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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

"Inquietação" - um fado de Coimbra de Edmundo Bettencourt



INQUIETAÇÃO
Letra e voz de Edmundo Bettencourt


Quanto mais foges de mim
Mais corro e menos te alcanço.
O meu amor não tem fim…
Morrerei mas não me canso.

Todo o bem que não se alcança
Vive em nós morto de dor;
Bem amar e amar não cansa
E se morrer é de amor.


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Edmundo Bettencourt gravou este fado de Coimbra em 1928 para a editora Columbia, na cidade do Porto, concretamente no bem conhecido "Palácio dos Carrancas", uma das mais valiosas peças aquitectónicas do século XVIII, daquela cidade, adquirido pelo rei D. Pedro V para servir de habitação nas deslocações da Família Real ao norte de Portugal, passando, então, a ser conhecido por: PAÇO DO PORTO ou PAÇO REAL.


Nele se acoitou e fez dele o seu quartel-general na segunda invasão francesa, Soult, que em 1809 abandonou à força com a aproximação do exército anglo-português às ordens de Arthur Wellesley, tendo sido doado por D. Manuel II, em 1915, por via testamentária à Santa Casa da Misericórdia, e hoje, sede do Museu Nacional de Soares dos Reis.

Relata-se isto, porque no tempo que passa, a História vive, tanto vive da voz e da lírica das duas quadras do Poeta funchalense que a Columbia gravou e difundiu no primeiro quartel do século XIX, como dos locais que lhe serviram de Estúdio, para ser hoje, um afamado Museu Nacional.

Por tudo isto, que o fado INQUIETAÇÃO pela sua letra amorosa que espelha bem o momento então vivido e cantado por Edmundo Bettencourt, seja, neste momento, um motivo que nos leve a meditar e a crer no amor e que o - Bem mar e o amar não cansa -  e só nos cansa a falta do amor puro e simples, construtor de mundos e que, infelizmente, no tempo que passa nos devia inquietar.

Honra à memória deste afamado cantor de Coimbra.
Ouçamo-lo com reverência.

"Agora são tudo amores"...



"Nossa Senhora faz meia"...



"Fado d'Anto"


"Fado d'Anto" - canta Edmundo Bettencourt 



A cabra da velha torre
Meu amor, chama por mim.
Quando um estudante morre
Os sinos tocam, assim.

Aí quem me dera abraçar- te
Junto ao peito assim, assim.
Levar-me a morte e levar-te
Toda abraçadinha a mim.


 

Edmundo Bettencourt foi um grande cantor do fado de Coimbra, cidade que o acolheu vindo do Funchal, sua terra natal, tendo chegado a Coimbra em 1922, instalando-se na "República do Funchal" concluindo ali a sua formatura em Direito e cabendo-lhe a honra de ser um dos fundadores em 1927 da revista "Presença" que viria a ser uma influente publicação literária do século XX até se extinguir e 1940.

Foi dono de uma voz que encheu de encanto as serenatas coimbrãs a par de ter sido um Poeta inspirado da Canção de Coimbra, cabendo-lhe a autoria dos seguintes livros:
  • Poemas Surdos - poemas produzidos entre 1934 e 1940;
  • O Momento e a Legenda (1930);
  • Poemas de Edmundo de Bettencourt (1963), com prefácio de Herberto Hélder
O Fado d'Anto foi gravado no já longínquo ano de 1928 e cuja gravação denota a idade que tem, sem no entanto, apesar do som, ser um encanto a sua audição.

É nela que vibramos com a voz timbrada e melodiosa deste famoso cantor, deixando-nos embalar de  tal modo que apetece fechar os olhos, pensar e reflectir na beleza das quadras que são uma memória do seu autor e do cantor, ambos afamados e que hoje dormem o sono eterno e se tornam presentes ante nós, que temos a felicidade de os ler e ouvir,

Esta mesma letra, foi, mais tarde cantada por Zeca Afonso, uma outra voz famosa de Coimbra e que é hoje uma grande saudade por nos ter deixado cedo demais.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Quem quiser entender, que entenda!


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Teodora Cardoso considera que “as cativações são um instrumento de gestão orçamental que, no fundo, dão uma margem de segurança para cumprir os limites”. No entanto, o problema começa quando se utiliza as cativações para “conseguir atingir um défice orçamental sem haver as medidas efetivamente que conduziriam a esse défice”, aponta a presidente do Conselho das Finanças Públicas, assinalando que “aí estamos a arranjar um problema maior”.
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Quem quiser entender, que entenda!

Mas é sabido que a actual Presidente  do Conselho de Finanças Públicas. Teodora Cardoso, é uma voz autorizada e devia ser ouvida com mais atenção, porque as recomendações que faz trazem sempre uma carga de sensatez que passa por demais ao largo, como se fosse uma voz cujo eco esbarra, muitas vezes, contra a "muralha" do poder instalado, seja ele qual seja.

Vamos ouvi-la ou vamos continuar a fingir que a ouvimos?
Duma coisa temos a certeza: se o governo vai continuar "distraído" - parecendo cheio da sua ciência de bem governar - a dívida pública, esse monstro de "sete cabeças" parecido com  aquele que é descrito no Livro do Apocalipse, ao impor-se por cima de toda a razão deste tempo e de que Teodora Cardoso é arauta - há-de deixar para as gerações futuras  um fardo bem pesado e que elas sem culpa alguma, terão de lutar contra ele, verberando a geração presente de desleixo e outros nomes feios, que por decoro, não digo.

E não nos perdoarão!

Custa a entender isto!


http://www.tvi24.iol.pt/de 29 de Novembro de 2017
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Não entendo isto...
É que não foi o Ministro da Saúde que comunicou a deslocação da INFARMED. 

Foi o seu chefe de governo pelo que vir hoje arcar com as suas responsabilidades próprias - é tomar os portugueses por desatentos, senão por tolos - e é continuar na praça pública com um assunto onde o governo devia por uma pedra bem pesada em cima, porque o povo já percebeu tudo e este passo infeliz demonstra que o governo que "perdeu o pé" - ou melhor dizendo: perdeu o bom senso - e sabe muito bem, que tal medida da gestão governativa não podia ser tomada è revelia de António Costa, a quem se recomenda que não é por falar mais alto que tem razão.

Diz um pensamento de Júlio Aukay, que "A razão só fala mais alto quando alcança o perigo"  e, por isso, devia assumir o seu erro de, sem ter consultado ninguém, ter dado a notícia da deslocação daquela estrutura do Estado como se os seus trabalhadores - embora subordinados ao poder que ele detém sem o ter conquistado nas urnas - fossem peões do seu xadrês esquisito.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Este "mar de montanhas"


Um pedaço (bem pequeno) da paisagem da Beira Baixa 
a bordejar a Beira Litoral
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Este "mar de montanhas" da Beira Baixa interior é um espectáculo para o olhar mais desatento que passe pela cumeadas dos seus montes telúricos, onde a Natureza num bailado frenético há milhões de anos deixou a sua marca vincada aqui e ali pelos afloramentos rochosos, mas sempre nos verdes que atapetam os montes de matos e giestas nas encostas declivosas que descem para os vales onde correm mansos e deleitosos os fios de água que dão origem às suas muitas ribeiras.

É assim, neste local - perto do Vale Derradeiro - uma aldeia serrana que tem a honra de ter bem perto de si este "mar de montanhas" que se vai quebrando, monte a monte, vale a vale até se perder numa vista difusa, mas onde se percebe que o espectáculo continua diáfano, mas belo e exuberante como o ângulo da primeira vista que nos oferece na berma da estrada um feixe de matos que hão-de florir na próxima Primavera e por onde as abelhas, de flor em flor, atraídas pela polinização exalante de aromas agradáveis ao seu apurado olfacto, depois de sugar o néctar das flores, de papo cheio, hão-de voar para os cortiços dos apicultores e fabricar o mel.

Passei por ali neste último Verão - e este local era assim -  num tempo em que na verdura da paisagem os meus olhos vogavam neste "mar de montanhas" numa delícia que se revigorava neste mágico horizonte - que parece não ter fim - para hoje, cinzento e triste mercê dos fogos de Outubro ser um desencanto que a força da Natureza há-de, num dia breve, voltar a mostrar nos seus verdes rejuvenescidos, até que um dia - e de novo - os predadores incendiários em cujo olhar apenas existe a mira dos negócios sujos da madeira voltem a matar esta paisagem de sonho. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A grande trapalhada...



A mudança da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, (INFARMED) para o Porto é a grande trapalhada de António Costa, mas numa coisa ele tem rezão ao dizer que tal deslocalização já estava prevista, mesmo antes do chumbo daquela cidade para receber a European Medicines Agency (EMA).

Essa razão existe, de facto... na combinação havida ente ele e o Presidente da Câmara Municipal do Porto que perece evidente, pela sua reacção no programa da SIC "Expresso da Meia-Noite" de 24 de Novembro e 2017.

A grande trapalhada é uma mancha política indesculpável, porque não se muda aquela estrutura especializada num campo tão específico como é o da saúde, bem como do ponto de vida humano e social cerca de 350 trabalhadores onde existem pais com os seus filhos em idade escolar.

António Costa perdeu a tramontana!

Será que algum dia, o homem vai aceitar isto?

www.sapo.pt de 27 de Novembro de 2017
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Na sua sabedoria - que Deus ajuda e impele - o homem explica tudo, incluindo fenómenos naturais, como este, mas jamais encontrará explicação para esta força imensa que brota da profundezas mais fundas da Terra onde se forma o que a ciência denomina como - câmara magmática - que alimenta a chaminé até esta surgir quando  é fendida a litosfera.

Ao vulcão, como este, o homem deu-lhe o nome de "estrutura geológica" e àquilo que é expelido para a atmosfera chamou-lhe "a libertação do magma" que surgem quando "as placas tectónicas" da litosfera se chocam.

E sobre tudo isto o homem tem escrito páginas admiráveis de saber científico em que, por obra e graça de Deus - mesmo sem ele cuidar desta verdade - tem deixado explicações destes fenómenos da Natureza como todo o rigor da sua sabedoria, faltando-lhe, apenas dizer que tudo isto sendo uma força de tal grandeza que o ultrapassa, a sua explicação racional esbarra com um mundo estranho à sua ciência racional.

E deveria ser por isto que ele devia meditar sobre a sua incapacidade de o explicar não apenas o que a geologia permite com todos os vários campos por onde decorre toda a sua ciência, devendo admitir que este mundo estranho existe debaixo dos seus pés desde a primeira origem dos Tempos, mas fugindo-lhe a explicação racional naquilo que está para além do observável.

E, no entanto, o homem moderno entende que para a ciência não há limites - e pensa assim, porque Deus lhe deu essa prerrogativa para o bem da Humanidade - mas era bom que o homem entendesse que o ilimitado da sua ciência, deixa de existir no momento em que o ilimitado da sobrenaturalidade de Deus lhe cria o entrave disso mesmo: de uma ciência que não cabe no raciocínio humano que Ele criou, mas reservando para Ele a explicação do Mistério. 

Será, que algum dia, o homem vai aceitar isto?

"Os sonhos da razão produz monstros" - um quadro de Goya

"Os sonhos da razão produz monstros" - Goya
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Neste quadro monocromático Goya coloca de olhos bem abertos um lince como que velar o homem debruçado sobre a mesa - que é a representação dele mesmo a sonhar, adormecido - alheio aos monstros que o cercam, menos aquele animal dos montes desperto e atento.

O título metafórico que Goya deu ao quadro é elucidativo daquilo que acontece sempre que por muito lindos que sejam "os sonhos da razão"se o homem se deixa adormecer com eles consente que fiquem à espreita - os monstros que a vida obscura gera - para o derrubar, ainda que tenham toda a razão os seus sonhos.

Eis, porque a figura do lince atento, neste quadro é bem a expressão que o homem deve ter perante as alfurjas da vida onde se escondem todas as aberrações que o rodeiam, sempre prontas a fazê-lo submergir em sonos e sonhos que vive acordado mas sem dar conta das teias - dos tais monstros - que a vida tece e contra os quais não podem haver nem sonos nem sonhos - mesmo cheios de razão - mas apenas, a sabedoria de se saber que quando o homem aprofunda a sua determinação de vencer os sonhos que tem são sempre realizáveis.

sábado, 25 de novembro de 2017

E Deus criou a mulher!

Princesa Leonilla Bariatinskaia 
Óleo sobre tela de P. Barthel -  J. Paul Getty Museum , Los Angeles.
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E Deus criou a mulher por ter entendido conforme se lê no capítulo 2, versículo 18 do Génesis: " Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele", ou seja, idêntica ou paralela a ele, querendo dizer com o termo - auxiliar - que era o complemento do que lhe faltava, sem jamais ser considerada como sua dependente e nunca em grau menor, mas igual, com os mesmos direitos e deveres.

Completando este pensamento, relata assim o Génesis, no mesmo capítulo, versículos 21 a 25: Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar. E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem. “Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem.” Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne. O homem e a mulher estavam nus, e não se envergonhavam.

Ninguém pode imaginar a beleza de Eva, mas naturalmente, sendo Obra de Deus e complemento do homem, deve ter sido de uma beleza exuberante - como foi a Princesa russa Leonilla Bariatinskaia que assim foi reconhecida e causa de vários retratos do pintor P. Barthel - podendo afirmar-se que o pintor viu nela, como o Príncipe de Sayn-Wittgenstein com que casou, uma nova Eva.

E Deus criou a mulher!

E criou-a, não para ser escrava do homem ou para ser tida como sua dependente, mas em tudo igual a ele a que acresceu a ideia de Deus de a ter apresentado a Adão, que ao vê-la, radiante de alegria exclamou: .Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne, reflectindo neste pequeno texto o quanto Eva representou para ele de companheirismo, de amor recíproco e de complemento, porque ele, embora colocado por Deus numa região muito bela e paradisíaca, se sentia só e isolado.

É pois, reflectindo sobre isto - e sendo a mulher pelo seu conjunto humano mais formosa que o homem pela delicadeza das formas a que junta a sua sensibilidade - é de todo indesculpável a brutalidade que sobre ela o homem tem exercido ao longo dos séculos de onde derivou um feminilismo, que só se entende como uma reacção à falta de reciprocidade, no que respeita ao respeito e ao carinho, por parte do homem que por ter sido a primeira Obra da Humanidade criada por Deus, pensou, arrogantemente, ser merecedor dessa honra e, como tal, ao arrepio do que diz o Génesis não ter sido digno da mulher que Deus pôs a seu lado para completar nele aquilo que lhe faltava.

Não colhe o facto de Adão se ter desculpado com Eva - ao ser interrogado por Deus - desta o ter enganado ao comer do "fruto proibido", porque naquele acto lhe faltou a argúcia de ter contraposto ao gesto de Eva a recomendação que Deus lhes havia feito, donde se pode concluir que a culpa não foi da mulher mas dele, naturalmente, porque tendo-se enchido da sua vaidade e supremacia de ter sido o primeiro ser criado por Deus se esqueceu de lembrar a Eva a proibição a que estavam sujeitos.

Faltou aqui diálogo, porque cheio de si mesmo, Adão fechou-se em si mesmo - e sendo isto uma mera suposição racional - este facto de falta de diálogo do homem a sua mulher em todas as coisas da vida comum, tem sido ao longo dos milénios muito evidente, porque o homem - salvo as honrosas excepções - tem gerido muito mal o seu lar passando distante dele, deixando-a à mulher esse encargo, a começar pela educação dos filhos, tendo-se o homem esquecido, por demais, que Deus criou a mulher para completar nele as insuficiências que Deus lhe deu no momento da Criação humana.

"Que grande bronca!"

http://24.sapo.pt de 25 de Novembro de 2017
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https://www.jn.pt de 25 de Novembro de 2017
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Porque eu não duvido de maneira nenhuma que o Presidente da República fale verdade e venha dizer - através da sua Casa Civil - que "o Chefe do Estado tomou igualmente conhecimento da decisão (da transferência da sede do  Infarmed) com o anúncio público da mesma", eu, vulgar cidadão, não posso aceitar que este governo atabalhoado feito de muitas "peças" mal engrenadas, tenha cometido tal falta de respeito pelo mais alto magistrado da Nação.

Só me resta lamentar que o Senhor Presidente da República tenha andado dois anos ao colo com este governo assim arranjado, como Portugal inteiro viu, deste modo, por obra e graça do respeito que lhe merece a alta função de Chefe do Estado, que o deve ser de todos os portugueses e, logo, por razões institucionais com o governo, com cujo chefe se reúne semanalmente.

Só que este governo não foi digno de merecer - tão às escâncaras - tal atitude.

Viu-se, agora, pelo facto que, tendo faltado ao respeito que lhe deve o Chefe do Estado é a demonstração cabal de ser um Organismo desengrenado a precisar de ser metido na ordem, quanto antes, porque quem age assim, sem consideração a quem a devia em primeiro lugar, demonstra que lhe escasseia, por demais, a que deve ao povo.

Em termos populares, apetece dizer aquele aforismo que o povo costuma ter quando se refere a casos destes:
"Que grande bronca!"

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

"O Bom Pastor" de Murillo



O pintor espanhol Murillo (Bartolomé Esteban) ficou célebre com as suas pinturas representativas de temas infantis, razão porque ele teve uma aura muito grande na sociedade sevilhana do seu tempo, porquanto a ternura e a devoção que dedicava a tais pinturas têm perdurado através dos séculos.

Esta é uma perfeita e admirável representação em Menino Jesus como Bom Pastor, onde não faltou uma mão a acarinhar uma ovelha e na outra o varapau que ajudava os pastores a conduzirem os rebanhos.
Não admira, por isso, que assim tenha visto com a sua paleta e com todo o seu encanto Jesus Cristo infantil mas já investido nas funções do Bom Pastor que cuida do seu rebanho, um atributo que Ele mesmo afirmou de si mesmo, mas só nos tempos do exercício do seu Ministério, como relata o Apóstolo S. João no capítulo 10, versículo 8 a 13, na Parábola do Bom Pastor

Todos quantos vieram antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem. O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. O mercenário, porém, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas.

Ao apresentar-se assim - o Bom Pastor - Jesus quis dizer que mais que Pastor, Ele era o próprio Deus, tendo em conta que para os seus ouvintes judeus, o verdadeiro pastor de Israel era Jeová, como eles recitavam no Salmo 22:  O Senhor é o meu pastor e nada me faltará e num outro, Salmo 79: Escuta-nos pastor de Israel., tu que conduzes José como um rebanho.

Temos assim, que este epíteto - pastor - é anterior a Jesus Cristo que veio, finalmente, para o tomar para si na Nova Alvorada de um tempo que Deus sonhara desde o princípio dos tempos e que o Pai destinara com todas as honras da Sua Divindade para o Seu Filho muito amado.

Murillo com esta tela do Bom Pastor Menino ternurento chamou a si a curiosidade de todos os que sabem que Pintores e Poetas têm a liberdade da criação das suas obras e foi no uso desta liberdade pictórica que esta imagem tem galgado os séculos, sendo correcto afirmar-se que a imagem do Bom Pastor é a representação mais comum de Jesus Cristo encontrada na arte cristã dos primeiros tempos, tendo feito parte das catacumbas de Roma.

"Cristo em casa de Maria e Marta"

Johannes Vermeer, (Cristo em casa de Maria e Marta)
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Jesus Cristo esteve quatro vezes em Jerusalém. 
  • Quando tinha, apenas, oito dias de vida para ser apresentado no seu Templo. 
  • Quando tinha 12 anos e ali ficou "perdido". 
  • No decorrer das "bodas de Caná" foi àquela cidade para dar inicio ao seu Ministério.
  • E pela última vez para cumprir a Via-Sacra do Calvário.

Foi desta vez que ao passar por Betânia, situada a 3 km de Jerusalém e onde tinha amigos que entrou na casa das irmãs Maria e Marta, visita de que nos dá conta o Evangelista S. Lucas no capítulo 10 do seu Evangelho, versículos 38 a 42.


Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada. " 

Na tela que se reproduz, Vermeer assinala com a sua arte este passo havido entre aquelas três personagens e cujo conteúdo chegou até nós - e assim vai continuar - pela descrição do Apóstolo S. Lucas que encerra na modo de agir das duas irmãs dois aspectos em  que a vida activa de Marta contrasta com o da contemplação de Maria, parecendo que o "aviso" de Jesus: Marta, Marta, andas tão inquieta significa uma crítica ao zelo por demais da mulher avisada e prática que se afadigava, apenas em servir, ao invés de sua irmã Maria que se dispôs a ouvir atentamente a caminhada de Jesus e a sua Palavra.

O que nos transmite esta passagem bíblica é que Maria tendo escolhido a boa parte naquele momento - o da contemplação - tal não significava que num outro momento ela não agisse como Marta, quanto tal fosse preciso, porquanto a vida se faz de contemplação e acção e, nela, há momentos para tudo, mas aquele momento era especial, porque o DEUS-VIVO entrara naquela casa de Betânia e levava com Ele a Mensagem de em breve se cumprir em Jerusalém, com a sua morte, a vida nova que Ele durante três anos viveu a anunciá-la.

Marta, ainda fez um queixume: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? 

E pediu ajuda. Uma ajuda que não teve, porque aquele momento era único e a ajuda que ela pedia não fazia sentido, porque há momento em que a melhor ajuda é parar, pensar e ajuizar o momento seguinte, razão suficiente para Jesus lhe dizer o que disse, porque nenhuma das Suas Palavras era perdida e Ele bem sabia que na vida, como diz o Livro do Eclesiastes (3,1) e que Ele bem conhecia: Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu .

Um "pé na argola"!



A propósito da deslocação de Lisboa para o Porto da  Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, (INFARMED)  e dos cerca de 350 trabalhadores que constituem o seu quadro de pessoal - António Costa do alto do seu pedestal, que não conquistou nas urnas - afirmou peremptoriamente (interpreto o sentido das suas palavras) que se o Porto tinha condições para receber a European Medicines Agency (EMA), uma consequência do Brexit inglês, teria portanto, condições de receber o INFARMED.

António Costa não cuidou das famílias, o que prova uma insensibilidade social inconcebível num chefe de governo, porquanto de a cidade do Porto tivesse ganho o concurso internacional para reposicionar aquela Agência, os seus trabalhadores, naturalmente - se alguns podiam livremente, vir de Lisboa, mas a maioria, não.

Depois, disso,  e de Garcia Pereira. um astuto conhecedor das leis do Trabalho, ter dito que aquela tomada de posição do governo era agir contra o que está previsto na lei, António Costa, deu uma "cambalhota" e veio dizer:

http://24.sapo.pt de 23 de Novembro de 2017

Pois não, senhor António Costa, "não foi a melhor" porque Ministro da Saúde a quem coube dar a notícia no dia seguinte ao chumbo da cidade do Porto para receber a EMA, passou por cima da lei que protege os trabalhadores - ou a desconhecia - o que se lamenta num agente responsável do governo, pelo que obrigou à seguinte emenda que também se lamenta, mas se aplaude:

http://24.sapo.pt de 23 de Novembro de 2017

Regista-se, porém, que o seu Ministro da Saúde "ditatorialmente" havia informado o público em geral e desta forma a decisão estatal, no dia 21 de Novembro:

http://24.sapo.pt de 23 de Novembro de 2017

Esta decisão anómala, precipitada e de anti-respeito pelos trabalhadores do INFARMED, mereceu, de imediato (dia 22 de Novembro) esta firme tomada de posição da sua Comissão de Trabalhadores:

http://24.sapo.pt de 23 de Novembro de 2017

Foi, então que se fez ouvir a voz autorizada do advogado Garcia Pereira:


in, "Diário de Notícias" de 23 de Novembro de 2017

E, como se esperava - não havia outra saída - António Costa "meteu a viola no saco" para vir dizer no dia 24 de Novembro, como já acima se pode ler, que, afinal, "a lei protege os trabalhadores no que diz respeito à mobilidade"...

E tudo isto - que é uma mancha -ficou a atestar a sem razão do governo... mas como eu admiro todas as pessoas que reconhecem os seus erros, penso que António Costa - sem o ter dito claramente - reconheceu que ele e antes dele, o seu Ministro da Saúde, mas naturalmente com a sua concordância, andaram os dois a lavrar num terreno de suscetibilidades especiais a ver se metiam o arado que veio a encalhar em rochas julgadas inexistentes, por ter faltado a ciência "geológica" do tecido social,

Governar não é fácil e Portugal não é uma qualquer Câmara Municipal...
É assim, não é?
Pois, é!

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

"O Bom Samaritano" tela de Giovanni Battista Langetti

O  Bom Samaritano de Giovanni Battista Langetti 
(Musée des Beaux-Arts de Lyon, Lyon, France)
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O texto do "Bom Samaritano" é, um passo fundamental da caminhada e ensinamento de Jesus Cristo enquanto viveu entre os homens, constituindo pelo seu entrosamento humano uma das Parábolas mais lidas e conhecidas do Novo Testamento.

Naquele tempo em que se aproximavam os dias de Jesus assumir o Calvário por que teria de passar, Jesus subia a caminho de Jerusalém e depois de ter sofrido uma má acolhida numa aldeia de Samaria, uma terra hostil capital do reino de Israel, Jesus anunciou que estava perto a chegada do Reino de Deus e que quem o não ouvia desprezava "aquele que me enviou".

Foi, então, que um legista - um mestre da lei do Antigo Testamento - querendo embaraça-lo lhe perguntou: "Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?" a que Jesus respondeu que para tanto devia amar o "próximo como a si mesmo", contando de seguida e em resposta àquele legista a Parábola do Bom Samaritano, que S. Lucas começa por descrever assim, no seu Evangelho, capítulo 10, versículos 26 a 29

Jesus, tendo-se voltado para o seu arguente manhoso. perguntou-lhe:

Que está escrito na lei? Como é que lês? Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento e a teu próximo como a ti mesmo. Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faz isto e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?"

S. Lucas, no mesmo capítulo, versículos 30 a 37, sendo como foi um ouvinte atento de tudo quanto Jesus disse, descreve assim o final da Parábola com que Ele deu a célebre resposta àquele impertinente mestre da lei mosaica:


"Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei. Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faz tu o mesmo." 

Esta cena tão significativa de quem é o meu próximo, levou Giovanni Battista Langetti a imortalizá-la na sua admirável tela, onde o Bom Samaritano debruçado sobre o homem que havia sofrido o assalto dos ladrões trata as feridas que lhe causaram, a que se seguiu a cena de o levar à próxima hospedaria e dizer ao estalajadeiro: "Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei".

Eis o Bom Samaritano que teve a misericórdia de suprir a falta de compaixão dos outros - o sacerdote e o levita - que passaram pelo ferido e, embora, perto dele foi como se tivessem passado à distância, ignorando-o.

A lição de Jesus contada nesta bela Parábola é, sobretudo, muito humana para além de ser um acto da misericórdia divina e isto tem de nos deixar a pensar que actos como este e com similitudes algo parecidas estão ao nosso alcance, porque para além de humanos, em todos os homens, Deus inscreveu o sopro da divindade que nos move e nos empurra para sermos capazes de imitar o gesto caridoso daquele homem que "descia de Jerusalém a Jericó".

Lembrando o tema de uma tela de Ticiano

Caim e Abel, de Ticiano. 
Óleo sobre tela. Santo Spirito em Isola, Santa Maria della Salute, Veneza.
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A cena bíblica que nos dá conta do primeiro assassinato tem tantos anos que ninguém, ao certo, arrisca dizer a sua idade. Mas tem milénios.

Conta a Bíblia nos primeiros dez versículo do Capítulo 4, o seguinte texto:

Adão conheceu Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz Caim, e disse: “Possuí um homem com a ajuda do Senhor.” E deu em seguida à luz Abel, irmão de Caim. Abel tornou-se pastor e Caim lavrador. .Passado algum tempo, ofereceu Caim frutos da terra em oblação ao Senhor. Abel, de seu lado, ofereceu dos primogénitos do seu rebanho e das gorduras dele; e o Senhor olhou com agrado para Abel e para sua oblação, mas não olhou para Caim, nem para os seus dons. Caim ficou extremamente irritado com isso, e o seu semblante tornou-se abatido. O Senhor disse-lhe: “Por que estás irado? E por que está abatido o teu semblante? Se praticares o bem, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se precederes mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te; mas, tu deverás dominá-lo.” Caim disse então a Abel, seu irmão: “Vamos ao campo.” Logo que chegaram ao campo, Caim atirou-se sobre seu irmão e matou-o. O senhor disse a Caim: “Onde está seu irmão Abel?" – Caim respondeu: “Não sei! Sou porventura eu o guarda do meu irmão?” O Senhor disse-lhe: “Que fizeste! Eis que a voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a terra."

Lemos que Caim e Abel eram um fruto humano da primeira revolta contra Deus operada pelos seus pais Adão e Eva, trazendo consigo como herança natural a luta entre o Bem e o Mal que ambos protagonizaram na luta fratricida que travaram e acabou com a morte de Abel.

A Bíblia não nos diz o motivo que causou a ira de Caim contra Abel, mas apenas, que o Criador olhou com agrado para Abel, donde nos é dado concluir que isso aconteceu porque este lhe oferecera, generosamente, as crias mais velhas, os primogénitos do seu rebanho - que eram as mais válidas - privando-se delas e correndo o risco de não haver quem as substituísse de imediato, enquanto Caim lhe dera os frutos da terra que ele voltaria a ver crescer rapidamente numa nova lavra, ou na lavra do ano seguinte.

Deus viu, assim, no gesto de Abel o lado bom do - Bem -  que se dá sem ter a certeza de o ver substituído num tempo breve, ao passo que viu em Caim o lado - Mau - por dar algo que voltaria a possuir brevemente,  bastando-lhe apenas lavrar e semear a terra.

Caim, porém, não gostou da preferência dada por Deus ao seu irmão, por não ter reflectido naquilo que a motivara e ardilosamente - com a ira assanhada - convidou-o para um passeio ao campo onde lhe deu a morte, consumando fria e calculadamente o primeiro assassinato da História dos homens e que Ticiano retrata na tela que ilustra este apontamento, assinalando o facto com o poder da sua arte pictórica e com ela, a assinalar, também, a luta então iniciada entre o Bem e o Mal que dura até hoje, e assim vai continuar enquanto os homens pisarem o pó dos caminhos.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Uma lembrança de António Aleixo

Estátua do Poeta popular António Aleixo em frente do Café Calcinha
que ele frequentava, erigida  na Praça da República, na cidade de Loulé
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Na sua cidade adoptiva de Loulé, onde vendeu cautelas a "sorte grande" saía-lhe sempre espontânea e verdadeira nas quadras que ele compunha e cantava, como esta, que hoje continua a ter como muitas outras que nos deixou, todo o sentido social, tema que lhe foi muito caro e lhe deu muito da notoriedade que o distinguiu pela pureza da forma e do estilo.

                                                       Vós que lá, do vosso império
 Prometeis um mundo novo,
 Calai-vos que pode o povo
 Querer um mundo novo, a sério!

Honra à memória deste vate popular que encheu as ruas de Loulé - e o café Calcinha - da sua arte poética que teve o condão de ultrapassar o tempo que lhe foi dado viver, nos seus curtos cinquenta anos, em que puro e leal fez das suas quadras, aqui e ali - sempre bem construídas - "aríetes" pacíficos, mas cheios de crítica social, virados contra uma sociedade que no seu tempo, como hoje, esquece quem a "apedreja" daquele modo, tenha ou não tenha razão.

Esta quadra é um desses "aríetes" pacíficos que deviam fazer pensar todos os homens que têm tido a governação de Portugal, antes e depois do 25 de Abril, porque tarda por demais o mundo novo a que António Aleixo alude, tantas vezes anunciado e outras tantas vezes omitido.

À semelhança de outros, também António Aleixo teve a  razão do seu lado para além do seu próprio tempo.
Honremos a sua honrada memória!

Quem tem razão?

www. sapo.pt de 22 de Novembro de 2017
ECO - Economia Online de 22 de Novembro de 2017
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Quem tem razão?
O sempre sorridente Ministro das Finanças de Portugal, Mário Centeno - com a cobertura indispensável do seu primeiro-ministro - ou estes senhores da Comissão Europeia?
Alvitro que sejam os senhores de Bruxelas que, por fim, terão de deixar passar o Orçamento de Portugal para 2018... mas, como está, ou com as emendas que eles, pelo que dizem, o Orçamento precisa para cumprir as metas propostas e onde, as pensões, saúde e empresas públicas constituem problemas.

Pois é.

Por cá, também se julga assim, mas o que se não diz às escâncaras é que todos esses problemas resultam de não termos crescido o suficiente na economia caseira e, mesmo assim, ter-se dado, por demais - por ser necessário à manutenção no Poder deste governo coxo que assenta em duas pernas da tripeça muito reivindicativas - do quanto pior, melhor - e num primeiro-ministro que se deixou, até agora, manietar por demais aos seus dois parceiros de um "arranjo" governativo que existiu descaradamente no século XIX, nos tempos da Monarquia Constitucional, e não devia ter existido agora, na primeira vintena do século XXI.

Quando é que António Costa "acorda" e se legitima - maioritariamente -  perante o povo?

A austeridade, afinal, não acabou!


in, jornal online "Observador" de 21 de Novembro de 2017
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Todos nos lembramos - e não esquecemos - a afirmação de António Costa antes da eleições de 4 de Outubro de 2015, que era preciso "virar a página da austeridade" e, certamente, muitos portugueses ficaram desconfiados.

Vê-se, agora, que passaram as eleições autárquicas de 1 de Outubro de 2017, que afinal, a austeridade é para continuar, porque segundo a sua opinião "Tudo para todos já" é uma ilusão, indo a correr atrás, e logo a seguir, à mesma ideia expendida pelo Chefe do Estado que lhe deu cobertura.

Era de esperar que "aberta a caixa de Pandora" com os professores as outras classes da função pública viriam a seguir, pedir o mesmo tratamento, pelo que, neste momento há que reter uma frase sua - da qual o Chefe do estado já tinha chamado a atenção - "Portugal não pode sacrificar tudo o que conseguiu do ponto de vista da estabilidade financeira", faltando, apenas, dizer que esta estabilidade financeira é obra do governo de Passos Coelho a quem ele "passou a perna".

http://www.cmjornal.pt

Muito bem!

Eu aplaudo, com a ressalva de António Costa ter dito isto em Tunes, na Tunísia, no final do Fórum Luso-Tunisino, quando melhor seria era que o tivesse dito cá dentro. Teria - a meu ver - sido mais limpo, dizer aos portugueses que a ilusão acabou.
Nós sabíamos, senhor António Costa que a ilusão ia acabar... mas foi depressa demais!