualidade.
Tal como David Bowie e Prince, para mencionar apenas alguns que este ano nos deixaram, partiu demasiado cedo e de forma inesperada. É difícil não pensar no que George Michael nos podia ainda ter dado, mas pelo menos teremos sempre o que a vida dele nos deixou.

Marcelo Rebelo de Sousa”
25.12.2016
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Porquê?

Ocorre-me perguntar porque razão na Página Oficial da Presidência da República Portuguesa, o detentor do cargo se ocupa da morte de George Michael, que se saiba, era uma figura que a maioria dos portugueses não tinham da música que ele interpretou uma atitude de elevado cariz cultural, ou então, sou eu que estou enganado e o artista inglês foi um génio que me passou ao lado, porquanto, para mim a inequívoca qualidade musical, se o fez estar contra a invasão do Iraque, não chega.

Por tudo isto - eu que não bato palmas pela perda de uma vida jovem como ele era - não vejo razão do pesar sentido do Presidente da República do meu País de uma figura controversa e, sobretudo, não vejo razão para tal pesar aparecer na Página Oficial da Presidência, por me parecer um acto descabido por vir inserto numa publicação onde se dá conta dos Diplomas que regem a orientação do Estado, a par de outras notícias afins.

Mas aceito que esteja errada a minha opinião.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Bom Ano Novo!


Vivemos a primeira vintena do terceiro milénio
que nasceu cheio de esperanças numa nova
concertação do Mundo, 
cabendo fazer a cada um de nós a parte que nos cabe 
por dever e por direito.

Estamos, ainda, a celebrar o nascimento do Menino-Deus
de cuja efeméride nasceu a contagem de um Tempo Novo,
vinda de um tempo que se perde na fundura dos tempos,
trazendo com Ele a marca de Deus, 
que nos pede hoje e sempre,
que renovemos o Ano Novo que não tarda
a assinalar-se no calendário... sem, contudo, isso bastar
para que ele seja um Ano Novo,
nos princípios morais que devem reger os povos,
no equilíbrio das gentes
nos caminhos de paz que é preciso percorrer e construir!
e em tudo aquilo que transforma as estruturas sociais
em sadias instituições
onde a felicidade de cada criatura
seja respeitada, como uma condição
que cada um tem todo o direito de alcançar.

Que o Ano Novo seja um tempo de mudança
na renovação de tanta coisa velha que já não presta
e é, apenas, um estorvo na caminhada sadia dos povos.

Que o Ano Novo seja, efectivamente, um tempo de paz...
de uma paz maior, onde a ambição
seja só aquilo que é necessário a cada homem
para viver com dignidade a sua condição humana.

Que a nossa ambição seja essa!

A que nos faz viver em cada dia o são desejo
de sermos felizes na linha da fraternidade
onde cada homem se assemelhe a Jesus que nasceu
para indicar a cada homem,
um Caminho Novo!

Bem aventurado...


Bem aventurado aquele que já consegue receber com a mesma naturalidade o ganho e a perda, o acerto e o erro, o triunfo e a queda, a vida e a morte.

Autor desconhecido

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O Semeador...

Gravura publicada pela Revista "Branco e Negro" 
de 4 de Outubro de 1896
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Olhando esta velha e bonita gravura, no ano que se aproxima desejava ser um semeador de coisas úteis, como:

  • ter sempre a palavra certa.
  • que a minha palavra nunca fosse sempre a última... como se a razão fosse sempre minha.
  • ter um olhar sereno.
  • saber ouvir.
  • reflectir para não ter decisões precipitadas.
  • saber acolher e aceitar as razões do outro.
  • nunca exorbitar.
  • ser humilde e saber aceitar que também cometo erros.
  • não ter arrogâncias balofas.
  • olhar o outro de olhos nos olhos
  • não murmurar e, por isso, falar apenas do que vi e sei.
  • não lançar dúvidas comportamentais sem fundamento.
  • não esconder a minha verdade, mentindo para agradar ao outro.
  • defender os meus princípios morais, éticos e religiosos.
  • amar no outro a linha fraterna que nos torna parecidos sem sermos iguais.
  • respeitar a sabedoria do mais velho.
  • não ir com o outro só para me parecer socialmente com ele.
  • defender o mais fraco.
  • não ter ideias pré-concebidas criadores de distâncias humanas.
  • saber que cada dia é um instrumento que devo utilizar com parcimónia.
  • saber que, se a defesa da minha saúde é um bem para mim, também o é para a sociedade.
  • semear, apenas,  a ambição necessária ao fruir da vida.
  • não amaldiçoar ninguém.
  • respeitar a criança e o ancião.
  • não fazer da angústia um estado de permanente insatisfação.
  • ser anúncio de coisas que me ajudem a viver e em relação ao outro.
  • ter noção do arrependimento de ter feito actos inúteis.
  • ter a noção exacta de que só posso semear, porque antes soube ser arado.
  • semear a autenticidade.
  • fazer o bem, como diz o povo “sem olhar a quem”.
  • dar o braço àqueles que caem.
  • dar o braço, se a consciência me acusa.
  • procurar sempre o caminho mais seguro, ainda que pareça o mais longo.
  • ser caridoso pela compreensão das fraquezas do outro.
  • ser casto pela pureza das ideias e das acções.
  • não castigar sem conhecer a culpa.
  • olhar o céu e agradecer, quer faça um dia de sol ou seja um dia do pior dos Invernos.
  • chorar se for preciso, imitando Jesus Cristo que fez o mesmo.
  • sentir que devo ser cidadão de corpo inteiro e exigir respeito pela minha postura.
  • nunca comparar o incomparável.
  • não comprar o que não me faz falta.
  • saber que no desacordo a comunhão manda unir.
  • conhecer para saber e não para mostrar a sabedoria como vaidade.
  • saber que é dentro da minha consciência que Deus tem a sua moradia.
  • ser convicto, não por arrogância mas por defesa daquilo em que acredito.
  • amar o corpo por ele ser um presente recebido e não um compra que se fez.
  • ser esmoler não sabendo uma mão o que a outra faz.
  • amar a virtude da esperança, na certeza que “quem espera sempre alcança”.
  • ser firme, não por teimosia mas por crença em Deus que sustém o justo.
  • glorificar a vida todos os dias, mesmo nos dias cinzentos.
  • guardar como santa que é a Palavra de Deus.
  • amar a família constituída.
  • sentir que o próximo pode não ser o que está mais perto, mas aquele que precisa de mim.
  • dar de graça o que de graça foi adquirido.
  • semear sempre, mesmo em campos humanos que me pareçam rochosos.

Peço a Deus que eu seja semeador de coisas destas e doutras que se assemelhem às que aqui ficam como exemplo de sementes que é preciso colocar nas leiras humanas da vida, porquanto, sabemos de ciência certa que só colhe com dignidade aquele que semeia.

É, por isso, que faz todo o sentido ter ido buscar ao baú das minhas velhas lembranças a imagem do SEMEADOR que vai campo fora deitando as sementes na terra, porque ele quer comer do seu pão e não do pão dos outros, que lho podiam dar por caridade, mas sem a dignidade de ter sido do seu trabalho o pão que ele tem em cima da mesa.

Assim, que em cima da minha mesa especial - que não tem corpo, mas é feita do espírito com que Deus a ajudou a fazer - eu ponha, em cada dia do ano de 2017, todo o "pão" que eu possa fruir da minha "sementeira de amor" e se for assim - se eu for capaz que assim aconteça - só tenho de agradecer a quem me vier ajudar na sementeira que me julgo, ainda, capaz de fazer.

Assim Deus me ajude!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

"O anjo tutelar"

O PRIMEIRO PASSO
Quadro de Kaulbach
in, Revista "Branco e Negro" de 2 de Junho de 1879
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Desde o primeiro momento que os meus olhos tiveram a ventura de olhar para ela famosa tela  do pintor alemão Wilhelm von Kaulbach, que ele intitulou - O PRIMEIRO PASSO - apeteceu-me colocar-lhe como sub-título - o "Anjo Tutelar" - porque se na tela o que o pintor quis simbolizar é que nos primeiros passos de cada criança existe, etéreo e sideral um anjo que a protege e a ajuda a dar o primeiro passo, há quem sustente que esse anjo é o da própria mãe de cada um de nós.

Eu sou dos que pensam assim, porquanto, as nossas mães são Anjos Tutelares que Deus se encarrega de colocar na vida de cada criatura, que elas, pelas dores do parto e das que lhe causamos depois de adultos - e até de velhos(as) - nos cobrem com as suas "asas" de anjos puros nos nossos passos mal dados - quando foram elas que nos ajudaram a dar o primeiro passo, tendo em mente que ele seria o primeiro de muitos milhares e, sempre, dado em frente e de rosto aberto para a vida.

A Mãe, é, efectivamente o nosso "ANJO TUTELAR".

Neste fim de ano em que é necessário fazer o balanço do que foi feito em cada um dos passos que demos - e, talvez, porque sinta que os meus passos estão cada dia a ficar mais duros, como se as pedras da calçada tivessem cola - embora, sem ter consciência do meu primeiro passo, mas porque sei que ele foi dado pelo anjo que tive - e me serviu de Mãe - fui ao baú das minhas lembranças e em sua santa memória fica aqui o Poema que ela me ditou no seu leito de morte, num tempo em que no LIVRO DA VIDA, ela desejava que eu escrevesse todas as folhas que ainda estavam em branco:


EM TUA MEMÓRIA, MÃE

Como se fosse uma finíssima escultura
de um qualquer afamado artista de Atenas
era uma estátua grega o teu rosto mortuário.
Era de tal modo a talha e a linha pura
que o teu rosto escondia as suas penas
e tinha o ar de quem rezava o seu Rosário.

Apesar disso, Mãe,
apesar da tua serenidade amortalhada
e do ar que tinhas... como se dormisses
por teres chegado ao fim da estrada
nunca supus que após o fim da tua vida
deixasses tanto vazio e tanto escuro!

É que tudo é mais longe e é mais além...
e é por me faltar a tua guarida
que em cada passo encontro um muro.

Ensina-me, Mãe, o modo de o vencer.

Que há vidas que tenho de cumprir
e sortes onde não posso perder.
Conto contigo, minha Mãe,
embora nunca mais me digas adeus
quando saía comovido do teu ninho
- que era a nossa casa da aldeia -
e me perdia na curva do caminho.

Sabes, Mãe, dou graças ao destino
por ter sido eu quem te havia de cerrar os olhos.
- Os teus olhos quase cegos - mas que se abriam
 para me ver, como se não houvesse crescido
e fosse sempre ao teu olhar o teu menino!

Graças, Mãe, pela tua força e pelo teu querer
Graças, Mãe, por tudo o que me ensinaste,
Graças, Mãe, pela tua alegria de viver
Graças, Mãe, por tudo quanto amaste
Graças, Mãe, por tudo quanto me deste:
- os teus inolvidáveis presentes.

Graças, Mãe, pelo teu amor à terra
e às suas gentes.

E agora, Mãe, embala-me docemente,
como se eu fosse - e era para ti -
o teu menino... sempre em teus braços.
E reza por mim no alvor celeste
para que eu vença todos os cansaços
e me erga sempre em cada um dos passos
que tenha de cumprir na vida que me deste!


Continuo - apesar do peso dos anos - a pedir o mesmo à memória de minha Mãe: que me erga sempre em cada um dos passos, na certeza que tenho que ela continua a ser O ANJO TUTELAR que agora, no Céu, continua a amparar com o mesmo jeito como amparou o meu primeiro passo.

domingo, 25 de dezembro de 2016

O Natal de Cristo: Um Poema de Almeida Garrett


O NATAL DE CRISTO

I

O César disse do alto do seu trono:
“Pereça a liberdade!                          
Quero contar os homens que há na Terra.
Que é minha a humanidade:”
E, cabeça a cabeça, como reses,
As gentes são contadas.
Procônsules e reis fazem resenha
Das escravas manadas.
Para mandar a seu senhor de todos
Que, um pé na Águia romana.
Com o outro oprime o mundo,
A isto chegara a vil progênie humana.

II

E era noite em Belém, cidade ilustre
Da vencida Judeia.
Que a domada cabeça já não cinge
Com a palma idumeia:
Dois aflitos o pobres peregrines
Cansados vêm chegando
Aos tristes muros, a cumprir do César
O imperioso bando...
Tarde chegaram já não há poisadas.
Que importa que eles venham
Da estirpe de Jessé, e o sangue régio
Em suas veias tenham?
Na geral servidão só uma avulta
Distinção – a riqueza;
Na corrupção geral só uma avilta
Degradação – pobreza.
Os filhos de David foram coitar-se
No presepe entre o gado,
E dos animais brutos receberam
Amparo e gasalhado.

III

E ali nasceu Jesus... ali a eterna,
Imensa Majestade
Apareceu no mundo, – ali começa
A nova liberdade.
Cantam-na os anjos que no Céu pregoam
Glória a Deus nas alturas,
E paz na Terra aos homens! –
Paz e glória, Promessas tão seguras
Do Céu à Terra nesta noite santa,
O que é feito de vós?
Jesus, filho de Deus, que ali vieste
Humanar-Te por nós,
Tu que mandaste os coros dos Teus anjos
Aos humildes pastores
Que dormiam na serra – ao pobre, ao poio,
Primeiro que aos senhores.
Que aos sábios e que aos reis, Te revelaste –
Oh! que é delas, Senhor,
Que é das Tuas promessas? Resgatados,
Divino Salvador.
Do antigo cativeiro não seriam
Os homens que fizeste
Livres co sopro Teu, quando os criaste,
Livres, quando nasceste.
Livres pelo Evangelho de verdade
Que em Tua Lei lhes deste.
Livres enfim, pelo Teu sangue puro
Que por eles verteste
Do alto da Cruz, no Gólgota de infâmia
Em que por nós morreste?

IV

Vê, ó filho de Deus! quase passados
Dois milénios já são
Que, esta noite, em Belém principiava
Tua longa paixão;
E o édito do César inda impera
No mundo avassalado.
Os Césares, seu trono – e quantos tronos!
Têm caído prostrados...
Embalde! – as leis iníquas, que destroem
A santa liberdade
Que nesta pia noite anunciaste
A opressa humanidade,
Essas estão em pé. Será que o pacto,
Será que o testamento
Celebrado na Cruz Tu quebrarias.
Senhor, no etéreo assento?...

V

Não, meu Deus, não: eterna é a Palavra,
Eterno é o Verbo Teu
Que, antes do ser dos séculos, nos deste,
Que o mundo recebeu
Nesta noite solene e sacrossanta.
Nós, nós é que o quebramos.
Nós, sim, o novo pacto e juramento
Sacrílegos violamos;
Esaús de Evangelho, nós vendemos,
Com torpe necedade,
Por apetites sórdidos, a herança
Da glória e liberdade,
Por isso os reis da Terra inda nos contam
Escravos, às manadas;
Por isso, em vão, do jugo sacudimos
As cervizes chagadas.
Porque não temos fé, não temos crença,
E a Cruz abandonamos.
Donde somente está, só vem, só fulge
A luz que procuramos.
E os vãos sabedores, esses magos
Que a vaidade cegou.
Não olham para o céu, não vêem a estrela
Que hoje era Belém raiou.

Almeida Garrett
in, “Flores sem Fruto” – 2º volume

in, "O Occidente" de 15 de Dezembro de 1878


Neste Dia de Natal é um dever dos homens livres - seguidores ou não da Igreja que Jesus Cristo veio fundar -  lembrar este belo e extenso POEMA de Almeida Garrett.

Profundo na análise dos acontecimentos que aconteceram com o nascimento do Verbo de Deus na cidade de Belém, que ele incluiu no seu famoso livro "Flores sem Fruto", se começa por ser - como ele quis que fosse uma homenagem ao NATAL DE CRISTO como ele o intitulou - é, também, uma homenagem que o Poeta merece que se lhe faça, porque a par de outros seus pares na Literatura nacional, ele penetrou bem dentro do Grande Mistério que aconteceu com o grande SINAL que DEUS havia prometido aos homens desde o Princípio dos Tempos.

Dividido em cinco tempos, é nos primeiros versos do quarto tempo que o Poeta chama a atenção para o édito de César, que no seu tempo - como em grande parte no nosso - ainda impera neste mundo avassalado de outros Césares que contam as cabeças dos que lhe podem fazer frente para os derrubar:

Vê, ó filho de Deus! quase passados
Dois milénios já são
Que, esta noite, em Belém principiava
Tua longa paixão;
E o édito do César inda impera
No mundo avassalado.
(...)

E, ainda, que os tronos dos "Césares" do nosso tempo de faltas de liberdade hajam caído, em tantos lados de um Mundo que continua opressor, não deixa de ser profético que Almeida Garrette, apesar de Jesus Cristo ter nascido para tornar livre e salvar toda a Humanidade de todas as leis opressoras dos homens, tenha escrito deste modo, deixando uma pergunta a Deus:

Embalde! – as leis iníquas, que destroem
A santa liberdade
Que nesta pia noite anunciaste
A opressa humanidade,
Essas estão em pé. Será que o pacto,
Será que o testamento
Celebrado na Cruz Tu quebrarias.
Senhor, no etéreo assento?...

E se como é evidente - o testamento que veio a ser celebrado na Cruz era a parte mais importante do nascimento do NATAL DE CRISTO que hoje recordamos - Deus não o quebrou no assento etéreo.

Temos sido nós que pelas nossas desatenções ao que aconteceu na Cruz do Calvário, ainda não soubemos entender a MISSÃO do NATAL DE CRISTO e continuamos a festejá-lo em festas fugazes, de muito barulho mas de pouca atenção interior, razão por que este Poema do grande Poeta merece uma leitura atenta e nos congregue a todos para a FESTA, fazendo dela o encontro que ainda fala fazer, verdadeiramente, em tantos lados e no coração de muitos homens com JESUS CRISTO, que faz hoje anos veio para nós todos... 

E nem todos O temos recebido na profundidade da MENSAGEM que Ele nos deu da parte de Deus, neste dia, já passa de dois milénios.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Missa do Galo

Cântico da Glória - Coro da Sé Nova de Coimbra

Imagem da 1ª Missa do Galo presidida do Papa Francisco

ORIGEM DA MISSA DO GALO

É uma antiquíssima tradição cristã que o Natal que significa o nascimento de Jesus Cristo seja revivido numa celebração Eucarística a realizar perto da meia.noite por se crer que o nascimento tivesse ocorrido perto dessa hora.

Chama a Igreja a que o povo se associou a esta celebração - A Missa do Galo - porque se acreditar que por volta daquela hora um galo cantou alegremente, associando-se à vinda do Messias havia séculos esperado, advindo daí o costume de se ter escolhido o galo para símbolo deste magno acontecimento, uma razão que faz com que este seja erigido no campanário de muitas Igrejas, sobretudo, as mais antigas.

A Missa do Galo foi instituída logo após o Concílio de Éfeso no ano 431 que proclamou a Virgem Maria como Mãe de Deus, começando a sua celebração a ter lugar numa Igreja do monte Esquilino, uma das sete colinas de Roma e presidida pelo Papa Sisto III, que veio a ser dedicada a Nossa Senhora e mais tarde denominada Basílica de Santa Maria Maior, hoje, uma visita obrigatória para todos os peregrinos que visitam Roma.

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A esta tradição que não fugiram aos longo do anos  grandes nomes da Literatura Universal com grande realce para os Poetas, que são pela sua sensibilidade mais apurada os que têm a arte de transformar estas velhas tradições da Igreja Católica Romana em trechos literários que de geração em geração têm chegado até nós como sustentáculos da Fé.

Murilo Araujo é um poeta brasileiro que sobre este assunto nos deixou em linhas suaves e puras o testemunho da fé que o moveu em vida, fazendo-a presente nesta formosa,


HISTÓRIA CRISTÃ

Natal.
Missa do galo assistida de estrelas.
E à meia-noite havia tanta glória
Na grande Catedral
Que o Menino Jesus que não ama a riqueza
No retábulo de ouro onde estava, no altar,
Moveu os bracinhos, sério,
E começou no berço a gritar e a chorar!

Logo para acalmá-lo
O sacerdote em vão o embalou nos joelhos
E mostrou-lhe no alto as lâmpadas da festa
A tremer  e a brilhar.

Acenderam-se em vão mais cristais com espelhos.
O Menino Jesus continuava a chorar.
Embalde o órgão gemeu cantilenas serenas
De adormecer, de acalentar,

Em vão maias docemente entoaran hosanas.
Mais incenso! Mais rosas!
E o Menino Jesus a chorar, a chorar…

Cem senhoras de escol
Com perfumes e jóias e sorrisos em flor
o tomaram nas mãos.

Cem mantas de veludo em vão o aconchegaram
Em cem colos cristãos.
E o arcebispo até, de dalmática real,
Agitou de mansinho aos olhos do Menino
Dez campainhas, dez! todas em matinada
A tocar:
tilim-tim! tilim-tim!

Nada, nada.
Jesus continuou a chorar.

Então uma preta humilde, uma preta descalça,
De pixaim  branquinho a tomá-lo se ergueu,
Afagou-o a tremer com ingénua doçura
E maternalmente o repreendeu:

 - Vem drumi, vem drumi, “sinhô moço!”

E ó milagre!
O Menino Jesus adormeceu.

Poema citado por Mons. António de Azevedo Pires
in, “Poesia e Teologia” Poetas de Língua Portuguesa” – 1º vol.

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Que esta bela poesia nos dê a lição exacta, perfeita e biblicamente correcta, quando nos é dito que o Menino-Deus que nasceu, já passa de dois milénios dispensa festa de arromba, complicadas e, sobretudo, inúteis, porquanto Ele veio humildemente, de tal modo, que até para nascer não encontrou um palácio - e Ele era Rei - mas foi pobremente que chegou ao Mundo.

Um dia, num livro meu - já lá vão cerca de três dezenas de anos - escrevi deste modo, lembrando o Presépio.

Podes construir Presépios lindos
com papéis coloridos,
luzes, sons, caminhos,
Reis Magos e camelos…
mas se no teu Presépio
pões o Menino a dormir
em vez de sentires,
que a sua Voz interpela.
o teu Presépio
será uma encenação a mais
no grande Teatro do Mundo!

in, “Mensagens”
(Edições Paulistas) assim então designadas


Depois, de ler a poesia de Murilo Araujo, fiquei a pensar que aquela preta humilde foi a única pessoa que compreendeu a voz do Menino Jesus que chorava, porque no meio de tanta fausto, só ela entendeu que a sua Voz a interpelava para fazer sentir ao Mundo a humildade e o Amor que Ele trazia como o melhor dos presentes... que tantos de recusam a abrir num gesto indelicado pelo Menino-Deus que tanto nos deu e continua a dar em cada dia que passa.